Documentário sobre "Os Desajustados" revela o fim de Marilyn Monroe

CNN

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

O título parecia uma premonição. "Os Desajustados", último filme completado por Marilyn Monroe e Clark Gable, reuniu grandes astros, um orçamento astronômico para a época e uma série de problemas.

Rodado quase exclusivamente em Reno, Nevada, de julho a novembro de 1960, o filme foi um dos mais caros já feitos em preto-e-branco. Escrito pelo dramaturgo Arthur Miller, então marido de Marilyn, "Os Desajustados" acabou causando mais comentários pelo que não mostrava do que por suas cenas em si.

Os freqüentes atrasos da estrela, atribuídos ao seu vício em comprimidos para dormir, irritavam os dois outros astros do filme, Clark Gable e Montgomery Clift, além do diretor John Huston.

Agora, os bastidores das filmagens podem ser vistos em "Making The Misfits" ("Fazendo Os Desajustados"), um documentário que estreou esta semana nos Estados Unidos.

Em uma hora, o filme apresenta entrevistas com Arthur Miller, com os atores coadjuvantes Eli Wallach e Kevin McCarthy e com curiosos como Harry Spencer, um publicitário que estava hospedado no Mapes Hotel, o mesmo onde ficaram os integrantes do elenco.

"Fiquei desapontado porque Marilyn Monroe era tão vaga e não se podia manter uma conversação com ela", diz Spencer.

O documentário apresenta ainda fotos raras tiradas dos astros durante as filmagens. Segundo a diretora Gail Levin, era hora de reexaminar "Os Desajustados".

Na opinião de Levin, embora tenha sido rejeitado pela crítica e pelo público na ocasião de seu lançamento, em 1961, o filme "é um daqueles que ainda vive, tem áurea e mística para isso".

A despeito do elenco estelar e do aclamado diretor, deu tudo errado durante as filmagens, a julgar pelo documentário.

Segundo Spencer, Clark Gable chegava ao set de filmagens entre 7h30 e 8h, com o texto decorado e pronto para filmar. Mas Marilyn só aparecia ao meio-dia, não parecia concentrada e levava muito tempo para fazer suas cenas corretamente.

O fim de uma era

As filmagens se arrastaram, não só devido aos atrasos de Marilyn Monroe, mas também a uma overdose de drogas que a levou a buscar tratamento em Los Angeles. A atriz e Arthur Miller ocuparam quarto distintos durante as filmagens e se separaram pouco depois.

O dramaturgo havia escrito o roteiro do filme para a mulher, na tentativa de devolver-lhe a auto-estima perdida em conseqüência de um aborto espontâneo.

Apenas 12 dias depois do encerramento das filmagens, Clark Gable morreu de um ataque cardíaco, aos 59 anos. Menos de 21 meses depois, Marilyn morreu, aos 36 anos, vítima de uma overdose que foi considerada um suicídio.

Montgomery Clift ainda fez diversos filmes antes de morrer, aos 45 anos, em 1966.

Segundo Gail Levin, o filme marca o fim de uma era.

A confusão entre vida real e arte é marcante no filme porque os atores interpretaram seus personagens como se fossem eles mesmos, na opinião da diretora.

O filme conta a história de um cowboy envelhecido, mas sensível, vivido por Gable, um perturbado e bondoso peão de rodeio (Clift) e uma mulher divorciada e insegura, na pele de Marilyn Monroe.

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