Tensão e reclamações marcam debate na Paraíba

Agência Nordeste

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

JOÃO PESSOA - O debate com quatro dos sete candidatos ao Governo do Estado da Paraíba, promovido na noite de ontem pela TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo, foi marcado pela fraca e decepcionante participação da candidata Ana Mangueira (PSB) e pelo considerado surpreendente desempenho do governador Roberto Paulino, candidato da coligação Pra Frente Paraíba, que conseguiu se livrar dos ataques do candidato tucano, Cássio Cunha Lima, apresentar as principais obras do Governo Maranhão/Paulino e ainda denunciar a retaliação do governo Fernando Henrique contra a Paraíba, de acordo com o jornal CORREIO DA PARAÍBA.

O candidato Avenzoar Arruda, da coligação Um Novo Caminho, confirmou a impressão de que é um dos candidatos mais preparados e conhecedor dos problemas do Estado, além de que representaria a mudança mais radical, caso fosse eleito. O candidato Cássio Cunha Lima, da coligação Por Amor à Paraíba, aproveitou o debate para repetir o discurso que fez e todas as propostas que apresentou no Guia Eleitoral nos últimos 45 dias, não apresentando, portanto, praticamente nada de novo.

A avaliação de analistas políticos e os resultados de pesquisas por telefone, realizadas ontem à noite, indicaram que, visivelmente nervoso, Cássio perdeu o debate e que os vencedores foram Avenzoar Arruda e Roberto Paulino, com vantagem para o candidato da coligação Pra Frente Paraíba, que teve a coragem de participar de um programa numa emissora de propriedade de adversários políticos, ao contrário do candidato tucano que fugiu do debate promovido pela TV Correio.

A candidata Ana Mangueira foi uma decepção. Se perdeu na elaboração das perguntas e nas respostas e ainda tentou ajudar o candidato Cássio Cunha Lima, elogiando iniciativas da Prefeitura de Campina Grande.

Paulino voltou a denunciar que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, apoiado por Cássio Cunha Lima, continua discriminando a Paraíba, não liberando os recursos que o Estado tem direito para investir em obras e ações sociais. “Fui o primeiro governador do Brasil, fora do PT, a anunciar apoio a Lula. Por isso, sofro retaliações. Existem recursos de convênio, na ordem de R$ 35 milhões, nos bancos, mas o dinheiro não é liberado, somente porque apoiei Lula”, disse Paulino.

Respondendo a Avenzoar, Cássio garantiu que não vai privatizar a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa). “A Cagepa será mantida”, disse. Ele declarou que fez a privatização da Companhia Energética da Borborema (Celb) dentro da lógica nacional e não fez a avaliação pedida pelo petista sobre o programa de privatizações do Governo FHC.

O tucano prometeu garantir apoio ao setor industrial e dar um tratamento especial às empresas que acreditam na Paraíba. “Não podemos, apenas, tratar bem as empresas que vêm de fora. Vou trabalhar em parceria para que possamos crescer juntos”, frisou.

Roberto Paulino disse que o Governo tem incentivado a economia da Paraíba, em todo os aspectos. “No setor primário, concedemos incentivos a quem planta. Na Paraíba, se pagava imposto do queijo, do leite e do abacaxi. Mandei para a Assembléia o projeto do Imposto Simplificado, o Simples”, frisou Roberto Paulino.

Avenzoar Arruda prometeu ampliar a rede de abastecimento oferecendo água tratada para a população do interior que não tem esse benefício. “Temos que fortalecer a Cagepa, para ter garantida a política de saneamento”, disse o petista.

Roberto Paulino disse que existe um clima de insatisfação e ressentimento da população de Campina Grande, em relação a Cássio e perguntou como o tucano avalia a questão. “Reconheço que nem Jesus Cristo agradou a todo mundo”, disse, acrescentando que o candidato Roberto Paulino utilizou depoimentos de marginais e assessores de deputados para atacá-lo no programa eleitoral. “Mas o povo de Campina vai escolher o mais preparado e mais capaz”.

O clima nos bastidores do debate na TV Cabo foi agitado e cheio de confrontos entre os assessores dos candidatos. Os partidários de Avenzoar Arruda e Roberto Paulino reclamaram de mudanças nas regras estabelecidas e de supostas manobras para beneficiar o candidato Cássio Cunha Lima, cujo pai, o senador Ronaldo Cunha Lima, tem como suplente o empresário José Carlos da Silva Júnior, proprietário da emissora responsável pelo debate.

A primeira ocorreu quando o mediador do debate, o jornalista André Luiz de Azevedo, no primeiro bloco, concedeu um tempo de um minuto e meio a mais ao candidato Cássio Cunha Lima, da coligação Por Amor à Paraíba, a título de réplica da tréplica, o que não constava das regras estabelecidas e acordadas entre a assessoria dos candidatos. O apresentador pediu desculpas no ar, mas os demais candidatos não tiveram o direito de usar o tempo concedido a mais ao candidato do PSDB.

A segunda reclamação se deu em relação a mudança do enquadramento da câmera que focava Cássio. No primeiro bloco, com enquadramento em plano aberto, foi possível notar que suas mãos estavam tremendo. Nos blocos seguintes, o câmara fechou o enquadramento em Cássio, apresentando-o em plano fechado, para esconder suas mãos trêmulas. Os assessores de Avenzoar e Paulino entenderam que houve uma manobra para beneficiar o candidato tucano.

Os petistas também reclamaram do plano de enquadramento dado ao candidato Avenzoar Arruda, que sempre era focado de lado, o que teria causado alterações negativas em seu perfil. O governador Roberto Paulino chegou a reclamar no ar que os técnicos da TV Cabo Branco mudaram repentinamente a câmara destinada a captar sua imagem. “Minha câmara é essa. Não mudem as regras”, protestou Paulino, de dedo em riste.

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