SÃO PAULO - O diretor de Administração, Finanças e Relações com o Mercado da Sadia, Luiz Murat, criticou a decisão de grandes redes de supermercados de boicotar produtos de fabricantes que estão aumentando os preços. Segundo ele, que classificou a medida de 'radical', os fornecedores também têm suas forças. O executivo disse que nesta guerra com o varejo, a indústria pode priorizar os pequenos mercados e as lojas de bairro como uma alternativa aos grandes.

- Para toda medida radical corresponde outra medida radical. Tenho compromisso com meus funcionários e acionistas. Com certeza não venderemos nossos produtos com prejuízo. Já deixamos de ter nossos produtos nas gôndolas de grandes redes de supermercado no passado - afirmou Murat.

Pelas contas da Sadia, o preço médio de seus produtos industrializados acumula queda de 6,51% de janeiro a setembro de 2002 e o preço médio das aves registra uma redução de 16,48% no mesmo período. Em compensação, a inflação nos nove primeiros meses do ano soma 10,54% no país (pelo IGP-M) e 3,83% em São Paulo (pelo IPC da Fipe). Além da alta do dólar, que elevou os custos, Murat observa que houve uma valorização dos produtos agrícolas como soja e milho no mercado internacional. Soma-se a esses aumentos os reajustes da energia e do combustível.

- Nossa indústria não tem margem suficiente para não repassar custos. Estamos preocupados com a volta do processo inflacionário no Brasil - disse Murat.

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