mandou o papo

Gabriel, o Pensador critica ostentação no rap e fala sobre rumos do hip hop

Rapper comenta superficialidade no movimento, uso consciente da tecnologia e defende equilíbrio entre conquista material e essência cultural.

Na Mira, com informações do Gshow

Atualizada em 18/12/2025 às 14h16
Gabriel, o Pensador critica ostentação no rap e fala sobre rumos do hip hop. (Reprodução/Instagram)

BRASIL - Representante do hip hop nacional, Gabriel, o Pensador reacendeu um debate importante sobre os rumos do rap no Brasil ao criticar a valorização excessiva da ostentação dentro do movimento. A fala aconteceu durante seu show acústico, exibido pelo Multishow e Globoplay, que celebrou 33 anos de carreira do artista.

No palco, o rapper destacou a importância de resgatar a essência do hip hop, reforçando que o movimento vai além da estética e do consumo. O discurso viralizou nas redes sociais e motivou uma entrevista ao gshow, na qual Gabriel aprofundou seu ponto de vista. 

“O hip hop é conhecimento e visão de mundo”

Durante a apresentação, Gabriel chamou atenção para os pilares fundamentais do hip hop, como consciência social, reflexão e transformação.

“Vale a pena a gente lembrar da essência do hip hop, que é o conhecimento, que é uma visão de mundo, uma inteligência trabalhada da revolução mesmo”, afirmou o artista.

Segundo ele, o movimento sempre foi um espaço de questionamento e construção coletiva, algo que, em sua avaliação, vem sendo deixado de lado em meio a tendências mais superficiais.

Problema é global e geracional, diz rapper

Aos 51 anos, Gabriel avalia que o cenário atual não é exclusivo do rap nem do Brasil. Para ele, trata-se de um fenômeno global, marcado pela pressa, excesso de opiniões e pouco aprofundamento.

“É uma preguiça de ler, de se aprofundar, de ouvir o próximo. Todo mundo quer gritar, quer falar, quer dar opinião, mas não quer ouvir”, refletiu.

O rapper aponta que as gerações mais novas acabam sendo mais vulneráveis a esse processo, crescendo em um ambiente onde tudo é rápido, raso e altamente midiático.

Tecnologia pode ajudar, se usada com consciência

Apesar das críticas, Gabriel acredita que as mesmas ferramentas digitais que contribuem para a superficialidade também podem ser usadas como aliadas do conhecimento. Ele cita a internet e até a inteligência artificial como exemplos.

“A própria IA pode nos emburrecer ou pode ser útil para a gente buscar informação, tudo de graça”, comentou.

O artista relembrou que, no início da carreira, era difícil ter acesso a letras, traduções e referências internacionais, algo que hoje está disponível de forma imediata, desde que usado com propósito.

Ostentação sempre existiu, mas exige equilíbrio

Questionado sobre a presença crescente de letras que exaltam luxo, consumo e status, Gabriel pondera que a ostentação nunca foi totalmente estranha ao rap. Nos anos 1980 e 1990, elementos como correntes de ouro, roupas largas e carros personalizados também simbolizavam conquista e ascensão social.

“Isso continua valendo, mas é ter um equilíbrio”, avaliou.

Para o rapper, exibir conquistas materiais pode representar vitória e inspiração, desde que não se sobreponha à mensagem, à consciência e ao compromisso cultural que sempre fizeram parte do hip hop.

Ao celebrar mais de três décadas de carreira, Gabriel, o Pensador reafirma seu papel como voz crítica do movimento, não para negar transformações, mas para provocar reflexão sobre o que realmente sustenta o rap como expressão artística e social. 

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