Jackson contesta denúncias de desvio sem apresentar provas

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 15h31

Jackson contesta denúncias de desvio sem apresentar provas

Ex-prefeito não mostrou documentos que desmintam reportagem da IstoÉ

O candidato da Frente Trabalhista, Jackson Lago (PDT), falou pela primeira vez ontem, no programa eleitoral da sua coligação, sobre as deúncias de desvio de recursos públicos durante sua administração na Prefeitura de São Luís, feita na última edição da revista IstoÉ. Numa espécie de entrevista montada - com perguntas pré-definidas - Jackson usou palavras como “calúnia” e “perseguição” para se defender das acusações. Mas não apresentou nenhum documento novo para contestar as informações da revista.

De acordo com a IstoÉ, foram desviados, somente no ano 2000 – ano da reeleição do então prefeito –, cerca de R$ 13 milhões dos cofres da Coliseu, em contratos irregulares e sem licitação, aluguel de carros sem contrato formal e pagamento de pessoal. Outros R$ 6 milhões foram gastos pela Secretaria de Educação em dois contratos, sem licitação, com o Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede) e a Fundação Sousândrade.

A reportagem revela ainda que a Secretaria de Saúde gastou R$ 18,5 milhões, no ano da reeleição de Jackson Lago, em contratos com clínicas particulares, sem concorrência pública.

Toda a reportagem é baseada num relatório de 40 páginas, assinado por sete auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Documentos – Sem mostrar novos documentos contestando a reportagem da “IstoÉ”, Jackson Lago apelou para o emocional. Acusou o grupo do governador José Reinaldo Tavares pelas denúncias e disse que “sofre com as acusações”.

O único documento que exibiu no programa foi a mesma certidão do Tribunal de Contas que apresentou como defesa às acusações reveladas por IstoÉ. “Tenho uma certidão do TCE que diz que minhas contas, desde 1989 até 2001, nunca foram desaprovadas”, justificou o ex-prefeito de São Luís. Só não disse que, assim como não foram desaprovadas, também não foram aprovadas.

Segundo o presidente do TCE, conselheiro Yêdo Lobão, as prestações de contas de cada prefeito são apreciadas pelo pleno do tribunal baseadas no relatório dos auditores. Ou seja, quando forem apreciar as contas de Jackson referentes ao ano 2000, os conselheiros levarão em conta o relatório apontando desvio de recursos da ordem de R$ 37 milhões.

Denúncias e explicações - De acordo com a revista “IstoÉ”, a Coliseu gastou R$ 2,3 milhões com pessoal, mas não apresentou nenhuma comprovação ao TCE. Também foram apresentados gastos com veículos de R$ 7,3 milhões, também sem comprovação. Ainda na Coliseu, o TCE encontrou irregularidades no aluguel de carros para a diretoria, de quase R$ 1,5 milhão.

O que disse Jackson - Não contestou nenhuma das denúncias. Classificou as irregularidades apontadas pelo TCE de “falhas administrativas”. Disse apenas que a “Coliseu passou por um período de dificuldades”, ignorando o estado de falência da companhia. Sobre o relatório do TCE, apresentou uma certidão do órgão que diz que suas contas de 2000 ainda não foram julgadas.

A denúncia da Semed - Segundo o relatório do TCE, a Secretaria Municipal de Educação firmou, em 2000, contrato de consultoria com o Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede), no valor de R$ 2 milhões, sem licitação. Para os auditores, o contrato foi assinado “de forma, além de irregular, incomum em órgãos públicos.

O que disse Jackson - O prefeito negou ter contrato sem licitação na Semed. “A lei exige a licitação”, ressaltou. Mas não apresentou nenhum documento provando a existência da concorrência pública nos dois contratos apontados como irregulares pelos auditores do TCE.

A denúncia da Semus - O relatório apontou também que a Secretaria de Saúde firmou contrato no valor de R$ 18 milhões com várias clínicas particulares, também sem concorrência pública, no ano da reeleição de Jackson Lago.

O que disse Jackson - O candidato da Frente Trabalhista sequer tocou no assunto envolvendo a Secretaria de Saúde. Optou por classificar as denúncias de “calúnia e perseguição dos nossos adversários”. Segundo Jackson, as denúncias fazem parte do esquema para tentar destruir sua candidatura a governador.

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