BRASIL - Representante do hip hop nacional, Gabriel, o Pensador reacendeu um debate importante sobre os rumos do rap no Brasil ao criticar a valorização excessiva da ostentação dentro do movimento. A fala aconteceu durante seu show acústico, exibido pelo Multishow e Globoplay, que celebrou 33 anos de carreira do artista.
No palco, o rapper destacou a importância de resgatar a essência do hip hop, reforçando que o movimento vai além da estética e do consumo. O discurso viralizou nas redes sociais e motivou uma entrevista ao gshow, na qual Gabriel aprofundou seu ponto de vista.
“O hip hop é conhecimento e visão de mundo”
Durante a apresentação, Gabriel chamou atenção para os pilares fundamentais do hip hop, como consciência social, reflexão e transformação.
“Vale a pena a gente lembrar da essência do hip hop, que é o conhecimento, que é uma visão de mundo, uma inteligência trabalhada da revolução mesmo”, afirmou o artista.
Segundo ele, o movimento sempre foi um espaço de questionamento e construção coletiva, algo que, em sua avaliação, vem sendo deixado de lado em meio a tendências mais superficiais.
Problema é global e geracional, diz rapper
Aos 51 anos, Gabriel avalia que o cenário atual não é exclusivo do rap nem do Brasil. Para ele, trata-se de um fenômeno global, marcado pela pressa, excesso de opiniões e pouco aprofundamento.
“É uma preguiça de ler, de se aprofundar, de ouvir o próximo. Todo mundo quer gritar, quer falar, quer dar opinião, mas não quer ouvir”, refletiu.
O rapper aponta que as gerações mais novas acabam sendo mais vulneráveis a esse processo, crescendo em um ambiente onde tudo é rápido, raso e altamente midiático.
Tecnologia pode ajudar, se usada com consciência
Apesar das críticas, Gabriel acredita que as mesmas ferramentas digitais que contribuem para a superficialidade também podem ser usadas como aliadas do conhecimento. Ele cita a internet e até a inteligência artificial como exemplos.
“A própria IA pode nos emburrecer ou pode ser útil para a gente buscar informação, tudo de graça”, comentou.
O artista relembrou que, no início da carreira, era difícil ter acesso a letras, traduções e referências internacionais, algo que hoje está disponível de forma imediata, desde que usado com propósito.
Ostentação sempre existiu, mas exige equilíbrio
Questionado sobre a presença crescente de letras que exaltam luxo, consumo e status, Gabriel pondera que a ostentação nunca foi totalmente estranha ao rap. Nos anos 1980 e 1990, elementos como correntes de ouro, roupas largas e carros personalizados também simbolizavam conquista e ascensão social.
“Isso continua valendo, mas é ter um equilíbrio”, avaliou.
Para o rapper, exibir conquistas materiais pode representar vitória e inspiração, desde que não se sobreponha à mensagem, à consciência e ao compromisso cultural que sempre fizeram parte do hip hop.
Ao celebrar mais de três décadas de carreira, Gabriel, o Pensador reafirma seu papel como voz crítica do movimento, não para negar transformações, mas para provocar reflexão sobre o que realmente sustenta o rap como expressão artística e social.
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