No início de 2000, Kika Seixas (ex-companheira e mãe de uma das três herdeiras de Raul Seixas) e a gravadora Universal estavam numa briga judicial na qual se discutia a revisão dos direitos autorais sobre as vendas de CDs do baiano. Para muitos, uma luta do bem (herdeiros do roqueiro) contra o mal (a multinacional). Será? Na época, talvez.
Mas o tempo passou e, agora, como cantava Raul em “O trem das 7”, “o mal vem de braços e abraços com o bem num romance astral”. Em parceria, a gravadora e Kika lançam “Maluco beleza”, caixa de seis CDs e um libreto com uma biografia do compositor.
Brincadeiras à parte, as palavras de Kika sobre o lançamento dão uma pista de como funciona a lógica do mercado.
— Raul é um long-seller , vende 30 mil discos por mês, muito mais que quando estava vivo. Lançar Raul é um bom negócio tanto para os herdeiros como para as gravadoras.
Projeto vinha sendo feito há um ano e meio
Mesmo com a incontestável equação de Kika, a caixa demorou a chegar ao mercado. Entre os bem informados fãs-clubes de Raul, os rumores sobre o lançamento começaram há um ano e meio, época do início do projeto. A demora indicaria resquícios da disputa judicial? Kika e a Universal garantem que não. Ela diz que o litígio foi “amigável”. O longo processo de produção deveu-se a motivos técnicos.
— Inicialmente, queria uma caixa em formato de LP, mas a Universal argumentou que esse tipo de produto tem problemas de exposição nas lojas. Conversamos e chegamos a esse formato, mais parecido com um livro — conta Kika. — Também tivemos que negociar custos. Eu fazia questão da masterização com Luigi Hoffer, o técnico que trabalhou nos discos originalmente. Tudo foi resolvido e o resultado ficou como queríamos.
José Celso Guida, diretor da Universal responsável pelo projeto, concorda:
— A produção foi tranqüilíssima. Não tivemos nem os problemas comuns em projetos de relançamento de artistas antigos, como conseguir os dados da ficha técnica — diz.
Complicações (ou não) deixadas de lado, o resultado valeu a pena. O pacote traz todos os discos de carreira que Raul lançou pela Phonogram/PolyGram (atual Universal), com direito a faixas-bônus: “Krig-ha bandolo!”, “Novo aeon”, “Raul rock Seixas”, “Há dez mil anos atrás”, “Gita” e “30 anos de rock”.
— É sua fase mais revolucionária — diz Kika.
O cuidadoso trabalho de Hoffer deu potência às antigas gravações, sem descaracterizá-las. O livro que acompanha os CDs traz uma pequena biografia do roqueiro, escrita por Sylvio Passos, frases e fotos inéditas de Raul. Para 2004, Kika planeja o lançamento do primeiro DVD do cantor:
— Os lançamentos têm que ser espaçados para os fãs do Raul, que são jovens e não têm muito dinheiro, poderem comprar. Além do mais, o baú do Raul tem fundo — brinca.
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