White Stripes vai gravar clip na Amazônia

João Pimentel - O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 14h44

MANAUS - O guitarrista Jack White magnetiza as atenções, enquanto a baterista Meg White faz o papel de graciosa coadjuvante de luxo ao seu lado. Como nos shows do White Stripes, foi assim que os dois se comportaram na entrevista coletiva que a dupla concedeu em Manaus nesta terça-feira, sobre a passagem pelo Brasil da turnê internacional de lançamento do CD "Get behind me Satan". O show no Teatro Amazonas acontece nesta quarta. Na sexta eles tocam no Rio (Claro Hall) e no sábado em São Paulo (Credicard Hall).

Na entrevista, Meg se limitou a responder timidamente a uma pergunta sobre sua timidez, dizendo que, apesar dela, sente-se confortável cantando no novo álbum.

No Brasil, causou estranheza que uma das bandas mais importantes do mundo na atualidade fizesse um show em Manaus, cidade geralmente fora do circuito dos artistas internacionais que passam pelo país. O roteiro da turnê, porém, é bastante incomum, priorizando o Leste Europeu à Europa Ocidental e a América Latina em vez dos Estados Unidos. Jack justificou com argumentos simples.

- Nas turnês anteriores, nunca perguntaram onde nós gostaríamos de ir. Desta vez, quisemos escolher. Por isso tocaremos em lugares como o Teatro Amazonas, que nós já tínhamos ouvido falar muito. Iremos filmar o show e, se ficar bom, podemos usar as imagens no futuro. Ficamos felizes por estarmos na Amazônia - disse. - Em 2003 estivemos pouco tempo no Brasil, não tivemos tempo de conhecer nada. Agora estamos fazendo diferente e na próxima turnê incluiremos países que não estão nesta, como Peru e Venezuela.

A dupla adiantou como será o show.

- Não tocamos o novo álbum todo, há muitas músicas antigas. É difícil chegar para um público que não tem a oportunidade de nos ver sempre e tocar só músicas desconhecidas - explicou o guitarrista. - O novo show tem uma pegada mais forte e é mais dinâmico que o da turnê de "Elephant", que o Brasil viu em 2003. Tocamos com voz, guitarra e bateria, depois com voz, marimba e bateria. Toco bandolim também.

Eles estão com expectativas altas com relação ao público que assiste ao White Stripes pela primeira vez.

- O público que não nos vê sempre é muito mais caloroso. Vai ser difícil voltar aos Estados Unidos depois desta turnê.

Jack falou também do nome do novo disco, "Get behind me Satan", uma citação bíblica extraída do livro de Marcos, capítulo 8, versículo 33. No texto, Jesus repreende Pedro quando este parece defendê-lo.

- Gosta do sentido ambíguo que muitos textos bíblicos têm - explicou Jack.

No novo disco, Jack usa marimba, um instrumento muito comum na música afro-cubana. Ele evitou fazer uma relação direta do álbum com os ritmos latinos:

- Aprendi a tocar marimba apenas duas semanas antes das gravações - lembra Jack, antes de retomar a possibilidade da influência ser mais antiga. - Mas fui criado num bairro latino, ouvi muita coisa. E neste disco quis sair dos três acordes do rock.

"Get Behind me Satan" foi gravado em apenas duas semanas, como o CD anterior do White Stripes, "Elephant".

- Prefiro assim. Quando você demora muito a gravar, sofisticando demais, você acaba se distanciando da idéia inicial - justificou Jack.

O guitarrista confessa que foi pego de surpresa pelo sucesso de "Seven nation army", música do CD "Elephant" que virou um hit internacional.

- Não esperava mesmo, porque não faço música pensando nisso. Foi um choque - resumiu, para logo depois falar laconicamente das versões eletrônicas que a canção ganhou. - Não tenho nada a dizer, não me interesso pelo gênero.

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