Indústria automobilística

Valor médio da compra de carro aumenta no Brasil

Priscila Dal Poggetto/ G1

Atualizada em 27/03/2022 às 13h05

SÃO PAULO - A volta gradual do IPI ao setor automotivo não esfriou a euforia das montadoras e concessionárias. Além de comemorar os recordes de vendas de automóveis e comerciais leves – que acumula de janeiro a outubro 2,493 milhões de unidades, aumento de 7,4% em comparação ao ano passado –, fabricantes e revendedores festejam um novo fenômeno no mercado brasileiro: a sofisticação do consumo. Em outras palavras, os brasileiros têm comprado carros mais caros, fruto de um ambiente de queda de preços, juros mais baixos e alongamento dos prazos de financiamento. Um levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) prova isso. O gasto médio do consumidor brasileiro com a compra de carros passou de R$ 34 mil, em 2008, para R$ 37,8 mil, este ano.

Na ponta do lápis, a diferença é grande para o setor, já que os carros mais caros são os que possuem maior margem de lucro, enquanto os modelos de entrada, os chamados “populares”, trazem uma rentabilidade mais “espremida” para quem produz e para quem vende.

O presidente da entidade, Sérgio Reze, constata que a mudança de patamar de consumo tem feito as montadoras investirem nos lançamentos de veículos com preços acima de R$ 45 mil. “O aumento do poder aquisitivo da população faz com que as montadoras apostassem mais em outros segmentos”, afirma Reze.

Mas o aumento da renda do brasileiro tem refletido, na verdade, em todos os segmentos de carros. Para atrair o consumidor, vale até colocar item de “luxo” em automóvel popular. É o caso das versões com câmbio semi-automático do Fiat Palio, chamado de Dualogic que sai por R$ 37.230, e do Volkswagen Gol, o I-Motion, com preço sugerido pela montadora de R$ 34.605. O I-Motion pode ser equipado ainda com o volante do Passat CC.

A General Motors também decidiu mudar a estratégia de produto. A ideia inicial era lançar o Chevrolet Agile como substituto do Corsa, mas desistiu. Mais equipado do que o “primo”, o novo hatch da marca chegou com preço a partir de R$ 37,7 mil. O reflexo da estratégia já é visto nas vendas de outubro, mês de estreia do modelo, quando foram emplacadas 1.880 unidades. O número de vendas superou o do Clio, carro de entrada da Renault vendido a partir de R$ 25,390 mil, que registrou 1.761 unidades emplacadas no mesmo período.

Para não perder espaço para a concorrente e dentro do próprio portfólio, a Volkswagen elevou o número de itens de conforto oferecidos no novo Volkswagen Fox, o que o distanciou mais ainda do Gol. O modelo equipado, inclusive com teto solar, retrovisores com pisca, sensores de chuva e de estacionamento, pode chegar a custar mais de R$ 45 mil.

Até as montadoras chinesas viram espaço em segmentos mais caros. O primeiro modelo Chery vendido no país, o utilitário esportivo Tiggo, sai por R$ 49,9 mil. Aliás, esportividade é outro apelo na venda de produtos. Os modelos que recebem acabamento diferenciado com itens encontrados em modelos 4X4 ou apenas com detalhes que remetem ao sentimento de “aventura” também têm preços incrementados e ganham cada vez mais espaço no mercado brasileiro. É o caso do Volkswagen Cross Fox, Renault Sandero Stepway e do recém-lançado Nissan Livina X-Gear, que sai por R$ 51.700.

No mundo das picapes, a Fiat apostou na Strada Capine Dupla, com preços a partir de R$ 46,8 mil. Já a Volkswagen investirá em um modelo para concorrer com a Mitsubishi L200 e Toyota Hilux, carros na faixa de R$ 80 mil. Chamada de Amarok, a nova picape da Volks será lançada em dezembro.

O “pequeno luxo” também ganhou espaço no Brasil. Neste ano chegaram todos os modelos super compactos que fazem sucesso na Europa: smart fortwo, Mini Cooper e Fiat 500. O mais barato deles, o smart fortwo sai por cerca de R$ 57,9 mil.

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