São Luís

Bando invade aldeia em busca de caminhões com madeira apreendida

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h58

SÃO LUÍS - Cerca de 40 madeireiros armados com revólveres calibre 38 invadiram na manhã de segunda-feira a aldeia Rubiácea, da etnia Gavião,

a 17 km da cidade de Amarante, distante 674 km de São Luís. Os madeireiros pretendiam resgatar três caminhões com 50 metros cúbicos de madeira de espécies de Ipê e Cumaru, que foram apreendidos na semana passada durante a operação Arco de Fogo, desencadeada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Força Nacional. Dois madeireiros foram presos após o ataque e estão na sede da Polícia Federal, em Imperatriz.

De acordo com informações da superintendência regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Imperatriz, os caminhões foram deixados pelos homens da Funai e da Força Nacional na aldeia Rubiácea, ainda na sexta-feira (5), depois que esse carregamento ilegal foi apreendido na reserva indígena Araribóia, etnia Guajajara, também na região de Amarante. A intenção da Funai era levar os caminhões, no início da tarde de segunda-feira, para a superintendência do órgão, em Imperatriz pela reserva Rubiácea. O carregamento de madeira dos três caminhões está avaliado em aproximadamente R$ 18 mil. A madeira teria sido extraída da aldeia Araribóia.

Segundo o indigenista José Pedro dos Santos, que estava na reserva Rubiácea no momento do ataque, um homem ligado aos madeireiros esteve na aldeia Rubiácea, no início da manhã, e percebeu que os caminhões estavam no local e que nele havia apenas mulheres e jovens. Nesse instante, ele avisou aos demais madeireiros que já esperavam por um sinal seu na cidade de Amarante. “Os guerreiros da aldeia estavam fazendo compras em Amarante ou caçando, que facilitou a ação dos madeireiros”, declarou o indigenista.

Reação - Os madeireiros entraram na aldeia com veículos próprios, mas foram surpreendidos pelas índias, que reagiram à ação com machados e facões. Houve princípio de confronto.

Porém, os madeireiros não atiraram nos índios. Nesse instante, a Funai e a PF em Imperatriz foram acionados por outros indígenas que não estavam no confronto, e os agentes dos dois órgãos chegaram na aldeia uma hora após a invasão. Os madeireiros ainda conseguiram levar um dos três caminhões, mas dois integrantes do grupo - Maildo de Araújo Machado, de 39 anos, e Antônio José Ribamar da Silva, de 20, foram presos pelos indígenas. Eles estão custodiados na sede da Polícia Federal de Imperatriz.

Um fato que também chamou a atenção dos indígenas é que os caminhões tinham a logomarca da Prefeitura de Amarante. “Achamos que a Prefeitura poderia ter alguma participação nesse caso”, comentou José Pedro dos Santos. Entretanto, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que o caminhão que estava na aldeia foi usado em serviço para o município até o dia 31 de dezembro do ano passado, data em que o contrato com o dono do veículo foi encerrado.

O indigenista José Pedro dos Santos disse que ontem o clima ainda era tenso na aldeia Rubiácea, visto que surgiram algumas informações extra-oficiais de que outro bando de madeireiros poderia invadir a comunidade como forma de retaliação aos indígenas. Ele informou também que os indígenas pretendem realizar protestos contra a extração de madeira ilegal na região nos próximos dias.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.