Coronavírus

Covid-19: indígenas venezuelanos são vacinados em São Luís

Segundo o governo do estado, esse público é considerado de risco por estar diariamente nas ruas.

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h02
Os  Imigrantes venezuelanos começaram a ser imunizados contra o novo coronavírus (Covid-19) na última segunda-feira (21).
Os Imigrantes venezuelanos começaram a ser imunizados contra o novo coronavírus (Covid-19) na última segunda-feira (21). (Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS - Imigrantes venezuelanos começaram a ser imunizados contra o novo coronavírus (Covid-19) na última segunda-feira (21), em São Luís. A vacinação, segundo o governo do Estado, está sendo realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), com o auxílio da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas).

Leia também:

Pelo menos 80% da população adulta de São Luís já tomou a 1ª dose da vacina contra a covid

Covid-19: Grande São Luís está com 92,47% dos leitos de UTI ocupados

Ainda de acordo com o governo do estado, esse público é considerado de risco por estar diariamente nas ruas do Maranhão.

A aplicação da primeira dose da vacina contra o novo coronavírus foi feita no alojamento dos imigrantes na capital maranhense, pela Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma). Na primeira etapa da ação, foram vacinados 15 imigrantes venezuelanos em São Luís, todos da faixa etária dos 18 anos ou mais, sendo três gestantes.

“Nossos profissionais iniciaram, nesta segunda-feira (21), a imunização dos imigrantes venezuelanos. Em São Luís, a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 ocorreu no alojamento deles aqui na capital e, como alguns não se encontravam no local, nos próximos dias, deve ser realizada uma nova busca”, afirma Cheila Farias Caldas, que é coordenadora da Fesma.

Ainda segundo a coordenadora da Fesma, o objetivo da ação é garantir a imunização de toda a população adulta da etnia que se encontra no Maranhão.

Nos próximos dias, além de realizar a busca pelos imigrantes que ainda não foram imunizados na capital, o governo do Estado, também em parceria com os municípios, irá realizar a imunização dessa população em outras cidades maranhenses como Açailândia, Imperatriz, São José de Ribamar e Pinheiro.

Refugiados venezuelanos no Maranhão

Segundo a Sedihpop, os venezuelanos Warao chegam ao Maranhão principalmente por via rodoviária. A secretaria destaca que “o governo do Estado realiza o acolhimento no sentido de disponibilizar serviços públicos para o atendimento dessa população. A disponibilização de abrigos deve partir das prefeituras por meio das Secretarias Municipais de Assistência Social”.

A Sedihpop destaca, ainda, que o Maranhão tem condições de receber mais refugiados, porém é preciso que o governo federal estabeleça políticas mais claras.

“O Estado tem condições de receber mais refugiados e migrantes, mas precisaria que o governo federal oferecesse uma política clara, objetiva e estruturada para os imigrantes e com apoio de recursos financeiros aos estados”, afirma a Secretaria.

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, ela pretende criar um Comitê de Políticas Públicas para Refugiados e Imigrantes.

“A Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) trabalha para instaurar o Comitê de Políticas Públicas para Refugiados e Imigrantes com representantes de vários segmentos do poder público saúde, segurança, trabalho e renda, cultura, entre outros, em articulação com a Defensoria Pública do Estado, Defensoria Pública da União e Ministério Público do Estado, com o objetivo de monitorar e acompanhar a implementação de políticas públicas para imigrantes e refugiados e também para a elaboração do Plano Estadual de Políticas Públicas para Refugiados”, destaca.

Pesquisa da Organização Internacional para Migrações no Maranhão*

Um levantamento feito em 2020 pela Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM) da População Warao, da Organização Internacional para Migrações (OIM), apontou que a maioria dos indígenas venezuelanos Warao que chegaram ao Maranhão possuem até 40 anos e migraram em busca de melhores condições de vida, acesso a trabalho e reunificação familiar.

A pesquisa inédita da OIM traçou o perfil, trajetória da Venezuela ao Brasil e integração socioeconômica dos indígenas venezuelanos Warao que chegaram ao Maranhão. Realizada em parceria com o governo do Estado do Maranhão e o Ministério da Cidadania, essa foi a primeira DTM no Brasil dedicada exclusivamente a povos indígenas e apresentou uma fotografia inédita do perfil do povo Warao em deslocamento pelas cidades de São Luís, Imperatriz e São José do Ribamar.

Segundo a pesquisa, os Warao são hoje o principal contingente de migrantes e refugiados indígenas que chegam da Venezuela ao Brasil. De acordo com dados compilados pela Plataforma R4V, mais de 5 mil indígenas venezuelanos chegaram ao país desde 2016 pela fronteira norte, sendo que aproximadamente 65% deles são da etnia Warao. Na Venezuela, a estimativa é que sejam mais de 50 mil indígenas dessa etnia.

A população Warao está presente nas cinco regiões do país, mas até hoje poucas iniciativas buscaram melhor conhecer o perfil desses indígenas em deslocamento e nenhuma havia focado sua chegada ao Maranhão.

“A produção de informações sobre o perfil dos indígenas Warao é fundamental para que o governo e as organizações envolvidas na acolhida possam tomar decisões baseadas em evidências. Para OIM, conhecer esses dados é poder trabalhar mais perto da realidade encontrada em campo”, ressaltou a coordenadora de projetos da OIM, Natália Maciel.

“No Maranhão, optamos pelo caminho do acolhimento e da promoção de direitos. Os desafios são imensos, mas contamos com o apoio de instituições mais experientes para lidar com este público e desde 2019, temos buscado parcerias para garantir a dignidade dos refugiados que chegam ao estado, como a OIM”, destaca o Secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves.

A DTM indígena no estado do Maranhão foi realizada no mês de março de 2020 e contou com uma amostra de 112 pessoas, divididas em 26 famílias.

*As informações são da Sedihpop.

Leitos de UTI em São Luís

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, em Boletim Epidemiológico divulgado na noite dessa terça-feira (22), que a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com o novo coronavírus (Covid-19) na Grande Ilha está em 92,47%. Isso significa que estão disponíveis 21 dos 279 leitos destinados para pacientes de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, além dos casos graves vindos de cidades do interior do estado.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.