Direitos Humanos

Sueli Bellato defende uma Educação para formar pensadores

A vice-presidente da Comissão de Anistia do MJ foi entrevistada na <b>Mirante AM</b>.

Pedro Sobrinho / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h56

SÃO LUÍS - A vice-presidente da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Sueli Aparecida Belatto, conversou com o jornalista Roberto Fernandes, no Programa Ponto Final, na Rádio Mirante AM, na manhã desta quinta-feira (20),onde criticou o modelo de educação adotado no país e disse que as universidades não tem cumprido o seu papel de formar profissionais pensadores.

- É fundamental que a gente reveja os valôres que são ensinados ao povo brasileiro e traduzidos como educação. O índice de analfabetos no País ainda é grande. Muita gente que não sabe ler os sinais e outros que não sabem ler a realidade. As universidades tem uma falha educacional. Elas não têm cumprido o seu papel de formar pessoas que sejam pensadoras. Mesmo com o avanço tecnológico no campo da informação, temos um grau de conhecimento menor do que se tinha na década de 70. Fico impressionada ao perceber que no Brasil existem mais farmácias à livrarias, o que não acontece na cidade de Buenos Aires, na Argentina, país vizinho da América Latina - comentou.

Questionada sobre o modelo de polícia existente no Brasil, Sueli se referiu a criação da Polícia Militar argumentando ser um 'ranço da Ditadura Militar' e que não tem exercido o seu papel de proteger o cidadão.

- Não existia a Polícia Militar. Ela foi criada depois da Ditadura Militar no País. Ela não vem cumprido o seu papel de Polícia Cidadã. Existem pessoas suspeitas que ao serem presas, muitas vezes são torturadas e mortas na rua, sem sequer passar por um crivo do Poder Judiciário. Isso acontece, principalmente, com os negros e pobres. É necessário a criação de uma polícia de investigação inteligente e feita para proteger - sugere.

'Joio do Trigo'

A presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça reconheceu o trabalho da comissão, das dificuldades, ainda, enfrentadas. Mas, aproveitou para dizer que não é um compromisso, apenas de governo, mas do Estado, em trazer essa verdade à tona, assim como erradicação da injustiça. Sueli disse que pelo fato de não se ter uma verdade em torno da História no Brasil, algumas pessoas heróis e heroínas sem merecimento.

- Não temos a verdade sobre o meio ambiente. E devemos isso aos povos indígenas, aos quilombos, aos agricultores que conhecem o caminho da roça. Elegemos alguns heróis, a exemplo dos Bandeirantes, que torturam os índios, como paradigmas do bom comportamento. É lamentável que o 'joio se confunde com o verdadeiro trigo para se maquear uma verdade'.

Palestra

A vice-presidente da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Sueli Belatto, está na capital maranhense, onde realizou palestra "Refazendo História e Fazendo Memória: março de 1964". O evento aconteceu nessa quarta-feira (19), no auditório da Uema. Na ocasião, houve homenagem ao bispo de Viana, Dom Xaxier, além de Marta Bispo e o músico/poeta Joãosinho Ribeiro falaram sobre "As Sagradas Escrituras, a Poesia, Música e Arte como Instrumentos de Libertação em Tempos da Ditadura".

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