Com composição de Mestre Humberto Maracanã, a carioca Dora Motta lança o EP "Casa"
Um dos destaques do EP é a faixa “Quando Eu Voltar Serei Dois”, do maranhense Mestre Humberto Maracanã, figura central do Boi de Maracanã, uma das mais importantes manifestações da cultura popular maranhense.
Abra a porta, tire os sapatos e sinta o aconchego no primeiro EP da carioca Dora Motta: "Casa", que chega às plataformas de música no dia 1º de outubro. Produzido por Dudu Rezende, "Casa" é um mosaico de brasilidades, em que o forró, o boi, o coco, o samba e a MPB se encontram em arranjos cheios de afeto. Um dos destaques do EP é a faixa “Quando Eu Voltar Serei Dois”, do maranhense Mestre Humberto Maracanã, figura central do Boi de Maracanã, uma das mais importantes manifestações da cultura popular maranhense.
O pandeirão de Cacau Amaral, mestre maranhense de Boi e Tambor de Crioula, e a percussão delicada de Pablo Carvalho, percussionista que há anos compartilha caminhos musicais com Dora, conduzem essa faixa minimalista, que faz refletir sobre as presenças que permanecem, mesmo quando se transformam.
O trabalho ainda reúne composições de Rafael Lorga, Moyseis Marques, Luiz Antonio Simas e do paraibano Chico Limeira, com participações de músicos como Kiko Horta (sanfona), Matheus Camará (violão de sete cordas), Negadeza e Pablo Carvalho (percussões) e Cacau Amaral (pandeirão), e foi viabilizado graças ao apoio de 320 colaboradores por meio de um financiamento coletivo. Em sua sonoridade, “Casa” privilegia instrumentos acústicos e timbres que remetem à música de raiz, criando uma paisagem sonora intimista e festiva.
"Casa" nasceu como um projeto de acolhimento, mas ao longo de sua gestação se tornou também um território de elaboração do luto e de celebração da memória, especialmente a do pai de Dora, que faleceu durante o processo de produção do EP, trazendo um novo significado para o projeto da artista:
“Sempre fui muito caseira, muito ligada à minha família. Nosso pequeno núcleo, formado por mim, meu pai, minha mãe e meu irmão, sempre foi de muita parceria e proximidade. O tema da casa já me convocava há tempos. Durante a produção, esse lugar de aconchego se entrelaçou com outras camadas: a da memória e, inevitavelmente, a da morte. Quem acompanha alguém nesse processo sabe que a saudade chega antes mesmo da partida”, conta.
Esse vínculo aparece também na capa do EP: Dora é retratada tocando o bambutino, instrumento inventado pelo pai, apelidado de Tino. Todas as músicas do álbum trazem sua sonoridade nos arranjos, costurando a presença dele em cada faixa.
A concepção visual do projeto é outro capítulo especial: a capa nasceu do diálogo entre diferentes artistas mulheres. Inspirada em uma tatuagem criada por Isabel Svoboda, Ágatha La Piedra desenvolveu a casa de papel machê que aparece na imagem. O clique é da fotógrafa Marcella Saraceni, com design gráfico assinado por Iramaya Rocha. A partir dessa mesma referência, a artista Juliana Moreno vem criando pequenas casas de cerâmica que dialogam com o disco.
Mesmo com esse pano de fundo, Dora não quis que o EP fosse marcado apenas pela dor.
“Não queria cair numa carga dramática. Voltei com ainda mais vontade de cantar essa memória, de botar essa saudade pra dançar. E gosto muito dessa expressão: uma saudade que dança. Porque meu pai foi um brincante. Cantar essas músicas agora é uma forma de continuar dançando com ele”, diz a artista, que tem como referências musicais Geraldo Azevedo, Fagner, Pietá, Dominguinhos, Maria Bethânia, Glória Bonfim e Roque Ferreira.
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