SÃO LUÍS - O Sol vai surgindo enquanto ela já está de pé organizando a mesa com as garrafas de café e de suco, os depósitos com bolos de sabores variados, beijus, e muito mais. Essa é a rotina de mulheres que garantem o pão de cada dia vendendo o café da manhã àqueles que também levantam cedinho.
"Não tinha outro meio pra viver e, até hoje, eu vivo dessa venda", declara Lúcia de Fátima Costa, de 55 anos, que vende café da manhã no bairro do Bequimão. "Ajuda e muito! Eu uso [o dinheiro] pra pagar as contas, as despesas, alimentação", aponta Chiara Maria Ribeiro, de 41 anos, que tem uma mesa com seus quitutes no bairro São Francisco.
Diariamente, elas vendem entre 5h e 11h. Chiara entrou nesse mercado informal após perder o emprego. Ela assumiu a venda no momento em que a irmã conseguiu se empregar como secretária do lar. Chiara mora de aluguel com o marido que é atendente comercial. Já Lúcia, por sua vez, conseguiu criar o três filhos com o dinheiro da banca que, há 30 anos, tinha apenas bombom.
Dados da Organização Mundial do Trabalho (OIT) mostraram que a diferença entre gêneros no mercado de trabalho quase não diminuiu nos últimos 27 anos e, em 2018, a probabilidade de uma mulher trabalhar foi 26% inferior do que a de um homem, uma melhoria de apenas 1,9% com relação a 1991.
Quando pensam sobre o futuro, elas expõem seus sonhos. "Espero me aposentar e viver minha velhice feliz e tranquila", anseia Lúcia. "Quero ser empreendedora, ter um local adequado. Não de alimentos, mas de roupas, perfumaria. Tenho isso dentro de mim", vislumbra Chiara.
Faça Sol, ou faça chuva, nada tira o ânimo dessas mulheres cheias de talento na cozinha e de atitude. Tias do lanche, como muitos chamam carinhosamente, ou as girls power de uma outra geração talvez, elas serão sempre bons exemplos de mulheres de garra e de fé. "Enquanto Deus permitir, estarei aqui", finaliza Lúcia.
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