Eu já comprei verdades sobre sexo
(E você também)
Não é só na SHEIN que a gente compra coisas com base na fantasia de que vai nos servir como uma luva. Nós costumamos comprar verdades sobre sexo acreditando que vai nos atender. Eu já fiz isso. Tenho certeza de que você também já fez!
O sexo da vida real (em sua grande maioria) é avesso àquela promessa que você acreditou quando comprou o curso que ensina a manobra “goze já”, porque, do lado de cá, algumas vezes você tem uma rotina de dias extenuantes; vezes com os pares cansados; vezes com uma dor nas costas; e outras com um encurtamento muscular que impossibilita a tentativa de uma posição mais ousada.
Do lado de cá, você tremeu as coxas quando ficou por cima, ou foi o joelho que gritou ao tentar reproduzir os “agachamentos perfeitos”? Já nem lembra, né? Mas lembra que não deu certo!
Do lado de cá, o condicionamento físico não dá conta das “performances infalíveis” ensinadas nos vídeos; ou os dois têm mais gordura acumulada na barriga, e aquele “papai e mamãe com tempero diferente” não vai rolar porque não entra. Não encaixa. Mas tá tudo bem! Sabe por quê? Porque do lado de cá as pessoas são únicas mesmo. E a união sexual de vocês vai ser exclusiva, pessoal e intransferível. Do jeito que for. Do jeito que é.
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Penso na vida e naquela “lista de coisas” que alguém nos ensinou a cumprir. Fazer faculdade, pós-graduação, ter muitos amigos, viajar pelo menos uma vez por cada continente, ter um emprego altamente rentável, ter uma bela casa própria, casar, ter filhos, plantar uma árvore, escrever um livro, ter uma aposentadoria confortável. Será que todo mundo quer a mesma coisa? Será que eu realmente preciso ser viajante, se tenho um apego seguro ao colchão do meu quarto e isso não prejudica ninguém? E se em vez de CEO de uma multinacional, meu projeto agora for morar na praia vendendo a minha arte? Preciso ter muitos amigos para ser feliz ou só a Michelle já atende a minha necessidade de amiga de confissão?
Na intimidade, outra lista de coisas a pensar: ménage, swing, relacionamentos abertos com confissão, sem confissão, relações extraconjugais declaradas ou não, kama-sutra, pompoarismo, ginástica íntima, dar ou não dar abertura para o sexo no primeiro encontro, chá de sumiço, ter alto valor… não seja fácil, não seja puritana, não seja careta, não seja vulgar, não seja quem você é logo no começo (pode assustar!). É tanta verdade sobre o nosso comportamento afetivo-sexual que em algum instante você vai se perguntar “cadê eu?”.
A sensação de aprisionamento nos angustia. É como perder a chave da porta quando se quer estar do outro lado da porta. Mas qual é a porta que você quer atravessar mesmo? É vontade, curiosidade ou compulsão por compra? Eu já comprei verdades sobre o sexo. Já comprei “pacotes de satisfação” que me roubaram o prazer e agora, refletindo friamente, até questiono se foi satisfatório pro meu par também, rs. Não julgo. Apenas questiono. E convido você, leitor, a questionar também. Qual é a porta que você quer atravessar na sua vida sexual?
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