ANP: governo pode intervir no gás até fim das eleições

GloboNews.com O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 15h31

RIO - A intervenção do governo na política de preços do gás de cozinha (GLP) poderá durar até o fim do período eleitoral. A estimativa foi feita pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Sebastião do Rego Barros, durante o 17º Congresso Mundial de Petróleo, no Rio. Segundo ele, é 'muito provável' que o governo deixe de intervir ou subsidiar os preços do gás de cozinha após as eleições, embora o diretor-geral da ANP diga que a data não seja um fator determinante

Para Rego Barros, a turbulência política tem sido uma das responsáveis pelas oscilações dos preços do gás, juntamente com a crise cambial e as cotações do petróleo no mercado internacional.

- O período (de intervenção do governo) será o mais breve possível. Tão logo tenhamos o fim de uma fase internacional em que os preços do petróleo estão muito influenciados por razões políticas e o fim dos ataques especulativos à economia brasileira, também influenciados por razões políticas, esperamos a volta à liberdade de preços - declarou Rego Barros.

- Gostaria de dizer que a intervenção se deveu a três fatores. Uma é o fato de haver até o fim do ano passado um subsídio a todos os consumidores, que foi substituído pelo vale-gás e que atinge apenas uma parte deles. O segundo motivo é o aumento da cotação dos preços do petróleo em nível internacional e o terceiro, a valorização do dólar em relação ao real.

Rego Barros evitou também indicar um patamar esperado para os preços do botijão. Em agosto, o governo determinou que a Petrobras reduzisse em cerca de 12% os preços do botijão de gás vendidos nas refinarias.

- Desejamos que os preços baixem sem datas especificas e sem um nível estipulado - disse.

O presidente da Petrobras, Francisco Gros, explicou que o fato de a Petrobras dominar o mercado de GLP não é uma decisão da empresa.

- Um dos argumentos do órgão regulador (para mandar baixar os preços) é que esse mercado é monopolista. A Petrobras fornece tudo. Quero que fique muito claro que essa não é uma opção da empresa. Nós defendemos um mercado competitivo e vamos continuar com essa posição - afirmou.

Gros defendeu um aumento na importação de petróleo e derivados por parte dos agentes do mercado. Segundo Gros, essa seria a melhor forma de aumentar a competição. O executivo lembrou que todos os mercados de importação estão abertos e que a estatal já não compra quase gasolina e diesel do exterior.

Perguntado se os agentes de mercado não querem participar porque não há como competir com os preços da Petrobras, Gros afirmou que a abertura do mercado pressupõe um sistema de preços paritários com os do mercado internacional. Se não for assim, continuou, será preciso voltar ao monopólio.

Regras - O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, do 17º Congresso Mundial de Petróleo e da Repsol YPF Brasil, João Carlos de Luca, cobrou do governo um caráter provisório para a intervenção no preço do gás de cozinha. De Luca, que considera 'legítima' a tentativa de redução dos preços, disse que a consolidação das regras do setor é o maior desafio para o segmento de petróleo e gás no país.

- Entendemos como legítima a tentativa do governo de estabelecer o preço para o GLP, que afeta principalmente as classes mais baixas. Mas as medidas devem ter caráter temporário e uma política clara - afirmou.

Segundo De Luca, as empresas estrangeiras que atualmente investem no Brasil foram atraídas por um modelo em linha com atividades internacionais.

- Qualquer tentativa de mudança seria um retrocesso.

Rego Barros participou da plenária sobre sustentabilidade da indústria de óleo e gás no Brasil, juntamente com o ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, o presidente da Petrobras, Francisco Gros, e De Luca.

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