Pobreza Menstrual

Seduc faz distribuição de absorventes em escolas

Dados da ONU, no Brasil, mostram que 25% das meninas de 12 a 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Entrega aconteceu ontem
Entrega aconteceu ontem (absorventes)

São Luís - A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) deu início à distribuição de absorventes para estudantes da rede pública estadual. A ação visa combater a chamada pobreza menstrual, que afeta estudantes de famílias com baixo poder aquisitivo em todo o Brasil, por causa da carência de acesso a produtos para uma boa higiene no período da menstruação. A distribuição se iniciou nesta sexta-feira (15), no Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, às 9h30, pelo secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão.

A medida é uma forma de garantir saúde e acesso à educação para adolescentes. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, 25% das meninas entre 12 e 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes.

“Eu estou muito feliz com essa iniciativa, porque precisamos muito. Já aconteceu de várias amigas minhas terem que pedir para ir para casa e não conseguirem assistir aula. Eu mesma, já passei por isso. E nós temos vergonha de explicar a situação, então, essa distribuição importa muito”, relata a estudante Raquel Santos, de 17 anos.

A professora Keila Araújo, que também estudou e cresceu no bairro Coroadinho, celebra a conquista como se fosse sua, pois se recorda de quando vivia as mesmas dificuldades. “Aqui no Coroadinho, a situação é de pobreza. Muitas dessas meninas não têm condição de comprar absorventes ou realizar as trocas necessárias. Eu já passei por isso também, pois cresci aqui, e sei como muitas vezes é vergonhoso falar disso. Como causa insegurança vir para escola usando apenas um pedaço de papel em vez de um absorvente adequado. Então isso é uma conquista para a gente”, conta a professora.
Assim como Keila, Maria Luiza, gestora do Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, também celebra a chegada dos absorventes como uma forma de garantir a educação das meninas.

“A menstruação é algo normal e precisamos tratar isso como tal. Ter banheiros adequados e promover condições para que essas jovens possam continuar nas aulas, de forma segura e saudável. Nós já distribuímos por conta própria absorventes, mas através de doações do corpo docente, e agora poderemos ajudar muitas mais alunas com essa medida”, ressaltou.

No total, a medida visa alcançar aproximadamente 163 mil meninas matriculadas em escolas da rede pública estadual, nos 217 municípios maranhenses. Serão distribuídos oito absorventes higiênicos por mês para cada estudante, totalizando 1,3 milhão de itens distribuídos mensalmente, por um período de 12 meses.

Pobreza menstrual
Pobreza menstrual, de acordo com a Unicef, é a situação vivenciada por meninas e mulheres devido à falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação.

Segundo especialistas, muitas pessoas em situação de pobreza menstrual não conseguem realizar de três a seis trocas diárias de absorventes, conforme a indicação de ginecologistas, permanecendo com o mesmo absorvente por muitas horas. Com um ciclo menstrual com duração de cinco dias a uma semana, uma menina pode gastar de R$ 10 a R$ 15 por mês apenas com absorventes.

SAIBA MAIS

Lei vetada

Neste ano ainda foi criado na Câmara um o projeto de lei, criando o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, que previa que os itens básicos de higiene deveriam ser distribuídos para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema. Deveriam ser beneficiadas:

  • Estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino;
  • Pessoas em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema;
  • Pessoas apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal; e
  • Pessoas internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa.
Contudo, no último dia sete de agosto, o presidente Jair Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorvente menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema. A decisão foi publicada no “Diário Oficial da União”, argumentando que o texto do projeto não estabeleceu fonte de custeio.

No Maranhão

No último dia 10 de outubro o Governo do Maranhão anunciou a redução da tributação do ICMS de 18% para 12% na comercialização de absorventes femininos de forma a incentivar a redução dos custos, com reflexo nos preços na venda destes produtos em todo o estado.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.