'Zé Pequeno' vira diretor de curta e embarca para Europa

Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h51

RIO - Zé Pequeno ficou pra trás, o sucesso de "Cidade de Deus" passou mas seu intérprete Leandro Firmino da Hora está começando a colher frutos. O sonho do menino pobre da favela-título do filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund se realizou com o lançamento de "Um crime quase perfeito": dirigir um filme. No caso, o curta-metragem de ficção sobre o sistema de saúde pública no Brasil dirigido por ele e Luis Nascimento.

- Tá rindo de quê, ô palhaço? É sério - "brincou" Leandro Zé Pequeno Firmino do palco do Cine Odeon, onde era exibido seu filme pela primeira vez e onde a platéia não controlava as risadas diante do jovem que ainda remete à lembrança de seu personagem e suas célebres frases, como "Dadinho é o c..., meu nome é Zé Pequeno".

Firmino queria deixar claro à platéia - que incluía muitos moradores da Favela do Vidigal ligados aos grupos de teatro e audiovisual da comunidade, o Nós do Cinema e o Nós do Morro, além de atores famosos como Flávio Bauraqui ("Madame Satã"), Maria Flor, Caio Blat e do escritor Paulo Lins - que seu curta tratava de um assunto sério como tantos outros abordados pelo grupo. No caso de seu filme, a negligência médica que atinge não só a classe baixa ou apenas os negros e favelados. O curta, na verdade, é inspirado em uma história real da filha de um médico que sofre overdose e tem atendimento no hospital público negado pelo próprio pai, que não sabia de quem se tratava.

- Fico feliz de ver esse olhar da classe baixa para a alta na tela e tanta gente vindo aqui para assistir - disse Kátia Lund, uma das maiores incentivadoras dos projetos do grupo e diretora da ONG Nós do Cinema, que .

Criado a partir da companhia de teatro do Vidigal, Nós do Morro - de onde saiu a maior parte dos atores do filme "Cidade de Deus", incluindo Firmino -, o Nós do Cinema é desvinculado de qualquer produtora e conta apenas com a ajuda de incentivadores. Atualmente a Eletrobrás patrocina o grupo mas não seus filmes especificamente. É que, de acordo com as regras da lei de incentivo fiscal, como a Audiovisual e a Rouanet, ONG não pode participar de licitação porque é uma empresa sem fins lucrativos.

Longe de paternalismo, Fernando Meirelles e Kátia Lund são os principais apoiadores dos projetos dos jovens de comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro. Kátia é ainda uma das diretoras dos cursos e Meirelles, junto com sua produtora O2 Filmes, continua ajudando a divulgar os trabalhos. Como fará esta semana, levando os curtas "Um crime quase perfeito" e "Sobreviventes da porteira" (documentário sobre a condição dos negros desde a escravatura até à vida nas favelas, também produzido pelo grupo) para um encontro de cineastas na Universidade de Londres, na Inglaterra. Graças a ajuda de uma portuguesa da ONG Viva Rio, os filmes também passarão para vários jovens da Universidade de Coimbra, em Portugal.

- Desde que fiz 'Cidade de Deus' descobri que queria seguir no cinema, mas como diretor. Estou relizando um sonho. Foi difícil fazer este filme mas temos que fazer na garra e na coragem - conta Firmino.

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