PH: Morre Nana Caymmi

Morre Nana Caymmi

Faço coro com Sidney Molina: dona de uma voz quente e afinada, a filha de Dorival Caymmi, teve um percurso musical dedicado aos clássicos do samba-canção e do bolero. “Longe, longe, ouço essa voz que o tempo não vai levar”, cantava Nana Caymmi, uma das maiores intérpretes da canção brasileira, que morreu na quinta-feira, 1 de maio, aos 84 anos. Na célebre versão de Sentinela, de Milton Nascimento e Fernando Brant, bastavam onze palavras para o seu canto se impor e nos emocionar.

Nos últimos anos, uma arritmia cardíaca levou a artista a diversos internamentos hospitalares no Rio de Janeiro. Na altura da sua morte, devido a falência múltipla de órgãos, estava internada na Casa de Saúde São José, em Botafogo, no Rio.

Filha mais velha de Dorival Caymmi e Stella Maris, irmã dos também músicos Dori e Danilo, Dinahir Tostes Caymmi, Nana começou cedo a sua carreira e aos 19 anos cantou Acalanto, no disco do seu pai.

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Em 1980, Nana Caymmi foi convidada para estar ao lado de Milton Nascimento em Sentinela, momento em que o compositor estava no auge da carreira. Poucos intérpretes poderiam, naquela altura, manter-se grandiosos e marcantes ao lado dele como Nana o fez.

Controle total da respiração e da afinação, peso adequado a cada palavra, vibrato preciso, sensibilidade às variações de dinâmica das frases e a característica dicção da família, com o seu DNA vocal quente, fechado e ressoante. Assim soava a voz de Nana Caymmi.

A sua participação na faixa de Milton foi minimal e fundadora. As palavras são a razão de ser da canção em si – o impactante lamento gregoriano entranhado nas “incelenças” mineiro-bahianas. Vinda de “longe”, a voz carregava com dor os implacáveis versos sobre a vida que o tempo quer levar.

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Desde a sua estreia, Nana Caymmi tornou-se a natural intérprete da obra do pai – ele que foi um dos mais importantes artistas do Brasil e que apenas viria a morrer em 2008, aos 94 anos.

Além de reinterpretar os seus sucessos, a filha recebeu novos clássicos, escritos especialmente para a sua voz. Após Acalanto, deu vida às caymmianas Adeus, Das Rosas, Morena do Mar, Só Louco e Milagre, entre tantas outras.

A artista integrou no seu percurso musical o samba-canção e o bolero, e não é surpreendente o sucesso granjeado na Argentina, onde gravou e lançou discos inéditos, como Nana Caymmi, de 1973, e fez longas temporadas anuais na década de 1970.

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A voz de Nana sabia dialogar com harmonias sofisticadas, e os acompanhamentos davam-lhe mais liberdade para brincar com a métrica e soltar-se. Daí ter sido natural trabalhar com arranjadores brilhantes, a começar por Oscar Castro Neves, presente no LP Nana, de 1967.

Dori, o seu irmão, foi o responsável por arranjos de vários dos seus álbuns, como o antológico Nana Caymmi, repleto de sucessos, e que inclui uma deslumbrante interpretação de Medo de amar, de Vinicius de Moraes.

Em termos de repertório, não foi propriamente uma cantora eclética. Segura do estilo que decidira trilhar, manteve-se fiel a ele sem crises estéticas. Registou um número imenso de canções e não há um único item mal resolvido na sua discografia.

"Batidas na porta da frente / É o tempo / [...] Ele zomba do quanto eu chorei / Porque sabe passar / Eu não sei", dizem os versos de Resposta ao Tempo, uma das suas interpretações mais marcantes.

Conclave começa na quarta-feira

Falta menos de uma semana para o início do conclave, onde os cardeais se preparam para eleger o novo papa. O tempo é curto e os preparativos se intensificam: na segunda-feira, 5, ocorrerá um juramento na Capela Paulina (localizada dentro do Palácio Apostólico Vaticano). Na quarta-feira, 7, a Missa Pro Eligendo Pontifice (Missa para a escolha do pontífice) será presidida pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re na Basílica de São Pedro. Às 16h30, os cardeais eleitores entram na Capela Sistina para o juramento e, após o extra omnes, será realizada a primeira votação. A expressão em latim significa “todos fora” e indica que todas as pessoas não envolvidas diretamente no processo de eleição devem deixar a Capela Sistina, antes que a votação comece.

O conclave de 2025 deveria reunir 135 cardeais eleitores, mas apenas 133 participam do rito. Dois representantes não poderão votar por motivos de saúde: o cardeal John Njue, do Quênia, e o cardeal Antonio Cañizares Llovera, de Valência, na Espanha.

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A igreja católica chega a este conclave com uma composição extremamente diversa. Dos 135 cardeais originais, 108 foram indicados pelo papa Francisco, 22 por Bento XVI e 5 por João Paulo II. Embora o colegiado tenha uma predominância de nomeações feitas por Francisco, a diversidade é grande.

A lista completa (incluindo os que não poderão participar) inclui dezessete da Itália, 36 da Europa, 37 das Américas, sendo sete brasileiros, dezoito da África, 23 da Ásia e quatro da Oceania. Esta ampla representação geográfica coloca em evidência a preocupação do papa Francisco em tornar a instituição mais global e menos eurocêntrica.

DE RELANCE

Dia 8 de maio estreia o filme “Betânia”

“Betânia”, o primeiro longa metragem de Marcelo Botta, chega aos cinemas do Brasil no dia 8 de maio de 2025. O enredo: depois de perder seu marido, a parteira Betânia se muda para o povoado onde nasceu, mas jamais habitou. Empurrada pelo som ancestral do Bumba Meu Boi, pela força da família e da comunidade, Betânia tenta renascer, assim como as flores que desabrocham nos Lençóis durante a seca.

Depois do sucesso da exibição no 74º Festival de Berlim, o longa passou por mais de 20 festivais em 16 países. A lista inclui eventos de peso no cenário internacional, como os festivais de Guadalajara (México), Leeds (Inglaterra), Toulouse (França), Rio, Mostra de SP, Huelva (Espanha), Taiwan e o Malaysia International Film Festival, onde recebeu o prestigiado troféu New Hope Award. A estatueta abriu as portas do mercado asiático para o longa brasileiro.

Betânia passou por mais três festivais na Índia e outros dois na China após a premiação na Malásia.

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“Em todos os países por onde 'Betânia' passa, as plateias se encantam com as belezas naturais e culturais do Maranhão", comenta o diretor Marcelo Botta. “O Bumba Meu Boi e a história da família de Dona Betânia mexem demais com as pessoas, não foi raro ver gente dançando na cadeira, rindo, gargalhando ou até mesmo chorando durante as exibições", relembra.

Ambientado nos Lençóis Maranhenses, o filme “Betânia” se destaca por mesclar comédia, drama e aventura no retrato de uma mulher de 65 anos e sua família, tratando de temas sociais e ambientais, sempre com muita música e exalando maranhensidade.

O longa é uma homenagem ao povoado que dá título ao filme, e é também uma exaltação à rica cultura do Maranhão, trazendo em sua trilha sonora o Bumba Meu Boi, o Tambor de Crioula e o Reggae Remix, gêneros tão populares no estado conhecido como a Jamaica Brasileira.

Entre os artistas que compõem a trilha, além de Tião Carvalho, que atua no filme, há músicas de ícones maranhenses como João do Valle e Alcione, e também as toadas originais do Boi da Betânia.

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As filmagens de “Betânia” foram realizadas no povoado de Betânia, município de Santo Amaro do Maranhão e teve diárias adicionais em São Luís e Barreirinhas.

O elenco é 100 por cento maranhense e conta com nomes como: Diana Mattos, que recebeu a Menção do Júri como Melhor Atriz no Festival do Rio; Nádia D'Cássia, Caçula Rodrigues e Ulysses Azevedo, esses três também indicados como atores coadjuvantes no Rio; Michelle Cabral e Rosa Ewerton Jara, ambas indicadas como atriz coadjuvante na Malásia; a artista pop Enme Paixão, o comediante são-luisense Vitão Santiago e o Mestre Tião Carvalho, que – além de ter sido indicado como melhor ator no Festival do Rio – também assina diversas músicas que compõe a tão elogiada trilha sonora de “Betânia”.

Andy Warhol em São Paulo

Dois mil metros quadrados do Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (MAB FAAP) recebem, a partir de hoje, mais de 600 obras do pai da pop art, o americano Andy Warhol (1928-1987).

Os icônicos 'Campbell's Soup', 'Elvis' e 'Mallyn' estão entre os trabalhos expostos em São Paulo.

Organizada pelo Instituto Totex, a exposição 'Andy Warhol: Pop Art!' é inédita. Trata-se da maior já realizada no Brasil e, também, fora dos Estados Unidos, reunindo itens do acervo do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh, cidade onde o artista nasceu.

As obras apresentam diversas fases da carreira do artista, incluindo serigrafias, esculturas raras e até filmes experimentais.

Warhol se destacou no movimento artístico que incorpora elementos do cotidiano na arte, explorando contrastes de cores e colagens, com toques irônicos e muita criatividade.

Um programa imperdível para quem visitar o Rio nos próximos dias.

Ópera festival

Após estreia aclamada pelo público em Belém, a ópera “Cobra Norato - Terras do Sem Fim” deve ganhar apresentações em outras capitais, incluindo São Luís, levando a fusão da música erudita com a mitologia amazônica para diversos estados brasileiros.

A montagem inédita, baseada no poema de Raul Bopp (1898-1984), abriu a 24ª edição do Festival de Ópera do Theatro da Paz.

A ópera nascida na capital paraense, teve direção de Carla Camurati, que dirigiu no Maranhão o filme “Carlota Joaquina”.

Para gravar na pedra:

“O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada”. De George Bernard Shaw.

TRIVIAL VARIADO

Profissionais da saúde: até o fim de 2025, o Brasil deve contabilizar 635.706 médicos em atividade - uma média de 2,98 profissionais por mil habitantes.

Fraude no INSS: o governo Lula bate cabeça para devolver a aposentados e pensionistas os recursos afanados por uma quadrilha que enriqueceu aos cuidados de parte da direção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A estimativa do novo buraco cavado sobre o já multibilionário rombo da previdência varia de R$ 4 bilhões a R$ 8 bilhões.

Fraude no INSS...2: uma pesquisa divulgada ontem mostrou que 42% dos entrevistados dizem conhecer ou ter sido vítimas dos descontos.

Aniversariantes do dia: hoje estão mudando de idade, o empresário e ex-deputado federal César Bandeira e Rialdo Cleber Holanda.

 

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