Inovação tecnológica

Blocos de concreto são fabricados com reaproveitamento de madeira

O material sustentável apresenta o dobro de resistência se comparado com os blocos de concreto tradicionais.

Anderson França / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h48
 Os blocos são desenvolvidos no Núcleo de Tecnologia das Madeiras e Fibras do Departamento de Desenho e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foto: Anderson França / Imirante.com.
Os blocos são desenvolvidos no Núcleo de Tecnologia das Madeiras e Fibras do Departamento de Desenho e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foto: Anderson França / Imirante.com.

SÃO LUÍS – Uma tecnologia inovadora criada por pesquisadores maranhenses reutiliza a madeira descartada pela indústria de móveis para fabricar itens úteis na construção de casas e edifícios. O reaproveitamento da matéria prima pode contribuir na redução do impacto ambiental causado pelo concreto tradicional e diminuir o custo dos imóveis.

O doutor em Engenharia Ambiental e diretor do Núcleo de Tecnologia das Madeiras e Fibras do Departamento de Desenho e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Sanatiel de Jesus Pereira, está empenhado em produzir conhecimento utilizando as sobras das madeiras como componente para edificações de interesse social, destinadas às famílias de baixa renda.

 Pesquisador Sanatiel de Jesus Pereira e, ao fundo, corpos de prova criados desde o início da pesquisa para chegar ao protótipo finalizado. Foto: Anderson França / Imirante.com.
Pesquisador Sanatiel de Jesus Pereira e, ao fundo, corpos de prova criados desde o início da pesquisa para chegar ao protótipo finalizado. Foto: Anderson França / Imirante.com.

Os blocos ecológicos elaborados a base das sobras da paparaúba, árvore comum em região de rios, foram submetidos a testes de resistência mecânica e, ao longo de seis anos de pesquisa, comprovou-se que o material sustentável apresenta o dobro de resistência se comparado com os blocos de concreto tradicionais. “A serragem da paparaúba é a madeira ideal. Os ensaios demonstraram que esta espécie é a que apresenta maior compatibilidade com a água e o cimento na fabricação”, explica Sanatiel.

A produção envolve três etapas: a seleção da madeira, a separação por granulometria (processamento da serragem em grãos de diferentes espessuras) e, após a fabricação, é realizado o teste de resistência mecânica para verificar a capacidade de sustentação do bloco. O peso do bloco ecológico é três vezes menor do que o peso do tradicional, feito com cimento, areia, pedra e água. “Os testes foram realizados em parceria com a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) e apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), onde realizávamos avaliações no laboratório de ensaio mecânico da instituição para aperfeiçoar o experimento”.

 Sacos de serragem coletada em fábricas de móveis. Foto: Anderson França / Imirante.com.
Sacos de serragem coletada em fábricas de móveis. Foto: Anderson França / Imirante.com.

O êxito no desenvolvimento do bloco motivou o pesquisador a buscar mais possibilidades para a utilização da serragem. Em 2015, a proposta é criar uma edificação toda construída com itens reutilizados da indústria madeireira. O grupo sob orientação de Sanatiel, atualmente, está pesquisando o uso do material para a fabricação de piso, forro e portas que farão a composição da construção ecológica. “Usaremos máquinas mais avançadas para construção de blocos mais resistentes, buscando aperfeiçoar os materiais que já criamos. Nosso projeto pretende juntar ciência, tecnologia e arte na construção da edificação e outras matérias”, afirma o pesquisador.

Incentivo

A criação dos materiais sustentáveis para construção civil é realizada por um grupo de pesquisadores que têm interesse em buscar soluções inovadoras que contribuam com a sociedade. “Os trabalhos desenvolvidos envolvem o empenho de cinco estudantes da graduação em Desenho Industrial e Design, cada um deles estuda uma possibilidade de uso das sobras da madeira”.

Um dos projetos em desenvolvimento são portas fabricadas com o uso de sobras das chapas de madeira (MDF). São esperados vários impactos positivos com o projeto, como: aproveitamento de resíduos de MDF para a produção de portas, diminuir a pressão na natureza pela redução de lixo e reintroduzir o resíduo industrial na linha de produção.

 Processo de montagem da porta fabricada com reutilização de materiais. Foto: Jonas Sakamoto / Imirante.com.
Processo de montagem da porta fabricada com reutilização de materiais. Foto: Jonas Sakamoto / Imirante.com.

trabalho desenvolvido no Núcleo foi apresentado, no último mês de setembro, em São Paulo, durante o ISWA 2014. O congresso reúne pesquisadores de 68 países para desenvolver a gestão sustentável e profissional de resíduos sólidos. “Nossos alunos receberam muitos elogios durante a exposição da peça. O produto criado é único no mundo”, diz o professor entusiasmado.

 Em 2015, o Núcleo pretende erguer um edifício inteiramente construído com itens resultantes do reaproveitamento da madeira. Foto: Anderson França / Imirante.com.
Em 2015, o Núcleo pretende erguer um edifício inteiramente construído com itens resultantes do reaproveitamento da madeira. Foto: Anderson França / Imirante.com.

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