COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

O tesão de acordar com tesão

Não é pra todo mundo, mas tudo bem.

Monica Moura / Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 29/08/2023 às 11h44
Monica Moura, Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

"E ele ainda teve a coragem de falar que só lamenta por quem não conheceu esse prazer", disse Mariana no meio da sessão. Indignada com o namorado há meses, finalmente encontrou um espaço para desabafar sem julgamento o que a deixou angustiada. Percebemos depois que nem ela sabia mensurar o impacto das palavras de Lucas, seu namorado, numa despretensiosa manhã de um sábado qualquer.

Eles tinham saído na noite anterior. Álcool, comida, música, romance. Tudo dentro do script do namoro. Muita conversa, algumas eram bobas, outras mais profundas… carinhos, olhares, caras, bocas, tesão, quarto, cama, calor, orgasmo. Não sei se todos ainda lembram, mas namoro geralmente tem dessas coisas, rs.

Mariana e Lucas estavam se conhecendo. "Namoro recente carrega um gostinho de urgência misturado com a vontade de congelar e guardar em um potinho", e eu concordo com Mariana. É natural querer saber tudo um do outro, mas também é comum a gente tentar guardar um pouquinho de mistério pra ir soltando aos poucos o que for pertinente no momento.

O sexo entre eles estava nesse processo.

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Naquela manhã de sábado, Lucas quis transar ao acordar. Nos dois meses iniciais de namoro, esse comportamento era praxe. Mariana geralmente preferia acordar com calma, tomar banho, café… e só depois o sexo era bem-vindo. Mas como era começo, ela se esforçava um pouco pra entrar no clima e ver no que dava. Às vezes dava certo, outras vezes não. Certa vez, incomodada com a falta de lubrificação e a insistência do Lucas (ainda de olhos fechados), ela gentilmente falou "Amor, eu prefiro que a gente espere um pouquinho mais. Não estou conseguindo acompanhar o teu ritmo de acordar sendo penetrada". E foi quando a casa caiu. A resposta do Lucas a essa recusa da Mariana desandou completamente o relacionamento deles. Dizer que "lamenta por quem não conheceu esse prazer" despertou na Mariana sentimentos muito conflituosos. Antes de desistir do namoro e buscar terapia, ela passou por alguns percalços e mudou a essência para agradar, em silêncio. Inicialmente se sentiu inadequada, e até insistiu nas relações, mesmo sem vontade (na tentativa de mostrar que ela não tinha "defeito" nenhum). Em seguida, começou a tentar comparações com as ex-namoradas do Lucas (imaginar que elas tinham "desempenho sexual" pela manhã rebaixou ainda mais a sua autoestima). E a lista de impactos não parou por aqui. Ela se sentia diminuída, insegura e desanimada. 

O comportamento sexual individual SEMPRE vai ser diferente. As novas combinações sexuais, também, porque somos plurais.

Estar com o emocional preparado para ouvir o que o outro gosta SEM ENTENDER COMO UMA OFENSA ao nosso gostar é parte do processo. Não precisamos tentar mudar a nossa essência para atender às expectativas do outro, em silêncio. 

Mas podemos negociar o que for negociável. Peça ajuda ao sexólogo!

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