FÉ CATÓLICA

Tapetes de Corpus Christi: fé, tradição e arte nas ruas do Brasil

Os tapetes de Corpus Christi mostram que a fé também pode ser feita com as mãos, paciência, arte e trabalho em conjunto.

Na Mira

Atualizada em 19/06/2025 às 14h16
Tapetes de Corpus Christi: fé, tradição e arte nas ruas do Brasil. (Foto: Arquivo)

BRASIL - Celebrado por católicos do mundo todo, o Dia de Corpus Christi é uma das festas mais tradicionais do calendário religioso. E aqui no Brasil, ganhou uma expressão única: os famosos tapetes artesanais que tomam conta das ruas, misturando fé, arte e muito trabalho coletivo.

Feitos com materiais simples - serragem colorida, sal, areia, flores, borra de café e farinha -, esses tapetes são muito mais do que enfeites bonitos. Eles marcam o caminho por onde passa a procissão com o Santíssimo Sacramento, representando a presença real de Cristo na Eucaristia. Em cada detalhe, carregam a devoção de quem acredita e coloca a mão na massa para construir algo que toca o sagrado.

Uma festa com mais de 750 anos

A celebração de Corpus Christi foi oficializada em 1264 pelo papa Urbano IV, depois de dois acontecimentos marcantes para a fé cristã. O primeiro foi a visão de Santa Juliana de Cornillon, uma religiosa belga que disse ter sido instruída por Jesus a criar uma festa dedicada à Eucaristia. O segundo foi o chamado milagre de Bolsena, na Itália, onde um padre alemão, cheio de dúvidas, teria visto a hóstia consagrada sangrar durante a missa. O sangue teria manchado o corporal (pano usado no altar) e impressionado profundamente o papa, que decidiu instituir a festa.

Corpus Christi, que em latim significa “Corpo de Cristo”, celebra, portanto, o sacramento da Eucaristia, quando, segundo a fé católica, Jesus se faz presente sob as formas do pão e do vinho. É um momento forte da vida religiosa, marcado por missa, adoração e, principalmente, a procissão. Levar o corpo de Cristo às ruas é uma forma de abençoar a cidade e de lembrar que a fé caminha junto com o povo.

A tradição dos tapetes veio de Portugal, ainda no tempo da colonização. No Brasil, há registros de tapetes sendo feitos desde o século XVIII, como em Ouro Preto (MG), onde moradores passaram a decorar ruas inteiras para a passagem do Santíssimo. Desde então, a prática se espalhou pelo país, ganhando novos contornos, símbolos e estilos, sempre mantendo o espírito comunitário.

O mais bonito dessa tradição é que ela é feita por todo mundo: crianças, jovens, adultos e idosos. Às vezes, começa ainda de madrugada. E não importa se o desenho é elaborado ou simples, o que vale mesmo é o gesto, a entrega, o tempo dedicado a construir algo para expressar a fé.

Corpus Christi no Maranhão

Em São Luís, a tradição também se fortalece a cada ano. Nesta quinta-feira (19), a Arquidiocese realiza a Solenidade de Corpus Christi no Estádio Castelão, com expectativa de reunir cerca de 40 mil fiéis. É o maior evento do calendário católico no Maranhão, reunindo todas as 59 paróquias dos 15 municípios da arquidiocese, como Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Rosário, Morros e Santa Rita.

A celebração inclui missa campal, adoração e a procissão com o Santíssimo. Enquanto isso, em muitos bairros da cidade, os tapetes continuam sendo preparados com capricho. São ruas e calçadas que, por algumas horas, se transformam em caminhos de fé, beleza e esperança.

Os tapetes de Corpus Christi mostram que a fé também pode ser feita com as mãos, paciência, arte e trabalho em conjunto. Mesmo sendo transitórios, apagados pelos próprios pés da procissão, eles deixam uma marca duradoura no coração de quem faz e de quem passa.

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