Projeto SAFiel propõe transformar Corinthians em empresa com torcedores acionistas
Iniciativa prevê criação da “Invasão Fiel S/A” para gerir o futebol do clube e permitir que torcedores comprem ações e participem da administração.
SÃO PAULO - O Corinthians poderá viver uma transformação histórica em sua estrutura de gestão. Nesta terça-feira (28), foi apresentado o projeto SAFiel, proposta que pretende converter o clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), modelo em que torcedores também seriam acionistas e participariam diretamente da administração do time.
O plano prevê a criação da empresa “Invasão Fiel S/A”, uma holding que teria ações disponíveis no mercado. A intenção é captar recursos para quitar dívidas, modernizar o clube e profissionalizar a gestão do futebol alvinegro.
Torcedores como sócios e investidores
De acordo com o projeto, o modelo SAFiel é uma fusão entre o clube social e uma empresa de capital aberto. Torcedores que participam do programa Fiel Torcedor poderão comprar ações e ter direito a voto na administração da SAF, enquanto investidores institucionais teriam cotas sem poder de decisão.
“O foco do projeto é a transparência para transformar o Corinthians. Queremos quitar as dívidas, o estádio e colocar o torcedor no centro de tudo, evitando que o clube seja dominado por interesses particulares”, explicou Carlos Teixeira, empresário e um dos idealizadores do SAFiel.
A proposta estabelece um limite de 1,8% de poder de voto por acionista, mesmo que o investidor possua participação maior. O objetivo é impedir o controle concentrado por parte de grupos econômicos e preservar o caráter popular do clube.
Estrutura e metas financeiras
O projeto prevê que a SAF do Corinthians detenha todos os direitos do futebol masculino, feminino e das categorias de base, separando essas áreas do clube social.
A Invasão Fiel S/A pretende captar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões, valores que seriam destinados a:
Quitar as dívidas do clube, estimadas em cerca de R$ 2,7 bilhões;
Saldar os débitos referentes à Neo Química Arena;
Modernizar o Centro de Treinamento e construir um novo espaço para as categorias de base;
Reforçar o elenco profissional e investir em infraestrutura, governança e compliance.
Modelo de gestão profissional
A administração da SAFiel seria conduzida por executivos profissionais, contratados e avaliados de acordo com metas de desempenho. O sistema contaria com auditorias independentes e mecanismos de transparência e cobrança de resultados.
“A SAFiel nasce com o propósito de ajudar o Corinthians a reencontrar seu caminho, sem perder sua alma popular. Não temos interesse econômico ou político. Somos apenas corintianos”, afirmou Carlos Teixeira durante o evento de apresentação.
Divergências internas no clube
Na segunda-feira (27), um grupo de conselheiros do Corinthians apresentou outra proposta de reforma estatutária, que também abre caminho para a criação de uma SAF. No entanto, os idealizadores da SAFiel consideram os projetos antagônicos.
Segundo eles, o plano apresentado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, não detalha como as dívidas seriam pagas e não contempla a participação dos torcedores como acionistas. Além disso, os criadores da SAFiel alegam dificuldade de diálogo com a atual gestão do clube.
Próximos passos
O projeto SAFiel ainda será avaliado internamente por lideranças políticas do Corinthians e depende de mudanças no estatuto para ser viabilizado. Caso aprovado, o modelo transformaria o Timão em uma das primeiras SAFs do país com participação direta da torcida na governança.
Com o Corinthians enfrentando dívidas bilionárias e crise administrativa, o SAFiel surge como uma proposta de reestruturação financeira e democratização da gestão, buscando recuperar a credibilidade do clube junto a investidores e torcedores.
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