Resenha

"Eu quero é sambar": ritmo domina Palco Sunset

"Novos Baianos", trios e duplas garantiram ritmo sambista.

Gustavo Sampaio/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h03

RIO DE JANEIRO – “Mas que nada, sai da minha frente, eu quero passar. Pois o samba está animado, o que eu quero é sambar”. “Mas Que Nada”, do Jorge Ben Jor, tem sido uma das canções mais tocadas nesta 13ª edição do “Rock In Rio”. Entre os artistas e, até mesmo, nas caixas de som que circundam a Cidade do Rock, a canção tem sido unânime. E, nesse sábado (21), a faixa ditou, em grande parte, o clima do Palco Sunset: samba, samba, samba. Sem parar.

Orquestra Imperial e Jovanotti: samba do crioulo doido

O clima sambista começou cedo, um pouco mais de meia hora após abrirem-se os portões. A subida ao palco da Orquestra Imperial com o rap-pop do italiano Jovanotti começou agitado. O início da apresentação, que trouxe covers de Gilberto Gil (“Lugar Comum”), Chico Buarque (“Sem Compromisso”) e Wilson das Neves (“O Samba É Meu Dom”), mostrou a versatilidade do astro europeu.

Foto: Getty Images.

O público era pouco, mas Jovanotti não se incomodou. Emplacou versões quentes e estranhas até de Tim Maia (“Você”) e Milton Nascimento (“Me Deixa Em Paz”), mas teve que entender que as versões seria difíceis de contagiar um público que estava mais preocupado com os gigantes do Palco Mundo. Ao fim, nem Serge Gainsbourg foi “poupado”.

Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá: revisionismo baiano

Menos modesta que a primeira apresentação, o trio composto por Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá revisitou grandes clássicos dos Novos Baianos em boa parte do repertório. E foi só as batidas iniciais de “Mistério do Planeta”, com Moraes e Pepeu, para o público “acordar” para o Sunset.

Mesmo para quem não viveu o período dos Novos Baianos, houve quem se converteu com o ritmo contagioso imposto pelos músicos ali no palco. “Um Raio Laser” e “Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira” comprovavam, de fato, que o Pepeu sempre merece espaço (este já é o quinto “Rock In Rio” de sua carreira, em que toca) em eventos como este.

Foto: Getty Images.

Moraes também não fez por menos e foi só alegria na primorosa “Preta Pretinha”. Já a mais novata do trio, Roberta não mostrou incomodo entre os veteranos e se lançou em canções como “Tinindo Trincando” e “Dê um Rolê”, ambas dos Novos Baianos. Esta apresentação, no que depender da recepção do público, foi uma das melhores do festival.

Ivo Meirelles, Elba Ramalho e Fernanda Abreu: baile-funk carnavalesco

Uma mistura inusitada, mas nada diferente tomou conta do palco secundário já no fim de tarde. Ivo Meirelles e seus músicos de apoio, com uma vibe mais politizada, adentraram ao palco com mascaras em tom de críticas aos “boicotes” na época das manifestações de junho. Após esta estranha recepção, foi o tom de baile-funk com pitadas de Carnaval que dominou a apresentação do músico, que ainda teria a paraibana Elba Ramalho e a carioca Fernanda Abreu.

Foto: Getty Images.

Ivo teve êxito ao brindar o público com versões divertidas de “Pescador de Ilusões”, de O Rappa, “Sex Machine”, de James Brown, “Cocaine”, famosa com Eric Clapton e “A Namorada”, de Carlinhos Brown. Mas a dobradinha com as mulheres foi o ponto alto deste show. “Eu Só Quero Um Xodó” e “Rio 40º” foram ovacionadas, na medida em que o público crescia pelo Palco Sunset. No término, outra mulher veio à tona, em tom de homenagem: Beth Carvalho foi lembrada nos versos cantados de “Vou Festejar”. O clima da canção nem precisava. Todos já pareciam estar em festa desde muito cedo.

Gogol Bordello e Lenine: vida cigana por vários minutos

Eugene Hutz é um entusiasta. Não por menos que o show do Gogol Bordello, do qual é líder, foi um dos mais empolgantes até então (o seu show lembrou os bons momentos de Vintage Trouble e Grace Potter And The Nocturnals, nos dias anteriores).

Com inúmeras referências à vida cigana em um pouco mais de uma hora, Eugene e companhia deu um banho de canções ao público que, mesmo não cantando em coro, soube reagir tamanha a presença de palco de Eugene e dos demais músicos. “Wonderlust King” e “My Companjera” foram alguns dos pontos altos, que ainda seguiriam com “Immigraniada” e “Start Wearing Purple”.

Foto: Getty Images.

Como se tudo que foi reproduzido não tivesse sido o suficiente, Lenine subiu ao palco. Apesar de ter sido bem aplaudido, “O Mundo” e “Malandrino” não foram tão bem recebidos. O encerramento, com “Pagode Russo”, de Luís Gonzaga sendo tocada mais uma vez no mesmo dia (Ivo Meirelles já havia tocado em seu show), consagrou a noite no Palco Sunset, que teve, ainda, um show solo de Lenine, que acabou sendo atrapalhado pela apresentação de John Mayer. Foi um dos dias menos movimentados por lá, mas de longe um dos mais vibrantes.

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