Caos

Obras no Socorrão I, em São Luís, estão paradas

Pacientes dividem espaço com materiais de construção.

Diego Torres/O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h06

SÃO LUÍS - Enquanto aguardam atendimento no Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, pacientes dividem espaço com materiais de construção. As obras de reforma daquela unidade de saúde estão paradas há mais de dois meses e, por isso, quem precisa de atendimento de urgência e emergência tem de esperar em um corredor, onde apenas uma divisória de compensado separa os enfermos dos entulhos. Os operários continuam indo para o local, apenas para cumprir horário, já que não têm ordem de serviço para cumprir.

"Essa obra tem causado desconforto total para todos os servidores. A portaria está pronta desde o mês de março. A princípio, entregariam em abril, mas até hoje não tomaram uma providência. Os atendentes ficam expostos a doenças, pois estão em lugares improvisados, muito próximos das pessoas que chegam com ferimentos", denunciou um funcionário que preferiu para não ser identificado. Um operário, que atua nas obras, criticou a demora na realização do serviço. "A gente vem todo dia, mas eles só falam que o material vai chegar. Nessa brincadeira, já são quase dois meses que estamos sem trabalhar", destacou, sem identificar-se, também, por temer represálias.

O Estado conseguiu entrar no Socorrão I, onde, além de constatar o cenário já descrito, pôde identificar vários outros problemas que acontecem diariamente no local, desrespeitando quem necessita de atendimento médico da rede pública de saúde. Logo na entrada, um funcionário da portaria da empresa Maranhense Segurança e Vigilância (MASV) agrediu, com um cassetete, uma paciente que reclamava da demora no atendimento. A mesma foi levada imediatamente para uma sala reservada, onde ninguém pôde se aproximar.

Os funcionários da unidade médica de emergência revelaram que presenciam constantemente muitas cenas de descaso com os cidadãos. Porém, deixaram transparecer grande temor quando tomaram conhecimento de que se tratava de um órgão da imprensa. "Tem muita coisa errada aqui, muita mesmo, mas infelizmente eu não posso falar, porque, se me ouvirem conversando sobre esses problemas, podem me demitir", desabafou um funcionário da limpeza.

Até os pacientes têm medo da represália contra si e seus parentes. Uma mulher, que foi identificada apenas como "Bruna", contou que estava desde o início da manhã aguardando a cunhada ser atendida na sala de raio-x. Ela disse que, antes de chegar ao hospital, passou pelo Socorrinho, no São Francisco, e lá conseguiu apenas uma consulta rápida, antes de ser encaminhada para o Socorrão I.

Durante a conversa, uma auxiliar de enfermagem saiu da sala de raio-X, avisando ao segurança e às demais enfermeiras que precisava ir até ao setor de manutenção, para resolver o problema da máquina, a única do Socorrão I. "Bem aqui do lado tem um senhor que está sozinho. Parece que não tem ninguém do hospital para ver a situação dele", comentou Bruna.

Outra reclamação feita pela mulher diz respeito à demora no preenchimento dos formulários. "Os atendentes querem fazer a ficha completa das pessoas e as deixam esperando por muito tempo. É um desrespeito a todos", reclamou.

No momento em que o repórter fotográfico Douglas Júnior, de O Estado, registrava a situação caótica da unidade médica, um dos seguranças tentou tomar sua câmera - o mesmo que agrediu a paciente na entrada. Um dos diretores o abordou e perguntou de onde partiu a denúncia, justificando o medo dos funcionários de reivindicar e falar abertamente sobre os problemas.

Reforma

A reforma do Hospital Clementino Moura já vem se arrastando desde o fim do ano de 2008. Procurada para prestar esclarecimentos sobre o andamento das obras e quando acontece a entrega das novas alas, ninguém da assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) foi encontrado.

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