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Pergentino Holanda
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Pergentino Holanda

PH: José Aparecido Valadão na França

E mais: Por que a guerra deve preocupar os brasileiros?

PH

Atualizada em 23/06/2025 às 12h30
José Aparecido Valadão e Cida

Mais famoso especialista em cirurgia bariátrica no Maranhão, o médico José Aparecido Valadão foi convidado para participar, no mês de julho, de uma mesa redonda na França para exposição de uma técnica desenvolvida no Brasil e da qual ele participou. Na foto, Valadão e a esposa Cida, que fim de semana comemoravam a chegada de mais um neto, Davi, segundo filho de seu filho Gustavo e Luciana

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Como o mundo chegou a essa guerra?

EUA e Irã, país atacado com a mais potente bomba americana – com exceção das nucleares –, nem sempre foram inimigos. O ponto de inflexão foi a Revolução Islâmica, em 1979, quando o xá Mohammad Reza Pahlavi, aliado estratégico do Ocidente, foi deposto por uma revolta liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. O mundo vivia a Guerra Fria, e o contexto da época só pode ser compreendido dentro dessa lógica: o Irã, embora não comunista, passou a se alinhar politicamente de forma autônoma e antiocidental, o que alarmou os EUA. Além disso, emergia como uma República Islâmica xiita, num Oriente Médio dominado por sunitas, como a Arábia Saudita. A rivalidade entre Irã e sauditas daria início a uma espécie de Guerra Fria regional, que perdura até hoje.

Um dos episódios mais tensos foi a crise dos reféns, quando iranianos invadiram a embaixada dos EUA em Teerã, mantendo 52 americanos como reféns por 444 dias – o que levou à ruptura oficial da diplomacia entre os países.

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Ainda no contexto da Guerra Fria, e sob a lógica de que “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, os EUA apoiaram tacitamente Saddam Hussein na Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Ironia: Saddam, o aliado de então, viraria o vilão dos anos 2000, sendo deposto e executado com o apoio de Washington.

Essa história, porém, está longe de ser linear – e menos ainda coerente. Em 1986, durante o governo Ronald Reagan, os EUA venderam armas secretamente ao Irã, apesar das sanções vigentes, usando os recursos para financiar guerrilheiros anticomunistas na Nicarágua, no escândalo conhecido como Irã-Contras.

Nos anos 1990 e 2000, houve um recrudescimento da política americana: o Irã foi classificado como Estado patrocinador do terrorismo, recebeu duras sanções e foi isolado internacionalmente.

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Após os atentados de 11 de setembro de 2001, George W. Bush incluiu o Irã no chamado “Eixo do Mal”. Curiosamente, a Al-Qaeda, autora dos ataques, nada tinha a ver com o Irã (xiita) ou o Iraque (laico), mas sim com o radicalismo sunita.

Sob o comando dos aiatolás – hoje representados por Ali Khamenei, o regime iraniano mantém como objetivo declarado a destruição do Estado de Israel. Por isso, é considerado por Tel Aviv como a cabeça do “Eixo da Resistência”, uma aliança assimétrica que inclui grupos como o Hamas (em Gaza), o Hezbollah (no Líbano) e os Houthis (no Iêmen). Todos recebem apoio militar e financeiro do Irã, e são classificados como terroristas.

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A controvérsia sobre o programa nuclear iraniano é menos antiga, mas não menos explosiva. Em 2006, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) apontou evidências de atividades nucleares não declaradas pelo regime – levantando a suspeita de enriquecimento de urânio para fins militares.

Em 2015, no governo Obama, foi firmado o Acordo Nuclear, em que o Irã se comprometia a não ultrapassar os níveis de que permitiriam produzir uma bomba.

Quando assumiu, Trump abandonou o acordo e retomou a política de “pressão máxima”, impondo sanções e intensificando o confronto com Teerã. O alinhamento ideológico com Benjamin Netanyahu acentuou o desgaste. Em 2020, os EUA ordenaram a eliminação de Qasem Soleimani, general iraniano de alto escalão.

O massacre de 7 de outubro de 2023, perpetrado pelo Hamas contra civis israelenses, tornou-se um novo ponto de inflexão. Em resposta, Israel bombardeou Gaza, atacou o Hezbollah e caçou líderes iranianos.

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Com o agravamento das tensões e novos relatórios da AIEA indicando que o Irã estaria adquirindo capacidade nuclear, Israel decidiu avançar numa estratégia de ataque preventivo. Mas, para alcançar Fordow – a instalação de enriquecimento de urânio –, era necessário o poder de destruição de uma bomba que apenas os Estados Unidos dispõem: a Massive Ordnance Penetrator, a mais potente bomba antibunker não nuclear já construída.

Há dias cogitava-se que só os americanos poderiam atingir Fordow. Os sinais de que ingressariam na guerra foram dados ao longo da semana. Mas o alerta definitivo veio no sábado, quando seis B-2 decolaram do território americano rumo ao Pacífico. No meio do trajeto, foram reabastecidos, o que indicava que portando a superbomba.

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Há, a partir de agora, um risco alto para americanos na região. O Irã pode provocar danos em alvos como bases militares, embaixadas e consulados.

Do ponto de vista geopolítico, Trump também lançou mão de uma cartada arriscada: não só porque foi uma ação unilateral, sem o apoio dos aliados europeus, mas principalmente porque, se o Irã dobrar a aposta, um capítulo mais sombrio poderá se abrir no Oriente Médio. O que virá depois que os EUA usaram sua mais poderosa bomba, com exceção da nuclear?

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas (ONU) que monitora o uso de energia nuclear no mundo, informou não ter detectado o aumento dos níveis de radiação nas três instalações atacadas.

A real extensão dos danos às instalações nucleares iranianas, porém, ainda é incerta. Em discurso na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, convocada após os bombardeios de sábado, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, informou que imagens de satélite na região onde fica a central de Fordow indicam a existência de crateras na superfície, o que sugere o uso de munições penetrantes, conforme confirmado pelos EUA. Ainda não há, contudo, como avaliar os danos subterrâneos.

Em Isfahan, Grossi relatou que outros edifícios foram atingidos, incluindo estruturas relacionadas ao processo de conversão de urânio. As entradas de túneis usados para armazenamento de materiais enriquecidos também parecem ter sido atingidas. Em Natanz, a planta de enriquecimento de combustível foi atacada novamente, também com uso de munições de penetração de solo.

Grossi alertou ainda que a escalada do conflito representa um risco imediato para o regime internacional de não proliferação de armas nucleares.

– Não há solução militar para este conflito. Precisamos de diplomacia, desescalada e construção de confiança agora – alegou.

Mércia de Alencar Almeida (mora em Miami) desembarcou hoje em São Luís para comemorar, amanhã, os 80 anos de sua mãe Nazi Holanda de Alencar. Na foto, ela ao lado de Rose Medeiros, que também muda de idade no dia 24 e comemora a data com o marido Eli, em Carolina do Sul, nos Estados Unidos

DE RELANCE

Por que a guerra deve preocupar os brasileiros

Mesmo que o Brasil não seja protagonista nem coadjuvante da guerra travada no Oriente Médio, os brasileiros devem se preparar para dias difíceis se o conflito entre Israel e Irã, agora com a entrada dos Estados Unidos, persistir.

O problema imediato é o aumento do preço do petróleo a patamares capazes de provocar um impacto brutal na inflação, no momento em que os preços internos começam a dar sinais de recuo.

Uma disparada anormal do preço do petróleo obrigará a Petrobras a repassar o aumento para a gasolina e o diesel, com impacto em produtos e serviços com peso relevante na inflação – do frete às passagens de avião, passando pelo mercadinho da esquina.

Existe, ainda, o risco dos aumentos preventivos, seja pela possível subida do dólar, pelo medo do que possa acontecer ou pela simples especulação, o que prejudicará principalmente os mais pobres.

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A inflação é apenas uma das preocupações. A maior de todas é com a possibilidade de agravamento do conflito, apesar de o Irã estar enfraquecido. Se é verdade que o país dos aiatolás já não assusta ninguém fora de Israel, que segue sendo atingido pelos mísseis iranianos, o risco de a guerra tomar outras proporções é real.

A Rússia, que está envolvida na sua própria guerra (com a Ucrânia), condenou o ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã e alertou para o risco de o conflito se alastrar.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia chamou a ação de irresponsável e de “grave violação ao direito internacional”. A parte mais preocupante da manifestação do governo russo é a que diz: “Já está claro que uma perigosa escalada começou, repleta de novos enfraquecimentos da segurança regional e global”.

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Vladimir Putin não tem moral para criticar quem ataca um país, mas seu país está entre os que têm a bomba nuclear, essa arma de destruição em massa que até hoje só foi usada pelos Estados Unidos contra Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra. Quem já tem a bomba não quer que outros países a desenvolvam, porque sabe dos riscos.

A ONU, criada para mediar conflitos, vem perdendo força ano a ano. Suas resoluções são ignoradas pelos países que atacam outros povos sem se preocupar com a morte de mulheres e crianças, tratadas como “efeito colateral”.

A inflação desta guerra

Assim como fortes efeitos humanitários e políticos, conflitos têm reflexos econômicos. A pressão inflacionária, que já gerava um receio mundial, agora cresce muito com a entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã. O impacto imediato é do petróleo, que já havia aumentado nos ataques iniciados há pouco mais de uma semana. O Irã é produtor, mas não tão relevante mais.

O que a guerra pode custar ao agro

O primeiro impacto sinalizado por especialistas, será no preço dos fertilizantes, insumo essencial para a produtividade das lavouras e que corresponde por 40% do custo operacional do produtor, que deverá subir.

Afinal, o Irã é o terceiro maior exportador do insumo no mundo, e o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que consome.

Outros impactos à vista estão no preço do petróleo e de commodities, que poderão subir, e nas exportações de milho e carne de frango, que poderão ser afetadas.

Guerra ao ódio

Qualquer conflito entre povos e nações deveria ser resolvido pela via diplomática. Esse é um princípio civilizatório que precisaria ser perseguido sempre pela humanidade, independentemente de crenças religiosas e posicionamentos políticos e ideológicos.

Porém, como a História já demonstrou exaustivamente, impossível negociar soluções pacíficas com um país que se guia pela cultura do ódio, do terrorismo e do fundamentalismo radical – como tem sido o Irã desde que os aiatolás assumiram o poder em 1979.

Nesse contexto, não pode ser considerada uma insensatez a entrada dos Estados Unidos na guerra de autodefesa que Israel vem travando contra a ditadura persa. Insensato seria permitir que o Irã desenvolvesse o seu projeto de confecção de armas atômicas para, conforme confissão explícita de seus governantes, usá-las contra os países que almeja destruir – especialmente Israel, mas também os próprios Estados Unidos.

O Irã, financiador e incentivador dos grupos terroristas Houthis, Hezbollah e Hamas, é o principal responsável pelo atual estado de beligerância vigente no Oriente Médio, agora com potencial para escalar e assumir proporções incontroláveis.

A tempestade vai chegar

John F. Kennedy certa vez disse: “A hora de consertar o telhado é quando o tempo está bom”. À primeira vista, parece apenas um conselho prático sobre manutenção. Mas, para quem lidera uma empresa ou constrói uma marca, essa frase carrega um princípio estratégico poderoso: é preciso se preparar antes que a crise chegue.

Afinal, o que acontece quando a tempestade se forma no horizonte? Quando a economia desacelera, a concorrência aperta ou o comportamento do consumidor muda de forma simbólica – e ineficaz.

É comum que empresas tratem o branding como um luxo reservado a tempos de bonança. Quando os resultados estão bons, reduzem investimentos em comunicação, abandonam a consistência das mensagens e deixam de trabalhar os atributos que tornam sua marca única. Só que é justamente nesses períodos estáveis que a estrutura deve ser reforçada.

Branding não é verniz - é alicerce. Marcas fortes funcionam como telhados bem construídos: resistem à chuva, ao vento e às incertezas. São elas que ajudam a manter clientes leais, sustentar preços mesmo diante da pressão do mercado e garantir que a empresa atravesse turbulências sem precisar correr para se reinventar em cima da hora.

Não se constrói reputação no meio da crise. Ela é fruto de visão, disciplina e constância ao longo do tempo.

Ampliação de privilégios

STF, mandato sem limite e segurança vitalícia. Legislativo com direito a aposentadoria e privilégios. Judiciário com excelentes salários, auxílios e benefícios. Bolsa Família para quem poderia trabalhar. Aposentadoria cada vez mais distante e incerta. Para o aposentado, aumento abaixo da inflação e descontos de sindicatos. O Brasil está definitivamente dividido. Quem amplia e mantém os privilégios. Quem paga a conta. Quem usufrui de bolsas.

Trânsito e punição

Já não era sem tempo. A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou proposta que altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para definir como infração grave o ato de atirar, do veículo, objetos ou substâncias em vias públicas. A proposta dobra o valor da multa quando a conduta tiver potencial para provocar incêndios.

O relator do projeto, o deputado Gilson Daniel (Pode-ES) afirmou que a “atual classificação da conduta de atirar do veículo objetos ou substâncias como infração média não reflete adequadamente a gravidade de suas potenciais consequências”.

A proposta ainda será analisada, em caráter conclusivo, pelas comissões de Finanças e Tributação, de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois, caberá ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) definir a lista de objetos e substâncias com potencial incendiário.

Déia Trinta e Luiz Raimundo Campos Paes decolaram hoje para Fortaleza e de lá vão a Natal passar uma curta temporada de lazer

Para gravar na pedra:

“Uma mulher bonita e fiel é tão rara como a tradução perfeita de um poema. Geralmente, a tradução não é bonita se é fiel e não é fiel se é bonita”. De W. Somerset Maugham.

TRIVIAL VARIADO

Proteção: o combate ao turismo sexual e à exploração de crianças e adolescentes está no radar dos organizadores da COP 30 em Belém do Pará. O temor é de que criminosos aproveitem o grande número de visitantes durante o mês de novembro para ativar as redes de violência contra grupos vulneráveis, especialmente crianças.

Futebol: o Brasil quer aproveitar legado da Copa Feminina de 2027 e sediar Mundial de Clubes em 2029.

Reação: agentes da Abin ameaçam greve para exigir afastamento do diretor indiciado pela Polícia Federal.

Perigo no ar: o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, voltou a ter o espaço aéreo fechado neste domingo pela presença de drones.

Prescrição: começa a valer, a partir de hoje, a norma da Agência nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinando que as farmácias de todo Brasil retenham as receitas para vendas de medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.

Tem mais: usados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, esses medicamentos passaram a ser usados de forma indiscriminada por quem deseja perder peso.

Sem fome: podem ser feitas até 28 de julho as inscrições para a 1ª edição do Prêmio Brasil Sem Fome, lançado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. O objetivo do prêmio é reconhecer e divulgar os melhores resultados e iniciativas de Combate à Fome nos Estados, Distrito Federal e municípios.

Sétimo Dia: será amanhã, às 19h, na Igreja dos Remédios, a missa de sétimo dia do falecimento de minha amiga Edna Maria Portela Nunes Carvalho, que deixou viúvo o juiz Nemias Nunes Carvalho.

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