Opinião

"Maus" atrapalham gestão de Sebastião Uchôa", afirma juiz

Magistrado defende o afastamento de "maus" servidores das Unidades Prisionais.

Pedro Sobrinho / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h59

SÃO LUÍS - "O secretário Sebastião Uchôa está mudando o sistema prisional e, por isto, vem enfrentando a resistência dos "maus". A afirmação foi do juiz da 2ª Vara de Execuções Penais, Fernando Mendonça, em entrevista na manhã desta quinta-feira (19), ao jornalista Roberto Fernandes, no programa Ponto Final, na Rádio Mirante AM.

O magistrado voltou a defender o trabalho que vem sendo desenvolvido pela atual gestão da Sejap a frente do Sistema Prisional no Maranhão. Nessa quarta-feira (18), em uma rede social, o juiz Fernando Mendonça já hávia se manifestado no sentido que o governo não cedesse à pressão de políticos e maus servidores.

- Oxalá, o governo não mexa na equipe conduzida tecnicamente por Sebastião Uchôa e nem ceda à pressão de políticos, aliados a maus servidores, que nos levaram a essa nefasta herança de caos e barbárie - escreveu.

Pressão

Durante a entrevista, o juiz Fernando Mendonça garantiu que Uchoa tem o apoio da sociedade civil organizada, da OAB e Ministério Público. Disse, ainda, que o secretário não tem apoio da bandidagem por ter instaurado vários processos contra os que não aceitam as mudanças dentro da Sejap.

- Uchôa não tem apoio de pessoas do Sindicato e dos maus servidores. É preciso tirar os maus servidores do sistema. O que está acontecendo agora é que as coisas estão mudando com ele e isto está incomodando porque está planejando e organizando o sistema. O Estado Brasileiro tem colocado no sistema de administração penitenciária políticos e pessoas incompetentes para lidar com o assunto. No caso do Maranhão, eu vislumbro com essa gestão uma mudança radical nessa área - assegura.

Ao final da entrevista, Fernando Mendonça destacou que, apesar do esforço de Uchôa, não acredita que ele será capaz de realizar toda mudança no Sistema Prisional do Maranhão de forma isolada.

- Eu não estou imaginando que Uchôa seja a solução para tudo. Eu quero que ele faça a parte dele que é preparar pessoas que possam mudar o rumo das coisas nos presídios. Ele não precisa deste cargo e esta é uma característica imprescindível para quem está lá neste momento. É um homem que tem o conhecimento de polícia para desempenhar esta função. Ele tem facilidade de relacionamento com o Ministério Público, com as polícias e com a sociedade em geral. Tudo isto é muito importante - ressalta.

Sugestões

O magistrado defende o afastamento dos maus servidores do sistema prisional, da descentralização dos presídios e a aplicação correta dos recursos para o setor.

- A grande parte da insegurança que nós vivenciamos nasce dentro do presídio. Lá, estão as organizações e os chefões que controlam a maior parte do que está acontecendo aqui fora. Essa mortandade que existe, hoje, em São Luís é determinada do interior das unidades prisionais. E preciso endurecer acabando com os "maus" servidores, tirá-lo do sistema, aplicar bem os recursos e não haver mais desvios. E preciso descentralizar o sistema para que se construa novos presídios fora de São Luís. A cidade não precisa de mais presídios. Atualmente, nós temos nas unidades prisionais da capital, aproximadamente, 3 mil preso. A maioria vem do interior do Estado. Às vezes, são jovens que cometem um crime em uma bebedeira e chegando aqui são recrutados a assinar uma ficha de filiação em uma facção criminosa. Eles são obrigados a filiar-se e a família quando não paga o que exigido pelos chefões desses grupos organizados, o preso terá que pagar com ações, ou seja, tendo que cometer crimes. Um sistema dessa natureza só aceita bandidos e dificulta o processo de ressocialização - alerta.

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