MUNDO - Quando um filme arrecada US$ 1 bilhão, a lógica comum diz que a continuação deve vir logo em seguida. Mas, enquanto outras animações da Disney ganharam sequências em poucos anos, como “Moana”, lançada em 2016 e retomada em 2024 ,“Zootopia 2” levou quase uma década para chegar aos cinemas. E isso não aconteceu por falta de interesse dos criadores.
Segundo os diretores Jared Bush e Byron Howard, o principal motivo para o hiato foi simples: eles estavam ocupados terminando outro fenômeno mundial “Encanto”. “Queríamos voltar para ‘Zootopia’, mas precisávamos encerrar ‘Encanto’ direito”, contou Bush ao g1. Ele, Howard e a produtora Yvett Merino lideraram tanto o musical vencedor do Oscar quanto a continuação da franquia dos animais antropomorfizados.
Bush lembra que animações do porte de “Zootopia” levam de quatro a seis anos para serem produzidas. Com “Encanto” consumindo o ciclo completo, o retorno à cidade dos mamíferos ficou inevitavelmente para depois. “Sou grato pelo tempo que tivemos. A história que queríamos contar talvez não desse o mesmo filme cinco anos atrás”, afirma o diretor criativo da Disney Animation.
O processo de criação moldou uma história mais madura
Ao longo da conversa, os diretores deixam claro que a sequência só existe como deveria porque demorou. A intenção sempre foi aprofundar a relação entre a coelha Judy Hopps e o raposo Nick Wilde, agora parceiros consolidados e, ao mesmo tempo, tão diferentes quanto nunca.
A dupla sonhava em revisitar temas apresentados no primeiro filme, como preconceito e estereótipos, mas sob uma nova chave: o desafio de duas personalidades distintas funcionarem juntas a longo prazo. “É disso que o filme trata”, resume Bush.
Howard completa dizendo que o tema reflete a própria equipe da Disney Animation, dividida entre os estúdios de Burbank e Vancouver, mas funcionando como um só organismo. “As diferenças nos tornam um grupo forte. Sem isso, tudo desmoronaria”, diz.
A produtora Yvett Merino reforça que o núcleo emocional sempre esteve na relação entre os protagonistas e como a chegada de novos personagens testa esse vínculo.
Zootopia 2 traz uma metáfora que nasceu de um rabisco
Uma das principais novidades de “Zootopia 2” é a introdução dos répteis na cidade dominada por mamíferos. A escolha pode parecer comentário direto sobre imigração e convivência entre grupos diferentes e, de certa forma, é. Mas a ideia surgiu de maneira quase acidental.
Bush conta que ainda durante a produção de “Encanto”, desenhou no bloquinho um “Zootopia 2” cujo número 2 era… uma cobra. A imagem serviu de gatilho para desenvolver uma trama em que novos habitantes chegam a um lugar que não sabe lidar com eles, um espelho da forma como sociedades reagem a diferenças há séculos.
“Quando encontramos alguém diferente, nossa primeira reação muitas vezes é desconfiar. Queríamos perguntar: isso ajuda alguém? E se víssemos essas diferenças como benefícios?”, explica.
O filme também aposta em um início aparentemente previsível, um truque calculado para fazer o espectador baixar a guarda. Os diretores queriam que o público sentisse que sabia exatamente para onde a história caminhava, apenas para ser surpreendido com mudanças de tom, viradas e reviravoltas que aprofundam os laços entre os personagens.
“Queríamos criar essa falsa segurança para depois começar a mexer em tudo”, diz Bush. O mistério funciona como pano de fundo, mas a estrela do filme sempre foi a jornada emocional entre Nick e Judy.
Por que o Prefeito de Zootopia tinha que ser um cavalo?
Escolher qual animal combina com cada personagem é, segundo a equipe, uma das partes mais divertidas e muitas vezes imprevisíveis. Howard lembra que o prefeito-cavalo, por exemplo, não foi ideia dele nem de Bush, mas de uma designer que apresentou o conceito de um ex-astro de ação bombado. “Vimos e pensamos: ‘Ok, ele precisa estar no filme’”, conta.
Yvett Merino diz que esse é o tipo de magia própria da animação: design, voz e personalidade se encaixam organicamente até que o personagem “clique”.
No fim, os criadores concordam que “Zootopia 2” só existe como é porque demorou o que precisava demorar. O tempo permitiu maturidade criativa, evolução emocional dos personagens e ousadia em temas que dialogam profundamente com o mundo atual.
Depois de quase dez anos, a Disney retorna a uma de suas cidades mais queridas com uma história sobre diversidade, parceria, coragem e o poder transformador das diferenças.
Veja trailer de Zootopia 2
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