SÃO LUÍS - A presença de adolescentes na criminalidade é algo que ainda surpreende qualquer pesquisador da área criminal. Muitos questionamentos surgem. Para compreendermos porque esses jovens são utilizados em massa pelas facções criminosas, é necessário, primeiramente, estabelecermos uma diferença entre crime comum e crime organizado. No primeiro, o delito é individual. No segundo, é coletivo. A ideia de grupo está estritamente ligada ao aspecto empresarial das organizações criminosas. Portanto, um adolescente é recrutado como uma peça para manter a estabilidade financeira. Além disso, as moças e rapazes são usados para as guerras urbanas, nas quais a vantagem numérica faz toda a diferença.
A onipotência e a instabilidade são características do adolescente. Isso a Psicologia explica muito bem. A palavra adolescente vem de adolesco, uma palavra latina que significa crescer. O adolescente constrói teorias o tempo todo. Jean Piaget discorria sobre isso em suas obras. É o que ele falava sobre período ou estágio operacional formal. Quando um traficante oferece uma vida no crime para o jovem, essa ideia penetra na mente dele, nos seus pensamentos vagos sobre si mesmo. A partir do momento em que o rapaz aceita, significa que a “vida loka” ganhou validade.
Ouça:
*Nelson Melo é repórter de polícia do jornal O Estado do Maranhão. Ele é Bacharel em Comunicação Social, atualmente é pós-graduando em Perícia Criminal. Possui vários artigos publicados em jornais que circulam no Maranhão, sempre sobre o tema da guerra urbana entre facções criminosas, abrangendo aspectos como gangues, sistema carcerário, violência urbana, Criminalística, Direito Penal, educação familiar e escolar, polícia comunitária etc. Além disso, Nelson Melo tem dois livros publicados sobre atuações de facções no Estado do Maranhão: “Guerra urbana – O homem vida loka” e "Guerra Urbana - Morrendo pela vida loka".
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