Opinião

Cautela e sensibilidade

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Não existem mais dúvidas que o país já voltou totalmente à normalidade, com a retomada de atividades presenciais, ou seja, a população tem a sensação de que a vida voltou da forma como a conhecíamos antes da pandemia da Covid-19. Tudo isso, evidentemente, proporcionado pelo avanço da vacinação de adultos e jovens.

Embora especialistas insistam nas medidas de segurança, como o uso do álcool em gel e da máscara, esse acessório, ao que tudo indica, está com os dias contados para o desuso. Hoje, o que se vê com bastante frequência são pessoas sem máscara, principalmente, em lugares abertos. O relaxamento é crescente. Em alguns locais, como shoppings e supermercados, a exigência é mantida.

Os governos estaduais já estudam a flexibilização do uso de máscaras, nas próximas semanas, em ambientes externos e voltaram a sinalizar que devem permitir a realização do Carnaval em 2022. Os anúncios, evidentemente, têm se baseado na queda das internações e óbitos por covid.

Entre os cientistas, há um consenso de que o novo coronavírus não irá desaparecer e continuará circulando em níveis baixos e previsíveis no futuro. Por outro lado, alguns pesquisadores concordam que, caso os indicadores atuais se mantenham e a vacinação atinja mais de 90% da população, é possível liberar festas e desobrigar o uso de máscaras em eventos ao ar livre.

O pesquisador Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, defende uma maior cautela e sensibilidade dos gestores públicos. Segundo ele, ao anunciar agora que haverá Carnaval em 2022, as prefeituras movimentam uma enorme cadeia de negócios que se prepara para o evento e que dificilmente seria desmobilizada caso aconteça algo e a festa tenha que ser cancelada.

Já a médica epidemiologista Ana Maria de Brito, também pesquisadora da Fiocruz, acha que nem a realização do Réveillon, que está mais próximo, deveria ser prevista no atual estágio da pandemia no Brasil, com o registro de casos todos os dias. A liberação das aglomerações, neste momento, segundo ela, coloca em risco, inclusive, outros países.

Um estudo para flexibilizar o uso de máscaras está em fase de finalização no Ministério da Saúde, que deverá prever que a decisão sobre a dispensa do acessório de proteção contra a Covid caberá a cada município.

A partir do relatório, a pasta irá estabelecer parâmetros com base em taxas de transmissibilidade, vacinação e demanda por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para recomendar a derrubada do uso obrigatório do item. O ministério planeja, assim, orientar a liberação das máscaras em municípios que atinjam os indicadores definidos pela própria pasta.

As cidades, no entanto, terão autonomia para optar se seguem ou não a orientação da Saúde para liberar o uso obrigatório do item. O Supremo Tribunal Federal já determinou que os municípios têm liberdade para tomar esse tipo de decisão, independentemente da posição do governo federal. Mesmo assim, o Ministério da Saúde tem enfrentado pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para publicar orientações flexíveis. Ele já foi visto em diversas ocasiões sem máscara e foi multado por desrespeitar regras sanitárias.

Em junho deste ano, o presidente anunciou que o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) preparava um parecer sobre a medida. A regra frouxa seria para quem já foi vacinado contra a covid ou já se infectou com o coronavírus. Desde então, o ministro, que defendia o uso das máscaras, passou até a criticar a obrigatoriedade do acessório de proteção. Queiroga já afirmou que planeja flexibilizar o uso de máscara no Brasil em breve. Segundo ele, leis que obrigam o uso do equipamento são ineficazes e o ideal é conscientizar a população.

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