SÃO PAULO - “Procurar por água é procurar por nós mesmos.” A frase, de Jim Bell, professor de astronomia da Universidade de Cornell (EUA), soa filosófica, mas resume o sentido da busca e da análise incessante dos cientistas sobre a presença do elemento nos planetas do Sistema Solar.
Bell apresentou nesta quinta-feira (6) à noite a conferência “Água nos planetas”, na 27ª Assembleia da União Astronômica Internacional. O evento, que está sendo realizado no Rio de Janeiro, começou dia 4 e segue até o dia 14.
“A existência de água – componente chave dos processos climáticos, geológicos e geoquímicos na atmosfera, na superfície e no interior dos planetas – é fundamental para a definir se um planeta é habitável ou não”, comenta Bell.
Nem todo mundo sabe, mas os planetas gasosos Urano, Netuno, Júpiter e Saturno contam com pequenas porcentagens de água em sua composição. Dos planetas telúricos ou rochosos Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, apenas o primeiro pode ser considerado seco, ou seja, não tem água ou qualquer substância líquida.
A Terra tem 70% de sua superfície coberta por água. No caso de Vênus, foram observados traços de H2O na atmosfera.
Marte
Mas Marte é o caso mais intrigante. Bell, estudioso do assunto há cerca de dez anos, ressaltou que não só já foi comprovada a existência de água por lá, como já se sabe que o planeta vermelho era habitável. Esse corpo celeste frio, seco e com uma atmosfera muito fina, tinha no passado um clima muito diferente.
As conclusões se devem à descoberta da presença de minerais hidratados, que só podem ter sido formados a partir de água em estado líquido ou pela evaporação de depósitos de água salgada. Reforçam a tese indícios geológicos como crateras e sulcos na superfície de Marte, indicações de que havia depósitos de água, lagos ou, quem sabe até, oceanos.
“Dentro de bilhões de anos, o gelo de Marte vai derreter e o planeta vai ficar muito parecido com a Terra”, prevê o cientista. Questionado sobre o futuro do nosso planeta, brinca: “Temos de sair daqui, mas isso só acontecerá daqui a muito tempo, não é preciso se preocupar.”
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