SÃO LUÍS – A presença dos dispositivos tecnológicos no cotidiano vem mudando, substancialmente, a maneira de perceber e ter experiências. Para proporcionar novos hábitos e facilitar a vida de deficientes visuais, estudantes do curso de Engenharia de Controle e Automação, da Faculdade Pitágoras, estão dedicados na criação de dois experimentos pioneiros que minimizarão as dificuldades de locomoção encaradas no dia-a-dia. A bicicleta e a bengala utilizam sensores para identificar obstáculos no caminho e proporcionam, ao deficiente visual, a capacidade de melhor locomover-se.
A bicicleta, que funciona com dispositivos de sinalização adaptados à estrutura, detecta os obstáculos no caminho emitindo sinais sonoros para alertar as barreiras. Quatro sensores localizados nas partes dianteira, traseira e laterais auxiliam na condução. “Os sensores ultrassônicos são conectados a uma placa microcontroladora. Cada sensor lê a distância do obstáculo, envia a informação, via cabo, para a placa, que transforma a distância lida em sinais sonoros diferenciados para avisar a localização e a distância dos obstáculos, que pode variar de quatro milímetros a quatro metros”, explica David Rodrigues Lopes Junior, um dos desenvolvedores do protótipo.
Mesmo com o esforço para diminuir as dificuldades na locomoção oferecida pela invenção, a infraestrutura da cidade não segue o caráter inclusivo do experimento. São calçadas quebradas e ausência de ciclovias que inviabilizam a circulação da bicicleta nas ruas. “No primeiro momento, percebemos que a bicicleta é mais recomendada para o lazer em praças e locais amplos, porque, no trânsito, ainda é difícil circular sem riscos para o ciclista”, destaca.
Simulação computacional
Prevendo possíveis dificuldades na operacionalização da bicicleta, os estudantes desenvolveram um programa de computador onde o deficiente pode encontrar uma simulação dos comandos necessários para guiar o veículo. O treinamento usando o computador é o primeiro momento para o uso da bicicleta com dispositivo de detecção de objetos. Segundo Luís Felipe Cabral Campos, integrante da equipe, “a simulação do programa habilita o deficiente visual a reconhecer os sons dos quatro sensores que emitem sinais em tons e frequência diferentes de acordo com a distância dos obstáculos”. Sinais contínuos e alternados são emitidos quando o objeto está muito próximo ou mais distante, respectivamente.
Novo experimento
Já a bengala, com o mesmo sensor ultrassônico fixado na vareta, ajuda a localizar obstáculos verticais acima da cintura da pessoa com deficiência visual, tais como orelhões, carrocerias de caminhões, bancos de praça e mesas. A diferença é que, ao invés de som, a bengala, ao localizar o empecilho, emite vibrações para o condutor e pode ser usada no dia-a-dia da pessoa com deficiência. “O sensor direcionado para frente é capaz de reconhecer barreiras com até a altura de 1,90m e transforma a informação em sinal vibratório”, esclarece. Durante a primeira etapa, o protótipo foi avaliado positivamente pelo público-alvo, que contribuiu com opiniões para aperfeiçoar o experimento. Na segunda etapa, os pesquisadores vão fazer adequações no aparato tecnológico para que o usuário tenha uma experiência mais eficiente. “Depois dos testes, verificamos a necessidade de reduzir o peso e embutir os fios na bengala, pois ela precisa ser dobrável, como as comumente usadas, sem que os fios fiquem expostos”.
Agora, os pesquisadores estudam maneiras de tornar os dois protótipos em produtos. No entanto, a falta de financiamento é um dos fatores que entravam o prosseguimento dos projetos criados com materiais importados de outras cidades. “Todo o material foi adquirido pela equipe e, apesar de ter a intenção de ter baixo orçamento, o financiamento poderia proporcionar a evolução dos protótipos que trazem benefícios para as pessoas com deficiência”.
David acredita que ciência e tecnologia devem, primeiramente, objetivar o benefício e o desenvolvimento da sociedade. “Acima de tudo, nós não queremos mostrar somente a complexidade dos projetos, mas, sim, o impacto social que estas tecnologias podem proporcionar a baixo custo”. A criação dos dispositivos tecnológicos feitos pelos alunos contribui, sobremaneira, para a inclusão das pessoas com deficiência visual, garantindo a acessibilidade e direitos básicos como o de ir e vir.
Aperfeiçoamento
Com a meta de disponibilizar produtos eficientes na locomoção de deficientes visuais, o grupo estuda maneiras para ampliar a possibilidade de homem e máquina atuarem na operação de tarefas. Em 2015, os estudantes pretendem instalar um sistema de posicionamento global (GPS, sigla do inglês global positioning system) para que a bengala possa - além de identificar obstáculos -, traçar trajetos, emitindo comandos como “vire à esquerda” ou “vire à direta” e, assim, o deficiente visual chegue ao destino mais rapidamente.
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