Medalhista olímpico

José Moreira, o "Codó", dá partida em CT de atletismo no Maranhão

Em outubro passado, ele recebeu o bronze dos Jogos de Pequim (2008).

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h08
Atleta maranhense José Carlos Moreira, o "Codó". (Foto: Washington Alves / COB)

MARANHÃO - Mais de 11 anos após o término das das Olimpíadas de Pequim (2008), o atleta maranhense José Carlos Moreira, o Codó, e os companheiros que disputaram na época a prova de revezamento 4 x 100 metros - Bruno Lins, Sandro Viana e Vicente Lenílson - herdaram oficialmente a medalha de bronze, numa cerimônia especial realizada no Museu Olímpico de Lausanne (Suiça), em outubro do ano passado. Nos Jogos de Pequim, os brasileiros chegaram em quarto lugar na disputa 4x100 metros, ao concluírem o percurso em 38seg24. Mas em dezembro de 2018, o COI desclassificou a equipe da Jamaica, que havia ganhado o bronze, após comprovar o caso de doping do atleta Nesta Carter. O time de Trinidad e Tobago herdou o ouro e o Japão ficou com a prata. Com mais um bronze, o Brasil passou a somar 17 pódios nos Jogos de Pequim (três ouros, quatro pratas e 10 bronzes).

Codó - o apelido surgiu em referência ao município de Codó (MA) onde o atleta nasceu - Codó conversou com exclusividade com a Agência Brasil. O alteta recordou o momento em que recebeu a medalha de bronze das mãos do ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), e também falou o projeto 'CT Maranhão/ Pé de Asa' , idealizado por ele, que pretende formar um equipe de atletismo no estado. Com a medalha de bronze herdada pela equipe brasileira de atletismo, o país passou a ter 17 pódios nos Jogos de Pequim (três ouros, quatro pratas e 10 bronzes).

Como foi a experiência de receber a medalha lá em Lausanne (Suiça)?

Codó -Foi uma emoção única. Se tornar medalhista olímpico, depois de passar por uma angústia de anos. Não foi a mesma emoção de estar subindo no pódio dentro do estádio olímpico, mas a emoção foi grande. Passaram vários filmes na cabeça. A gente vivenciou esse momento dentro do museu olímpico. Tive o prazer de vivenciar toda a história olímpica, viver aquele clima olímpico. Foi uma emoção muito boa. Sou muito grato a Deus. A organização foi espetacular. Aquele momento foi muito emocionante e foi feita a justiça com a nossa equipe. Fizemos jus de receber a medalha lá naquele museu em Lausane.

Foram mais de 11 anos de espera, né? Em algum momento, você pensou que a medalha não viria?

Codó - A espera foi muito longa. Em vários momentos, pensamos em desistir. Mas eu tinha a consciência de que a hora ia chegar. Apesar da demora de mais de 11 anos, graças a Deus, a gente pôde colocar essa medalha no peito e trazer para casa.

Você ainda mantinha contato com o Vicente Lenílson, o Sandro Viana e o Bruno Lins?

Codó - A gente sempre mantém contato. Eu, o Bruno, o Vicente e o Sandro. Pelas viagens da vida, a gente está se cruzando. Temos um grupo de whatsapp, estamos conversando e sabendo como está a vida de cada um depois do recebimento da medalha. Nunca perdemos o contato, temos uma história. A gente ficou eternizado junto na história do esporte brasileiro. Sabemos quanto tempo demorou para a concretização desse sonho. Temos um laço de união eterna.

E é legal a gente falar que a sua história no atletismo começou por acaso. Lembra para nós um pouco dela.

Codó - Em 1998, quando eu jogava futsal, acabei não classificando para os Jogos Escolares Estaduais do Maranhão (JEMs). Eu queria viajar para São Luís para participar do torneio. E um professor me avisou que eu poderia conseguir a vaga pelo atletismo. E foi aí que tudo começou. Ganhei os 100m e os 200m e me classifiquei para os JEMs. Tomei gosto pela coisa. No ano seguinte entrei na escolinha de atletismo e fui me destacando. Até que surgiu a oportunidade de me transferir para São Paulo para treinar.

E, falando agora do futuro, você está aguardando o final da pandemia para colocar em prática o teu novo projeto, o time CT Maranhão/Pé de Asa? É uma parceria com o Fernando Donatan Braga (ex-atleta e agora técnico)?

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Codó - Temos um sonho de transformar o atletismo do estado do Maranhão. Sabemos o potencial e as dificuldades que os praticantes do atletismo enfrentam aqui no estado. Muitos talentos são perdidos sem patrocínio, sem equipe. O Donantan e eu sabemos, vivenciamos muitas coisas e podemos ajudar esses jovens. Estamos aqui para somar e fazer do atletismo maranhense crescer. E que cada vez mais gente possa sair daqui e fazer história ao redor do mundo.

Serão quatro bases aí no Maranhão?

Codó - Temos alguns polos definidos [a capital São Luís, Caxias, Timon e Codó, nome da cidade natal do medalhista olímpico]. A gente quer que o projeto cresça futuramente para que outros atletas possam ter condições de participar com a gente. A ideia é de crescimento, temos apoio estadual e estamos muito felizes pelo reconhecimento.

Com os atletas profissionais que integram a equipe do projeto 'CT Maranhão/Pé de Asa' daria até para formar um time forte para um revezamento 4x100m. Tem o próprio Bruno Lins, que fazia parte daquela equipe de 2008, o Vitor Hugo, o Rodrigo Nascimento e o Flávio Gustavo, integrantes da atual equipe nacional do revezamento. Equipe de peso, hein?

Codó - A equipe muito forte. Temos alguns dos principais nomes do Brasil na atualidade. Possivelmente muitos deles estarão nos Jogos de Tóquio do ano que vem. Sou muito feliz por tê-los com a gente. Trabalhar com amigos é muito bom. Possivelmente, o time estará junto competindo o "Norte/Nordeste". Queremos mostrar que o Maranhão é uma potência no atletismo nacional.

Inclusive, o Rodrigo e o Vitor Hugo estiveram naquele título histórico do 4x100m da equipe brasileira no Mundial de Revezamentos, em maio do ano passada, no Japão. Uma geração nova e muito talentosa que tem também o Paulo André, o Derick Silva e o Jorge Vides. Meninos bons que têm tudo para fazer história na Olimpíada, né?

Codó - Os meninos foram campeões do mundo e bateram o recordes sul-americano e brasileiro do revezamento [marcas obtidas com os 37seg72 alcançados no Mundial de Doha]. Na ocasião, os brasileiros ficaram em quarto lugar, se classificaram para a Olimpíada de Tóquio e baixaram a marca que durava desde os Jogos Olímpicos de 2000 [37seg90). Tive o prazer de viajar e competir com eles. Os conheço muito bem. Eles ainda vão correr muito, têm muita história pela frente. Não falta talento, humildade e união. Confio demais em um excelente desempenho em Tóquio. Estarei torcendo e dando toda a força. O negócio é seguir firme nos treinos.

O projeto 'CT Maranhão/Pé de Asa' vai ter também outros atletas da elite do esporte nacional. Por exemplo, dois que têm, inclusive, os índices para Tóquio: Alexsandro Melo (do salto triplo) e o Eduardo de Deus (110m com barreiras). Como vai funcionar o trabalho com eles?

Codó - A ideia é fazer o mesmo trabalho de várias equipes do nosso país. Esses atletas vão seguir residindo e treinando em seus locais de origem. Eles vão competir pelo 'CT Maranhão/Pé de Asa', são contratados para fazer parte da nossa equipe.

E uma projeção para os Jogos Olímpicos? O que a gente pode esperar do esporte brasileiro lá em Tóquio?

Codó - Espero que os brasileiros possam chegar em suas melhores formas. O nosso esporte está crescendo nos últimos anos. Eu confio que o Brasil pode fazer bonito no atletismo. Vou ficar na torcida e passando muita energia positiva para todos eles.

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