Comissão da Verdade

CNV apresenta relatório da morte de Epaminondas

Emoção marcou o enterro dos restos mortais do líder comunista.

Diana Cardoso/Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h51
 Comissão da Verdade apresenta relatório sobre a morte de Epaminondas Gomes de Oliveira. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)
Comissão da Verdade apresenta relatório sobre a morte de Epaminondas Gomes de Oliveira. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)

IMPERATRIZ – Representantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV), estiveram na tarde desse domingo (31), no município de Porto Franco, distante 97 km de Imperatriz, para apresentar às autoridades, amigos e parentes os resultados das investigações sobre o caso do líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, morto sob custódia do Exército durante a Ditadura Militar.

[e-s001]

Após explanação do relatório da investigação pela a CNV, os restos mortais do líder comunista foram entregues aos parentes. O frei Joelmir, do município, presidiu uma celebração religiosa, em seguida os parentes e amigos levaram a pé, o caixão até o cemitério local onde ocorreu o enterro, em jazigo ao lado da esposa Evelina Rocha de Oliveira, que morreu em 2004.

[e-s001]

O investigador da polícia Epaminondas de Oliveira Neto, mais de 30 anos de sua vida reunindo documentos que comprovassem a morte por tortura de seu avô.

 Epaminondas foi morto sob custódia do Exército durante a Ditadura Militar.. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)
Epaminondas foi morto sob custódia do Exército durante a Ditadura Militar.. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)

“Muito trabalho, muitas pessoas me ajudaram a chegar até aqui. Hoje, 30 anos depois, temos a certeza de dever cumprido, nos sentimos aliviado por enterrar o nosso ente querido”, afirma.

 Os restos mortais do líder comunista foram entregues aos parentes. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)
Os restos mortais do líder comunista foram entregues aos parentes. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)

Epaminondas Neto ressalta, ainda, bastante emocionado, que os parentes não sabiam do trabalho que ele desenvolvia, nem mesmo seu pai.

“Não quis expor minha família, entrei na polícia para esclarecer o caso, eles não sabiam o que eu estava fazendo, fiz tudo em silêncio. Nem para o meu pai eu confiei em falar do trabalho de investigação do meu avô que fazia, porque seu eu tivesse falado ele teria pedido para eu parar”, confessou.

 Epaminondas de Oliveira Neto, passou 30 anos de sua vida reunindo e catalogando documentos que compravessem a morte de seu avô. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)
Epaminondas de Oliveira Neto, passou 30 anos de sua vida reunindo e catalogando documentos que compravessem a morte de seu avô. (Foto: Diana Cardoso/ Imirante Imperatriz)

Hoje, segundo ele, uma parte do caso foi esclarecida, o próximo passo será mudar o atestado de óbito que atesta morte por causas naturais.

O gerente de projetos da CNV, Daniel Josef Lerner, explica que a investigação foi um trabalho minucioso que começou com uma pesquisa documental a partir da operação denominada de Mesopotâmia, que buscava indícios de guerrilha na região do Bico do Papagaio, entre os Estados de Pará, onde hoje é o Tocantins.

“Encontramos a comprovação que Epaminondas foi perseguido, torturado aqui e em Brasília, com choques e depois veio a óbito. É um trabalho difícil, mas que consegue encerrar todo um ciclo”, afirma Daniel Lerner.

O médico legista da CNV, Aluísio Trindade, explica que dados antropológicos como imagens do crânio e uma restauração dentaria foram determinantes para conclusão do laudo que comprova que que os restos mortais exumados são de Epaminondas.

“Já tinha um indicativo de que provavelmente os vestígios já se tratava dos restos mortais de Epaminondas em Brasília, porque, fizemos uma série de analise, sobre o sexo, idade, material odontológico, comparação entre o crânio exumado e a fotografia dele”, explica.

Entenda o caso

A Comissão Nacional da Verdade foi criada com o objetivo de investigar crimes cometidos pela Ditadura Militar.

Em outubro do ano passado representantes vieram até Porto Franco colheram mais de 40 depoimentos de testemunhas e parentes de Epaminondas Gomes, que morreu em 20 de agosto de 1971, quando estava sob custódia do exército, aos 68 anos de idade.

Na declaração de óbito emitida pelo exército, consta como causa da morte anemia e desnutrição, no entanto, a CNV concluiu que o líder comunista foi torturado com choques, no Maranhão e em Brasília, onde morreu.

Epaminondas foi prefeito de Pastos Bons, cidade onde nasceu.

Exumação

Os restos mortais de Epaminondas Gomes de Oliveira foram exumados, a pedido da CNV, em 24 de setembro de 2013.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.