BRASIL - Nesta quinta-feira (16), o Brasil celebra o aniversário de Fernanda Montenegro, que completa 96 anos de vida e 80 dedicados à arte. Atriz de teatro, cinema e televisão, escritora e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ela é um verdadeiro patrimônio cultural, uma dessas raras artistas cuja história se confunde com a da dramaturgia brasileira.
Com uma carreira marcada por personagens inesquecíveis e reconhecida em todo o mundo, Fernanda continua sendo exemplo de talento, coerência e amor pela profissão.
Uma vida inteira em cena
Nascida Arlette Pinheiro Monteiro Torres, em 1929, no Rio de Janeiro, Fernanda descobriu cedo a vocação para o palco. Sua primeira experiência no teatro foi aos 8 anos, em uma peça da igreja. Em 1950, estreou profissionalmente ao lado do marido, o ator Fernando Torres (1927–2008), no espetáculo 3.200 Metros de Altitude.
Pioneira também na televisão, tornou-se em 1951 a primeira atriz contratada da TV Tupi, participando de cerca de 80 peças exibidas em programas teatrais.
Na Globo, estreou em 1965 na série Quatro no Teatro, e fez sua primeira novela na emissora em 1981, Baila Comigo, de Manoel Carlos, que criou a personagem Sílvia especialmente para ela.
No teatro, foi uma das fundadoras da influente companhia Teatro dos Sete, em 1959, que ajudou a renovar a cena brasileira. Desde então, Fernanda atravessou gerações e formatos com a mesma entrega: de minisséries como O Auto da Compadecida (1999) a novelas como Belíssima (2005) e O Outro Lado do Paraíso (2017).
Uma carreira premiada e cheia de personagens memoráveis
Fernanda Montenegro construiu uma galeria de papéis icônicos. No cinema, brilhou em títulos como A Falecida (1965), Olga (2004), Casa de Areia (2005) e A Vida Invisível (2019).
Mas foi em Central do Brasil (1998) que alcançou projeção internacional: sua atuação como Dora, a ex-professora que ajuda um menino em busca do pai, rendeu-lhe uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, a primeira para uma brasileira.
Na TV, emocionou o público como Dona Picucha, em Doce de Mãe (2013), papel que lhe deu o Emmy Internacional de Melhor Atriz, feito inédito para o Brasil. O especial e a série também foram premiados como Melhor Comédia em 2015.
Relembre algumas de suas obras marcantes:
- Central do Brasil (1998) – Indicação ao Oscar e prêmio no Festival de Berlim.
- O Auto da Compadecida (2000) – A Nossa Senhora mais divertida e comovente do cinema nacional.
- Doce de Mãe (2013) – Emmy Internacional de Melhor Atriz.
- A Vida Invisível (2019) – Representou o Brasil no Oscar e foi premiado em Cannes.
Família e legado de Fernanda Montenegro
Fora dos palcos, Fernanda sempre foi sinônimo de união familiar e parceria artística. Casou-se com Fernando Torres em 1953, e o amor durou até a morte dele, em 2008. “Ele era o príncipe consorte”, dizia ela, em tom de carinho e cumplicidade.
Os dois filhos do casal seguiram o caminho dos pais. Fernanda Torres é atriz e escritora; Cláudio Torres, cineasta e roteirista.
A família continua unida pela arte, uma herança viva que hoje se estende aos netos Joaquim, Antônio e Davi.
Imortal na Academia Brasileira de Letras
Em março de 2022, Fernanda Montenegro teve sua “imortalidade” reconhecida com a posse na Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira 17, antes pertencente ao diplomata Affonso Arinos de Mello Franco.
Em um discurso emocionado, ela agradeceu:
“Com meu coração e minha razão, agradeço por estar sendo aceita por esse elenco que é protagonista da nossa mais alta cultura. Tomo posse pedindo licença para trazer comigo esta pulsação de vida que me move.”
Primeira mulher a ocupar a cadeira 17, Fernanda Montenegro reforça que seu nome já está gravado entre os maiores da cultura brasileira, não apenas por sua arte, mas pela lucidez, generosidade e pela forma como fez do ofício um ato de resistência e beleza.
Veja vídeo de Fernanda Montenegro comemorando aniversário
96 anos de uma arte que continua viva
Fernanda Montenegro chega aos 96 anos celebrando uma vida inteira dedicada ao palco, às câmeras e à palavra. E, mesmo depois de tantas décadas, sua presença continua sendo farol e inspiração.
Ela é memória viva da dramaturgia, símbolo de excelência e emoção, uma artista que pertence ao Brasil, mas que o mundo inteiro aprendeu a admirar.
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