No abre-alas, uma embarcação que “flutua” e, entre sereias e covers do Chacrinha, Rita Cadillac desfila dentro de uma melancia, em alusão à Mulher Melancia. Pode parecer inusitado, mas é assim que a X-9 Paulistana, a sexta escola a desfilar no Anhembi, no dia 20 de fevereiro, vai tratar de uma Amazônia ‘carnavalizada’. A escola pretende levar para a avenida 3,7 mil componentes, divididos em 25 alas e cinco carros alegóricos.
“O objetivo do nosso enredo não é trazer para a avenida uma discussão sociopolítica sobre a Amazônia porque o carnaval é fantasia, é época de festejar, de êxtase, de fugir do racional. Não somos obrigados a passar nenhuma mensagem com o enredo, porque isso descaracteriza o espírito do carnaval. Por tudo isso, vamos levar para a avenida uma Amazônia encantada, diferente, inventada”, diz ao G1 o carnavalesco Paulo Führo.
Nascido no Rio de Janeiro, em Nilópolis, Führo já passou pelas escolas Beija-Flor, Águia de Ouro, Império de Casa Verde e Unidos do Peruche. Depois de dois anos sem participar do carnaval, ele estreia da X-9 Paulistana com o desafio de inserir a comunidade no enredo. “Esse foi nosso maior desafio: fazer com que a comunidade se envolvesse e compreendesse essa Amazônia recriada, que a princípio parece estranho a quem vê. Nosso trunfo na avenida será a alegria e, para isso, os componentes da escola são fundamentais”, diz o carnavalesco.
Segundo o presidente e um dos fundadores da escola, José Manoel Gaspar, o enredo terá uma abordagem completamente diferente do que a Amazônia tratada pela própria X-9 em 1997. “Em 97 exaltamos as riquezas da Amazônia e dessa vez nosso foco será a internacionalização dessa região que é brasileira. Vamos levar uma crítica sobre isso”, diz Gaspar ao G1. O carnavalesco conta que todas as alas têm nomes de filmes americanos.
A crítica à cobiça e à destruição da Amazônia faz parte do enredo desenvolvido por Führo. “Começamos com a descoberta da Amazônia, com um abre-alas que vai flutuar na avenida, passamos à exploração das riquezas e desenvolvimento, e em seguida vamos falar da destruição causada pela cobiça, inclusive dos Estados Unidos”, diz.
Depois de mostrar a destruição, no entanto, o carnavalesco afirma que dará um tom mais místico e fantasioso ao enredo. “No carro das crianças estarão os guerreiros imortais que chegam para espantar a maldade da Amazônia. Estarão representados nessa etapa do nosso desfile nomes como Chacrinha, Adoniran Barbosa, Raul Seixas e Clara Nunes, que será justamente a fantasia da ala das baianas”, diz Führo. Os guerreiros vencem a guerra contra a ambição, mas de forma bem-humorada: “Eles entregam um troféu abacaxi para o corvo azul, que representa a cobiça”, diz.
Além de Rita Cadillac, a X-9 tenta negociar, segundo o presidente Gaspar, a presença da atriz Cristiane Torloni, que luta pela causa da preservação da Amazônia. Na bateria, Mestre Augusto comanda 250 ritmistas para agitar o Anhembi.
Quem quiser desfilar pela X-9 precisa correr, porque algumas fantasias já estão esgotadas. Os destaques já não estão mais sendo comercializados. No chão, no entanto, as fantasias custam de R$ 270 a R$ 300. Para sair em carro alegórico, o folião precisa desembolsar R$ 1,2 mil.
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