"Sign of Affection": um doce romance sobre amor e comunicação

MUNDO - Assistir a Sign of Affection é como mergulhar em um universo onde a delicadeza tem voz. Não há reviravoltas mirabolantes nem grandes apostas dramáticas e talvez seja exatamente por isso que esse anime conquista: ele convida a desacelerar e simplesmente sentir. Criado pela dupla de mangakás Suu Morishita, o romance é baseado em pequenos gestos, olhares e descobertas que, juntos, constroem algo maior que palavras.

A protagonista, Yuki Itose, é uma universitária de 19 anos, estudante de Letras. Com um sorriso generoso e uma gentileza natural, Yuki cativa desde a primeira cena. Ela nasceu surda e se comunica por meio da leitura labial, da escrita e da língua de sinais japonesa (Shuwa). Mas talvez sua forma mais poderosa de expressão esteja nos olhos, eles falam muito mais do que qualquer frase poderia dizer.

A trama começa quando um estrangeiro pede ajuda a Yuki em um trem. Ela tenta explicar, da sua maneira, que não consegue ouvi-lo nem entender o idioma, mas se vê em apuros. É então que aparece Itsuomi Nagi, cabelos platinados, sorriso sereno e uma calma que imediatamente conforta. Ele ajuda Yuki e, com isso, um primeiro interesse nasce. Não é amor à primeira vista, e sim aquele tipo de fascínio suave que vai se transformando aos poucos.

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Como num feliz acaso, Itsuomi faz parte do mesmo grupo de extensão universitária da melhor amiga de Yuki, a extrovertida e carismática Rin. A partir daí, Yuki e Itsuomi passam a se encontrar com mais frequência, quase sem perceber e é nesse espaço cotidiano, sem pressa, que o afeto entre eles floresce.

Sign of Affection é uma história de amor, mas também de amadurecimento. Yuki não é apenas uma jovem esperando ser salva pelo príncipe encantado. Ela enfrenta os próprios desafios: busca independência, sonha com um futuro profissional e não se deixa endurecer pelas marcas de um passado com bullying. Ela é sensível, sim, mas também determinada, forte, dona de si.

A produção do anime, dirigida por Yuuta Murano, demonstra um cuidado especial com a representação da deficiência auditiva. Os gestos da língua de sinais japonesa foram animados com precisão e beleza, e há uma preocupação evidente em traduzir o mundo sensorial de Yuki. Em cenas de trem, por exemplo, em vez de usar sons para transmitir velocidade, a movimentação é mostrada com luzes e imagens que passam rápidas pelas janelas, uma forma visual de representar o que se ouve, mas sem depender do som.

As autoras revelaram, em entrevista à editora Kodansha, que a ideia de trabalhar com a língua de sinais as atraiu desde o início, mesmo com pouco contato prévio com o tema. Para desenvolver a obra com sensibilidade e veracidade, elas leram livros, entrevistaram professores e contaram com a supervisão de Yuki Miyazaki, uma mulher surda que compartilhou sua rotina e visão de mundo, enriquecendo o desenvolvimento da personagem.

No centro da trama, está a diferença de atitude entre os dois interesses masculinos de Yuki. Enquanto Oushi, o amigo de infância, a vê como alguém frágil que precisa ser protegida, quase enclausurada uma redoma, Itsuomi enxerga sua força. Ele não a reduz à sua surdez, não tenta poupá-la do mundo, pelo contrário, ele a impulsiona a enfrentá-lo. E mais do que isso: caminha ao lado dela nas descobertas, encantado por tudo o que ela é.

E se a versão japonesa já demonstrou esse cuidado, a brasileira foi além: a protagonista Yuki ganhou voz na dublagem nacional por meio da atriz Beatriz Oliveira, uma pessoa com deficiência auditiva oralizada. Recente no universo da dublagem, Beatriz tem encantado o público com sua interpretação sensível e precisa nos episódios já lançados. E, pessoalmente falando, assistir ao anime dublado é uma experiência à parte.

A primeira temporada, com doze episódios, entrega uma narrativa sensível, carregada de emoção, visualmente bela e acessível. Infelizmente, ainda não há confirmação de uma segunda temporada, mas fica a torcida para que Yuki e Itsuomi retornem às telas.

Confira o trailer:

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