Reportagem Especial

Mais brasileiros morrem por acidente de trânsito do que por homicídio

Só em 2012, mais de 60 mil mortes por causa de acidentes foram registradas.

Daniel Moraes / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h51
 Sargento da PM João Eudes, morto no mês passado em acidente de trânsito. Foto: Flora Doloes / O Estado
Sargento da PM João Eudes, morto no mês passado em acidente de trânsito. Foto: Flora Doloes / O Estado

SÃO LUÍS – Pode ser difícil de acreditar, mas um levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária mostrou que, no Brasil, morre-se mais no trânsito do que por homicídio ou câncer de pulmão, por exemplo.

De acordo com o Mapa da Violência, mais de 50 mil pessoas são assassinadas no Brasil a cada ano, o que torna o país campeão no número de mortes por homicídio entre os 12 países mais populosos do mundo. No trânsito, o número de mortes é aproximadamente 20% maior. Só em 2012, mais de 60 mil mortes por causa de acidentes envolvendo veículos foram registradas.

O levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária também mostra que mais de 90% desses acidentes são causados pela imprudência dos motoristas. Usar o celular ao volante, dirigir alcoolizado e acima da velocidade permitida são alguns dos principais erros cometidos pelos motoristas brasileiros.

 Foto: Fabrício Cunha / O Estado
Foto: Fabrício Cunha / O Estado

Em São Luís, dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) apontam que, só nos primeiros meses do ano, foram realizados 2.107 atendimentos de ocorrências decorrentes de acidentes de trânsito, entre atropelamentos, colisões, capotagem de veículos e quedas de moto.

Os números são expressivos, mas parecem não sensibilizar os condutores maranhenses. A reportagem foi às ruas e, em poucas horas, pôde flagrar várias irregularidades no trânsito da capital. Fazer retornos irregulares, furar o sinal vermelho e dirigir sem o cinto de segurança e/ou falando ao celular foram umas das imprudências mais percebidas.

 Motoristas desrespeitando o sinal vermelho na avenida dos Africanos. Foto: Douglas Júnior / O Estado
Motoristas desrespeitando o sinal vermelho na avenida dos Africanos. Foto: Douglas Júnior / O Estado

O estudante Edson Silva, 20 anos, morador da Cohab, admite que já foi o causador de um acidente por causa de imprudência. Segundo ele, o estresse foi um fator determinante. “Eu tava muito estressado, por causa de alguns problemas pessoais, e fui dirigir. Acabei descendo aquela avenida da Alemanha a 80 km/h e, quando fui perceber, já tava quase embaixo de um caminhão. Ainda tentei frear, mas não teve jeito”, conta o estudante.

Edson teve sorte por agora não estar fazendo parte das estatísticas de mortes no trânsito brasileiro. Saiu do acidente apenas com ferimentos leves e um prejuízo de R$ 2.100. Outras pessoas, como o sargento da PM João Eudes, morto em um acidente com a moto que pilotava e a caminhonete do médico Marco André Carneiro Salomão que vinha na contramão, não tiveram a mesma sorte.

 Motoristas fazendo retorno irregular na avenida dos Africanos. Foto: Douglas Júnior / O Estado
Motoristas fazendo retorno irregular na avenida dos Africanos. Foto: Douglas Júnior / O Estado

Segundo Catarina Nanini, especialista em trânsito de São Paulo, a vida e os sonhos de muitas vítimas poderiam ser mantidos caso o cuidado e prudência fosse um hábito comum daqueles que compõem o trânsito. “O problema é que muitos motoristas tem vícios no dirigir, por exemplo, muitos não usam o cinto de segurança, ao realizarem uma manobra eles não sinalizam com a seta com antecedência. Outro problema também é aquele pessoal que vai passando no vermelho, que vai passando devagar e vai avançando. São falhas que podem resultar em mortes”, esclarece.

 Motorista de caminhão dirigindo sem cinto e falando ao celular. Foto: Baiman Prado / O Estado
Motorista de caminhão dirigindo sem cinto e falando ao celular. Foto: Baiman Prado / O Estado

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