Resistência e tradições

Tradição e ancestralidade: estética afro impulsiona pequenos negócios no Maranhão

Empreendedoras maranhenses mostram como ancestralidade, identidade e autoestima movimentam a economia criativa do estado.

Imirante.com, com informações da assessoria

Atualizada em 20/11/2025 às 19h00
Tradição e ancestralidade: estética afro impulsiona pequenos negócios no Maranhão. (Foto: Divulgação/Sebrae Maranhão)

MARANHÃO - A identidade cultural do povo negro é reflexo da resistência de tradições historicamente marginalizadas e reprimidas. No Maranhão, esse movimento tem ganhado força com negócios que resgatam tradições africanas, fortalecem a identidade negra e transformam autoestima em ferramenta de trabalho e renda.

Segundo dados do Sebrae, mais de 16 milhões de donos de negócios no país são pessoas negras, número que representa crescimento de 22,1% em uma década. No Nordeste, o Maranhão se destaca: 16,5% da população negra empreende, maior taxa da região.

Entre esses empreendedores estão Neide Baldez e Rosilda Melo, duas maranhenses que transformam ancestralidade em oportunidade econômica e impacto social.

Da identidade pessoal ao negócio

Neide Baldez é proprietária da Tok Africano, loja de acessórios afro que aposta em produtos como brincos, faixas, bolsas e turbantes feitos com tecidos autênticos e estampas exclusivas. A origem do negócio é tão singular quanto os itens que comercializa.

O processo de autoconhecimento como mulher negra a impulsionou a buscar elementos que representassem suas raízes. “A Tok Africano nasceu da minha história, mas se tornou um espaço de acolhimento e orgulho para muitas outras pessoas”, disse.

Os acessórios afro vão além da estética: ajudam pessoas negras a ocuparem espaços com mais orgulho e autenticidade. (Foto: Divulgação/Sebrae Maranhão)

"Para muitas clientes, usar um turbante, um brinco ou uma estampa africana é um ato emocional: é se ver bonita, pertencente e respeitada. Eu sempre digo que cada peça da Tok Africano carrega cuidado, representatividade e resistência. E quando a cliente veste, ela completa essa narrativa com a própria história dela”, afirmou Baldez.

Hoje, a Tok Africano é ponto de referência para quem busca não apenas acessórios, mas identidade, representatividade e força cultural.

Assim como Neide, a empreendedora Rosilda Melo também trabalha com o fortalecimento da autoestima de pessoas negras, mas em um segmento diferente: o de beleza capilar. Trancista, Rosilda mantém vivo um estilo que perdura há milênios como representação de memória e resistência.

Para muitas clientes, sentar em sua cadeira significa reconectar-se com a própria história e com a ancestralidade que por tanto tempo foi apagada ou reprimida.

“O que mais me gratifica na minha profissão é trabalhar autoestima. Elevar a autoestima não só de jovens que chegam para fazer tranças, mas de muitas mulheres que não conseguem enxergar a própria beleza e a beleza dos seus cabelos. Ver como elas se olham depois que finalizo uma técnica é muito especial, porque meu trabalho não é só sobre estética. É sobre cuidado, identidade e valorização”, enfatizou Rosilda.

Economia criativa afro

No Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quinta-feira (20), empreendedoras como Neide e Rosilda mostram como a estética afro se transforma em resistência e geração de renda, fortalecendo a economia local de forma consistente e sustentável. 

Reijane Almeida, coordenadora do programa Plural do Sebrae no Maranhão, estratégia que estimula o empreendedorismo entre grupos historicamente sub-representados, explica que os pequenos negócios afro representam uma força estratégica para o desenvolvimento econômico e social do país.

“No campo da estética e da identidade, iniciativas como o trabalho de trancistas, designers e criadoras de acessórios afro representam muito mais do que produtos ou serviços. Elas afirmam cultura, pertencimento e protagonismo. São negócios que resgatam narrativas, valorizam a ancestralidade e constroem autoestima, especialmente para a juventude negra”, destacou.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.