Farol da Educação

Biblioteca pública: muitos faróis e poucos iluminados

Depredados e mal frequentados, Faróis da Educação fecham para reforma.

Liliane Cutrim/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h52

SÃO LUÍS – A recente publicação do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2014 revela que o deficit de leitura no Brasil é um desafio que precisa ser vencido. Os dados mostram que o poder público deve se empenhar em criar políticas de desenvolvimento intelectual no país para a formação de cidadãos mais ativos socialmente.

No intuito de incentivar a leitura nas comunidades, em 1997, foi criado, no Maranhão, o Projeto Farol da Educação, que consiste na instalação de bibliotecas em vários locais do Estado para incentivar os estudantes e a comunidade em geral a ler.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), o Sistema de Bibliotecas Farol da Educação é composto por 104 unidades, sendo nove localizadas na Região Metropolitana de São Luís e 95 estão distribuídas pelo interior do Estado. O projeto é voltado tanto para a criança, ainda em tenra idade, quanto ao adulto que busca refletir sobre a importância do livro na formação de um cidadão.

Apesar da importância desses locais, alguns estudantes do entorno dessas bibliotecas não mostram interesse pela leitura, como é o caso da adolescente Tallyane Reis, 14 anos, que faz o 7º ano em uma escola que fica ao lado do Farol de Educação no bairro Cidade Operária. Tallyane afirma que nunca visitou o local.

O estudante Antônio de Sousa, 15 anos, que estuda perto do Farol de Educação do bairro Filipinho, afirmou que, também, não tem muito interesse em leitura e nunca entrou na biblioteca. A adolescente Ana Raquel Almeida, que estuda na mesma escola que Antônio, também, não gosta do local. “Nunca entrei no Farol porque é muito chato. Os professores até falam pra gente ir, mas eu não gosto, prefiro pesquisar na internet”, explica a estudante.

De acordo com a Seduc, a média anual de usuários das bibliotecas da Região Metropolitana é de 94.773, o que representa um baixo acesso, levando em conta que a população jovem da capital corresponde a mais de 600 mil habitantes. Mas, entre esses quase 100 mil usuários, está o estudante Ezequiel Costa, 15 anos, que costuma frequentar o Farol da Educação no bairro Filipinho e defende a valorização do local. “Eu sempre venho aqui, pois tem um conteúdo bom. Eu venho fazer pesquisas que os professores passam. O pessoal deveria valorizar mais a biblioteca, o pior é que a maioria dos meus colegas não vem porque acha chato, mas eu gosto. Pena que está em reforma”, disse.

 Estudante Ezequiel Costa. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com
Estudante Ezequiel Costa. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com

A Região Metropolitana de São Luís tem nove Faróis localizados nos bairros do Anjo da Guarda, Bairro de Fátima, Cidade Operária, Filipinho, Renascença, Vinhais e nas cidades de São José de Ribamar e Paço do Lumiar. Todos os nove Faróis da Grande São Luís estão em reforma devido à ação de vândalos e para que tenham o acervo ampliado. O Imirante.com visitou três dos nove Faróis e constatou a precariedade estrutural dos locais e o início das obras.

ANJO DA GUARDA

 No Farol que fica no bairro Anjo da Guarda, apesar da placa de reforma e tábuas de contenção, usuários de drogas ocupam o lugar. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com
No Farol que fica no bairro Anjo da Guarda, apesar da placa de reforma e tábuas de contenção, usuários de drogas ocupam o lugar. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com

CIDADE OPERÁRIA

 Farol da Educação do bairro Cidade Operária é o mais precário. O prédio foi alvo do vandalismo. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Farol da Educação do bairro Cidade Operária é o mais precário. O prédio foi alvo do vandalismo. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
 Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
 No local, um dos vigias armou uma rede pra descansar. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
No local, um dos vigias armou uma rede pra descansar. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

FILIPINHO

 Farol da Educação no Filipinho. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Farol da Educação no Filipinho. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

Segundo a Seduc, enquanto os Faróis da Educação estavam em funcionamento, várias eventos eram realizados para incentivar a leitura, como a Colônia de Férias, Quinzena do Livro Infantil, Clube de Leitura, Feira do Conhecimento, entre outras atividades. Mas, assim que terminar as reformas, os locais voltarão a oferecer um acervo rico e auxílio na formação de crianças e jovens por meio de recursos literários, didáticos e pedagógicos.

O que se espera é que o número de usuários aumente. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a biblioteca é um espaço que serve para ampliar o conhecimento, pois fornece as condições básicas para o aprendizado permanente, autonomia das decisões e para o desenvolvimento cultural dos cidadãos.

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