Evento gratuito

Espetáculo 'Eu Capitu' será apresentado em São Luís

Peça estará em cartaz nos dias 21, 22 e 23 de agosto, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton.

Evandro Júnior / Na Mira

Trecho do espetáculo 'Eu Capitu' (Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS - Completando 125 de sua primeira publicação, o clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis, terá uma releitura encenada na capital maranhense, na peça ‘Eu Capitu’. Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, o espetáculo visa dar voz às mulheres e traz à cena a história a partir da visão de Ana, uma menina prestes a entrar na adolescência, que vivencia o fim do relacionamento abusivo da mãe.

Em São Luís pela primeira vez, 'Eu Capitu” terá apresentações nos dias 21, 22 e 23 de agosto, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton, na Avenida dos Holandeses. No dia 21, a sessão será exclusiva para estudantes da rede pública de ensino, às 15h. E nos dias 22, às 20h, e 23, às 19h, serão apresentações abertas ao público e gratuitas. 

No sábado (23), a sessão será acessível com recurso de audiodescrição, para pessoas com deficiência visual, e tradução em Libras, para pessoas com deficiência auditiva. A retirada de ingressos será pela plataforma Sympla. 

O espetáculo vem como forma de alertar sobre o aumento nos casos de feminicídio, já que o Maranhão é uma das unidades da federação com o maior número de mortes de mulheres por questões de gênero, de acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

Em 2024, o Maranhão teve um aumento de 99,7% em atendimentos realizados na Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, dado que revela também o crescimento no número de mulheres vítimas de violência.

Para trazer a reflexão sobre esse tema, a obra lança mão de um olhar fantástico e atual para unir a ficção em cena à dura realidade das mulheres vítimas de violência.

“Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica com a criação de um universo simbólico e metafórico”, resume Carla Faour, que chama a atenção pelo fato de a peça dar voz a mulheres em um mundo que tem a narrativa masculina, seja na política, nas artes, na história ou nas famílias.

A peça já foi apresentada em Brasília, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, com lotação máxima, e depois de São Luís segue para Rio Branco, Porto Velho, Salvador, Fortaleza e Manaus.

Olhar feminino 

Em ‘Eu Capitu’, a menina Ana, interpretada pela atriz Mika Makino, tem por hábito se isolar em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, representada pela atriz Flavia Pyramo, vive um relacionamento abusivo com o marido. A tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina que precisa tirar boas notas em Literatura para não repetir o ano. A prova final vai ser baseada na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente a menina que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua vida.

Em seu refúgio fantástico, Ana começa a misturar ficção com realidade e recebe a visita de uma mulher misteriosa, que tem o rosto parecido ao de sua mãe. Aos poucos descobrimos que esta mulher é Capitu, a personagem ícone da obra Machadiana. Nesses encontros, Ana dá voz àquela mulher que só conhecemos através do olhar masculino. A improvável ligação entre elas serve à menina, que está entrando na adolescência, como um rito de passagem para o universo feminino adulto, em que ela começa a entender o que significa ser mulher em um mundo narrado por homens.

 

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