Esporte

Ana Marcela Cunha e Isaquias Queiroz vencem o Prêmio Brasil Olímpico 2018

Nadadora e canoísta foram consagrados em premiação.

Imirante Esporte, com informações do COB

Atualizada em 27/03/2022 às 11h15
A nadadora Ana Marcela Cunha e o canoísta Isaquias Queiroz. (Alexandre Loureiro / Exemplus / COB)

RIO DE JANEIRO - Uma verdadeira celebração do passado, para inspirar o presente e motivar novas conquistas no futuro. Assim pode ser definida a 20ª edição do Prêmio Brasil Olímpico (PBO), realizada nesta terça, dia 18, no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro. A festa de gala organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) coroou a nadadora Ana Marcela Cunha, tetracampeã do Circuito Mundial, e o canoísta Isaquias Queiroz, campeão mundial nas provas C1 500m e C2 500m como os Melhores Atletas do Ano em 2018. Durante a cerimônia, foram relembrados grandes momentos do Time Brasil ao longo dos últimos 20 anos, tempo em que o PBO é realizado, e homenageados nomes históricos do esporte brasileiro.

“Estamos hoje reunidos para celebrar a 20ª edição do Prêmio Brasil Olímpico, um momento muito simbólico para nós. Não apenas para homenagear os principais resultados dos atletas brasileiros em 2018, como para lembrar das grandes conquistas das últimas duas décadas e que seguem inspirando a todos nós. É a partir desses exemplos que construiremos o nosso futuro. Um futuro que precisa ser escrito a cada dia, com coragem e vontade de vencer. Com vontade de se reinventar sempre”, disse Paulo Wanderley, presidente do COB, em seu discurso.

A escolha dos vencedores do Troféu de Melhor Atleta do Ano foi realizada por um júri formado por jornalistas, dirigentes, ex-atletas e personalidades do esporte. Além dos vencedores, concorreram ao troféu de melhor do ano Ana Sátila (canoagem slalom) e Marta (futebol), no feminino, e Gabriel Medina (surfe) e Pedro Barros (skate), no masculino.

Em 2018, Ana Marcela Cunha conquistou o tetracampeonato do Circuito Mundial de Maratonas Aquáticas. Ao longo do ano, a baiana de 26 anos venceu duas etapas da competição, em Belafontured, na Hungria, e em St Lac Jean, no Canadá; além de um segundo lugar na etapa de Victoria, em Seychelles; e duas provas como terceiro em Chun’an, na China, e em Abu Dhabi. Antes, Ana Marcela já havia vencido nas temporadas de 2010, 2012 e 2014. Vencedora do Prêmio Brasil Olímpico de Melhor Atleta do Ano em 2016, Ana Marcela ainda dominou o Campeonato Sul-americano com três medalhas de ouro e garantiu a vaga do Brasil nos Jogos Pan-americanos Lima 2019.

“Achei que dessa vez, concorrendo com a Marta e a Ana Sátila eu não fosse levar. Mas isso não quer dizer que eu sou a melhor. Acho que todo mundo que chegou como o melhor da sua modalidade merece esse prêmio. Essa é a minha segunda conquistando o PBO e estou muito feliz de estar aqui de novo. Obrigada”, disse Ana Marcela, que esse ano passou a morar no Rio de Janeiro, em um projeto do COB para ela e seu técnico Fernando Possenti, que também foi premiado no PBO.

Vencedor do Prêmio Brasil Olímpico de Melhor Atleta do Ano em 2015 e 2016, o baiano Isaquias Queiroz chegou ao tri com um grande desempenho em 2018. Na principal competição do ano, o pupilo de Jesus Morlán, que faleceu em novembro, conquistou mais três medalhas em Campeonatos Mundiais, chegando a dez na história da competição. Em Montemor-o-Velho, Portugal, conquistou o ouro no C1 500m e no C2 500 metros, ao lado de Erlon Souza, e o bronze na prova olímpica de C1 1000m.

“Agradeço ao COB e a todos que votaram. Competir com atletas como Gabriel Medina e Pedro Barros é uma honra. Foi um ano de muitas conquistas, mas também de muita perda. Vocês estão me vendo aqui, e muitas vezes as pessoas só vêem o atleta, mas não sabem a organização que está por trás. Perdemos há um mês o nosso treinador, Jesus Morlán. Um cara que, sem ele, eu não teria os resultados que consegui na minha carreira. Ele levantou a canoagem brasileira. Agradeço a toda minha equipe e a todos que me apoiaram até aqui”, ressaltou Isaquias, que seguirá treinando em Lagoa Santa, no projeto idealizado por Jesus Morlán e apoiado pelo COB.

O voto popular deu a Henrique Avancini o prêmio de Atleta da Torcida. O ciclista teve 73,5% dos votos. Nascido em Petrópolis (RJ), Henrique Avancini fez de 2018 seu melhor ano desde que começou a pedalar, duas décadas atrás. Em agosto, entrou para a história ao conquistar o título mundial de mountain bike maratona. Também conseguiu o segundo posto no ranking masculino de mountain bike da União Ciclística Internacional (UCI) e o 4º lugar geral do campeonato mundial de Cross-Country (XCO), a modalidade olímpica do esporte – três feitos inéditos na história do ciclismo brasileiro. em outubro, ganhou mais uma edição da ultramaratona Brasil Ride, na Bahia, coroando um ano espetacular.

“Esse momento é super especial para mim. Vai muito além do reconhecimento de uma conquista pessoal ou de um título meu. Acho que esse momento mostra a força da comunidade da bicicleta no Brasil. Então, isso para mim tem um significado enorme. Desde que eu comecei no esporte, a bicicleta gerou tantas coisas boas na minha vida. Não quero dizer que o meu esporte seja melhor que o das outras feras aqui, mas preciso ressaltar a importância e a força da comunidade da bicicleta no nosso país. Obrigado!”, agradeceu Avancini.

Além dele, concorreram ao Atleta da Torcida: Ágatha e Duda (vôlei de praia), Arthur Zanetti (ginástica artística), Bruno Fratus (natação), Bruno Rezende (vôlei), Eduarda Amorim (handebol), Érika Miranda (judô), Gabriel Medina (surfe), Henrique Avancini (ciclismo mountain bike), Letícia Bufoni (skate) e Marta (futebol).

Um dos pontos altos da cerimônia foi a entrega do Troféu COI para o técnico de judô Geraldo Bernardes. Em 2018, a premiação teve o tema “Olimpismo em ação”, destinado a pessoas que tenham promovido a atividade física, a educação e o desenvolvimento por meio do esporte, a igualdade de gêneros e a ajuda aos refugiados por meio do esporte. O mentor Rafaela Silva, campeã olímpica na Rio 2016, e de Flávio Canto, bronze em Atenas 2004, foi um dos fundadores do Instituto Reação que já atendeu mais de 10 mil crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, e orientou os judocas refugiados, Yolande Bikasa e Popole Misenga, tanto no clube quanto nos Jogos Rio 2016.

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“Conquistar esse prêmio é uma honra muito grande, além de uma grande emoção. Preciso agradecer ao Paulo Wanderley, ao presidente do COI, Thomas Bach, que me deu a honra de ser o técnico da equipe de Refugiados nos Jogos Rio 2016, e me permitiu participar da minha quinta edição dos Jogos Olímpicos. Agradecer também à minha esposa e a todos os meus companheiros do Instituto Reação. Esse prêmio é do pessoal do Reação também”, garantiu Bernardes.

Além de Geraldo, um dos treinadores brasileiros mais vitoriosos da história, o COB também recordou o legado de dois grandes líderes, falecidos recentemente, durante o PBO 2018. O Troféu de Melhor Técnico Individual se chamou Troféu Jesus Morlán e foi entregue a Fernando Possenti, técnico de Ana Marcela Cunha, ouro na Copa do Mundo de Maratona Aquática em 2018, pelos canoístas Isaquias Queiroz e Erlon Souza.
Já o Troféu de Melhor Técnico de Esportes Coletivos foi nomeado Troféu Bebeto de Freitas. Renan Dal Zotto, comandante da seleção masculina de vôlei vice-campeã mundial na temporada, recebeu o troféu das mãos de Jorge Barros, o Jorjão, auxiliar técnico de Bebeto durante grande parte de sua carreira.

“É um orgulho e uma emoção muito grande estar aqui nesse evento, que se transforma em um Templo do esporte brasileiro. Preciso agradecer a cada atleta, cada jogador que acreditou no nosso trabalho, nas longas e cansativas viagens, cada membro da comissão técnica e de toda equipe multidisciplinar. E, nesse momento, quero deixar um registro forte, que a pessoa que mais me preparou para ser jogador foi o Bebeto de Freitas. Muito obrigado por esse prêmio”, ressaltou Renan.

Como já é tradição, um dos momentos mais emocionantes do PBO 2018, foi a entrega do Troféu Adhemar Ferreira da Silva a Jackie Silva, do vôlei de praia. Primeira medalhista olímpica do esporte feminino brasileiro, com o ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta 96, ao lado de Sandra Pires, a levantadora titular da seleção nos Jogos de Moscou 1980 e Los Angeles 1984 foi homenageada por representar valores como coragem, espírito de liderança e eficiência.

“Quero falar o quanto estou honrada e feliz. Esse prêmio é um reconhecimento do que os atletas fazem pelo nosso país. Muitos atletas já ganharam, e esse é o reconhecimento da minha história no voleibol. Esse prêmio é um símbolo de mudança para o esporte nacional, de uma nova era do COB. Tudo que aconteceu antes não era em causa própria. Era uma luta pelo direito das mulheres. Hoje, o que quero pedir, é que, daqui em diante, nenhuma mulher passe por isso”, disse Jackie Silva, que atualmente se dedica à preparação de novos atletas de alto rendimento em sua escolinha e a um projeto social em um CIEP de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio.

O COB também entregou estatuetas para os melhores atletas dos Jogos Escolares da Juventude 2018, que foram realizados em Natal, em novembro. Na etapa 12 a 14 anos, foram escolhidos Giulia Takahashi, do Tênis de Mesa, e Luan Gomes, do Badminton. Na etapa 15 a 17 anos, os premiados foram João Paulo Silva, da Natação, e Thayane Lemos, do Judô.

O PBO 2018 fez ainda uma homenagem aos medalhistas nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018 e premiou os melhores do ano em 51 modalidades olímpicas.

As celebrações ao passado de glórias começaram ainda antes da cerimônia com o lançamento do Hall da Fama do COB, homenageando personagens que contribuíram de maneira marcante com o esporte olímpico brasileiro, promovendo o olimpismo e inspirando novas gerações. O Hall da Fama foi lançado em grande estilo. Os primeiros atletas a deixarem suas marcas eternizadas foram Torben Grael (vela), dono de cinco medalhas olímpicas; a dupla Sandra Pires e Jackie Silva (vôlei de praia), primeiras mulheres brasileiras a ganharem ouro nos Jogos; e Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo), único brasileiro a receber a medalha Pierre de Coubertin, maior honraria do Comitê Olímpico Internacional.

Conheça os vencedores em cada modalidade do Prêmio Brasil Olímpico 2018:

Atletismo: Darlan Romani
Badminton: Ygor Coelho
Basquete: Yago Mateus
Basquete 3x3: Luiz Felipe Soriani
Beisebol: Felipe Burin
Boxe: Beatriz Ferreira
Canoagem Slalom: Ana Sátila
Canoagem Velocidade: Isaquias Queiroz
Ciclismo BMX (Freestyle): Leandro Neto
Ciclismo BMX (Racing): Anderson Ezequiel de Souza Filho (Andinho)
Ciclismo Estrada: Vinicius Rangel Costa
Ciclismo Mountain Bike: Henrique Avancini
Ciclismo Pista: Kacio Fonseca da Silva Freitas
Desportos na Neve: Jaqueline Mourão
Desportos no Gelo: Isadora Williams
Escalada Esportiva: Thais Makino Shiraiwa
Esgrima: Alexandre Camargo
Futebol: Marta Silva
Ginástica Artística: Arthur Zanetti
Ginástica Trampolim: Camilla Gomes
Ginástica Rítmica: Natália Gaudio
Golfe: Luiza Altmann
Handebol: Eduarda Amorim
Hipismo adestramento: João Victor Oliva
Hipismo CCE: Márcio Carvalho Jorge
Hipismo saltos: Pedro Veniss
Hóquei sobre grama: Rodrigo Faustino
Judô: Érika Miranda
Karatê: Vinicius Figueira
Levantamento de pesos: Fernando Saraiva Reis
Maratona Aquática: Ana Marcela Cunha
Nado Artístico: Maria Clara Lobo
Natação: Revezamento (Pedro Spajari /Gabriel Santos/Marcelo Chierighini/Marco Antonio Ferreira Junior)
Pentatlo moderno: Maria Iêda Guimarães
Polo Aquático: Gustavo Guimarães
Remo: Uncas Tales Batista
Rugby: Bianca dos Santos Silva
Saltos Ornamentais: Ingrid de Oliveira
Skate: Pedro Barros
Softbol: Fernanda Ayumi Missaki
Surfe: Gabriel Medina
Taekwondo: Edival Pontes (Netinho)
Tênis: Marcelo Melo
Tênis de mesa: Hugo Calderano
Tiro com arco: Marcus Vinícius D´Almeida
Tiro esportivo: Julio Almeida
Triatlo: Manoel Messias
Vela: Martine Grael e Kahena Kunze
Vôlei: Douglas Souza
Vôlei de praia: Agatha Bednarczuk / Duda Lisboa
Wrestling: Laís Nunes

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