"São João de Todos"

Arraial da Maria Aragão garante salvaguarda de grupos tradicionais

A programação do arraial segue até o dia 29 de junho.

Divulgação

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31
(Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS - No São João de Todos, organizado por meio de parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís, a programação do arraial da praça Maria Aragão inclui o projeto Encontro de Salvaguarda. A iniciativa que garante a participação, na programação do arraial, de grupos folclóricos que têm buscado preservar de manifestações que correm o risco de extinção. A programação do arraial segue até o dia 29 de junho.

"O Encontro de Salvaguarda é uma maneira da Secretaria Municipal de Cultura garantir a presença de grupos genuínos, que tem preservado danças e expressões culturais que não estão sendo disseminadas e que correm o risco de deixar de existir. Esses grupos são convidados por compreendermos que essa visibilidade na programação estimula o interesse de outras pessoas em formar novos grupos", explicou o secretário municipal de cultura, Marlon Botão.

A Dança do Caroço é uma delas. Originada na região de Tutóia, no litoral ao leste do Maranhão, a dança é centenária e possui duas versões sobre sua origem: uma delas diretamente ligada à tradição dos índios Tremembés e outra relacionada à celebração da libertação dos escravos. A expressão cultural ficou popularmente conhecida pela figura de Dona Elza do Caroço, que faleceu em 2013. A dança é circular, com uso de caixas e tambores, e os movimentos simulam pisadas no chão representando a quebra do caroço e coreografias que representam uma espécie de ciranda.

A professora Maria do Socorro Santos coordena a Dança do Caroço Tremembés há sete anos, na comunidade da Vila Lobão. O grupo se apresentou no palco da Maria Aragão na noite de domingo (26) e ela contou sobre como decidiu criar a dança na comunidade.

"Sempre gostei de cultura popular e uma amiga me falou da dança do caroço. Então, eu fui até Tutóia e conheci alguns grupos que estão desaparecendo pela idade dos participantes, todos idosos. Convidei o mestre Pedro para dar uma oficina na comunidade e fui de casa em casa convidar os jovens para formar um grupo. Eles ficaram encantados com a história de vida do mestre e com a dança. Hoje, temos 27 brincantes e realizamos em torno de 15 apresentações durante o São João. É um trabalho de valorização que nos dá muito orgulho e as escolas tem procurado a gente para poder disseminar essa cultura para as crianças", afirmou.

Ainda dentro do projeto Encontro de Salvaguarda, nesta terça-feira (28), o arraial da Maria Aragão receberá a Dança do Lelê de São Simão. Além dela, o Boi de Eliézio, de sotaque de costa de mão, e a Dança do Coco Pirinã também foram convidados para a programação junina.

Crianças

A programação do São João de Todos, na Praça Maria Aragão, atraiu dezenas de crianças que divertiram-se com espetáculos teatrais e atrações juninas mirins, no último sábado (25), como parte integrante da atividade de culminância da Semana do Bebê, que teve início no dia 20 de junho, promovida pela Prefeitura de São Luís em parceria com o Unicef.

"A cultura é um bem imaterial que deve ser estimulado desde cedo. Trazer as crianças para o Arraial da Maria Aragão é uma oportunidade de desenvolver futuros mantenedores da cultura popular", afirmou o secretário municipal de cultura, Marlon Botão. .

Dezenas de estudantes de escolas municipais de até seis anos puderam conferir a apresentação do Boizinho de Brinquedo com pais e familiares. Dirigido pela produtora cultural Joana Bittencourt, o boizinho existe há 10 anos e reinventa o auto do bumba meu boi com a participação de 35 bonecos de luva e vara, acompanhado por trilha sonora de 14 toadas em diversos sotaques. A narrativa do boizinho já resultou em livro premiado e a gravação de um disco com a participação de personalidades da música maranhense.

A quadrilha mirim Mocinha do Sertão foi o segundo grupo a subir ao palco da Maria Aragão. Com treze anos de existência, o grupo conta com 28 crianças, de 2 a 11 anos, e o grupo mirim é composto por filhos dos integrantes da quadrilha dos adultos. "Nós temos a Quadrilha Mocinha do Sertão, no bairro da Vila Isabel, que existe há muito tempo e, com o passar dos anos, foram nascendo os filhos dos brincantes. Daí, resolvemos criar o grupo como forma de envolver pais e filhos e também manter viva a cultura nessas crianças", explicou Arerê Lambertini, coordenador da quadrilha.

A participação de crianças em grupos folclóricos exige algumas determinações orientadas pelo Juizado de Menores, como documento de autorização dos pais e limite de horário para apresentação. A dona de casa Nerine Pereira, 38 anos, acompanha a filha Jaqueline Rego nas apresentações do grupo. Ela conta que o envolvimento com a dança auxilia no desenvolvimento humano das crianças. "É muito prazeroso estar com elas, acompanhar, e a gente percebe que elas ficam mais disciplinadas, aprendendo a conviver e a respeitar as diferenças", afirmou Nerine.

Programação

Nesta terça-feira (28) a programação tem início às 19h, com os grupos Tambor de Crioula Arte Nossa, Coco Pirinã, Mano Borges, Boi de Santa Fé (baixada), Boi de Axixá (orquestra), Cacuriá de Dona Teté e Boi da Pindoba (matraca).

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