Análise

Decisão sobre público em estádios deve ter base científica

Secretaria Estadual de Saúde (SES) abriu canal de diálogo com clubes e federação para tratar sobre volta de torcedores aos estádios

Thiago Bastos/ Da Editoria de Política

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
Sampaio e Moto estão na final do Campeonato Maranhense 2021
Sampaio e Moto estão na final do Campeonato Maranhense 2021 (Biné Morais / O ESTADO)

São Luís - Após a definição dos finalistas do Campeonato Maranhense de Futebol 2021, com o encaminhamento dos dois clubes de maior tradição do estado – Moto Club e Sampaio Corrêa – voltou à tona o debate sobre a liberação ou não de público nas arenas esportivas. O clamor, em especial, pelas diretorias das agremiações, ganha corpo no aspecto financeiro, tendo em vista a queda de receitas agravada pela pandemia (diminuição na arrecadação de produtos e nas bilheterias).

Além de Moto Club e Sampaio Corrêa, a Federação Maranhense de Futebol (FMF) encampa o processo, por pressão dos clubes e de parte da comunidade simpatizante dos times. A pressão aumentou em agenda realizada na semana passada, com a participação do governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB) e diretores dos clubes.

Na ocasião, membros de Moto e Sampaio (que até então não estavam confirmados na final da competição) pleitearam a agenda junto à Secretaria de Esportes do Maranhão que, por sua vez, “passou a bola” literalmente para a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

A SES sempre tratou o assunto com a prudência necessária, no entanto, em tom mais político do que científico, vem abrindo nas últimas horas a possibilidade de, ao menos, um debate.

Essa discussão, independentemente da situação financeira dos clubes e da necessidade da cadeia produtiva do futebol (bares e venda de produtos alimentícios e de outros gêneros na entrada dos estádios está prejudicada, sem contar a nulidade de receitas de bilheteria) deve se pautar pelo único aspecto científico. O governo, por si só, não pode abrir a porta de estádios somente por pressão dos clubes.

No programa Mirante Esporte da Rádio Mirante AM desta terça-feira, 11, especialistas na área de epidemiologia se expressaram sobre o tema.

Dentre eles, a infectologista Maria dos Remédios Carvalho Branco, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e o epidemiologista Antônio Augusto Moura da Silva. Ambos defenderam a tese de que a liberação de público nos estádios, ainda que em quantidade diminuta e com a adoção de possíveis protocolos, representaria um perigo ao controle epidemiológico do coronavírus, por abrir margem para a promoção de outros eventos do gênero e por não evitar possíveis aglomerações nos acessos ao estádio.

Independentemente da decisão futura sobre a liberação ou não de público nas finais do Maranhense, este parecer deve se calçar única e exclusivamente em parâmetros técnicos e afastar quaisquer argumentos ligados apenas às questões administrativas dos clubes.

Uma liberação suscitaria na adoção de referenciais técnicos de fiscalização, com a garantia de distanciamento social nas partes interna e externa do estádio e inclusão de torcedores testados (contra a Covid-19) com máscaras e uso de álcool gel.

Convenhamos, em uma competição em que jogos tiveram os inícios postergados ou mesmo adiados por ausência de ambulância e profissional de saúde, conforme preconiza o Estatuto do Torcedor, crer na promoção de medidas de distanciamento em uma eventual liberação de torcida faltando menos de uma semana para o primeiro jogo é de um “otimismo” quase utópico.

O governo do Maranhão, que deve se manifestar sobre o tema, deve ser coerente e, assim como em outras medidas restritivas, precisa pautar suas medidas no âmbito da ciência.

Outra postura da SES fora destas condições é “jogar para a galera”.

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