Lançamento

Memórias por trás de um portão amarelo

Obra é organizada pelo professor, escritor, dramaturgo e cineasta Inaldo Lisboa, que reúne memórias do Colégio Agrícola, Escola Agrotécnica de São Luiz (com Z) e do atual IFMA - Campus São Luís Maracanã

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Inaldo Lisboa com o livro
Inaldo Lisboa com o livro (Inaldo)

São Luís- “Por detrás do portão amarelo, entre as sombras das amendoeiras, está o paraíso mais belo, que eu queria ter a vida inteira”. O portão a que se refere esse trecho do hino oficial da então Escola Agrotécnica de São Luiz (grafada com z mesmo), escrito e musicado pelo ex-aluno Flaviomar da Conceição Viana, dá acesso a mais de 74 anos de histórias da instituição que hoje atende pelo nome de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) – Campus São Luís Maracanã. Memórias dessas vivências foram reunidas no livro “Por trás de um portão amarelo”, que foi lançado ontem, no Espaço Cultural do Campus.

A obra foi organizada pelo professor Inaldo Lisboa, que é escritor, dramaturgo, cineasta e atua na instituição desde 1995. “Além de registrar a memória da instituição, o livro também resgata a história da educação profissional agrícola no Estado do Maranhão, no contexto de tantas lutas e todo o seu processo de interiorização e extensão”, adianta autor, que atualmente dirige o IFMA – Campus Itapecuru Mirim.

Em suas mais de 500 páginas, foram destacadas a evolução pedagógica, administrativa e política, o tratamento de questões ambientais e étnico-raciais, a memória de alunos, a arte quebrando a dureza do tecnicismo, o apelo a uma formação humana e cidadã e as atividades realizadas em prol das populações do campo. Dezenas de fotos também ilustram esse resgate da história de professores, de ex-diretores, de servidores administrativos e de estudantes.

A professora Maria Alice Cadete chegou à instituição em 1979. [Era] um “momento novo, cheio de grandes expectativas por se tratar de ambiente escolar diferente, tanto na sua estrutura física como no fazer pedagógico, uma vez que se tratava de uma escola que oferecia e continua oferecendo educação profissional técnica de nível médio para estudantes oriundos de outros municípios, num percentual bastante significativo, tendo em vista que, naquela época, a maioria dos municípios do Maranhão não oferecia ensino público em nível de ensino médio”, relembra a professora.

Para muitos dos estudantes, morar na escola não era força de expressão. “A escola recebia os alunos para uma adaptação, por um período de quinze dias. Só então, ingressavam definitivamente no curso, em regime de internato e semi-internato. Havia diariamente o Momento Cívico, no chamado “pau da bandeira”. Pela manhã e tarde, havia estudo obrigatório e, à noite, após o jantar. Às vezes, no fim de semana, saía um grupo de alunos para lazer na praia, no ônibus da escola, apelidado de “Sandra Bréa”, conta Erivaldo Plínio Borges, que saiu de Carutapera no final da década de 1970 para estudar e residir da Escola e depois se tornou servidor da instituição.

Mudanças
Nessas sete décadas, os movimentos na organização política do Brasil impactaram diretamente a instituição federal, principalmente em suas gestões. Um capítulo do livro, assinado pelo professor e ex-diretor Vespasiano de Abre da Hora, é dedicado a mostrar essas mudanças, cujas nuances ressaltam os anos de Ditadura Militar, quando os gestores eram definidos por indicações políticas, e a passagem para a democratização, com a realização de consultas internas e, depois, eleições diretas para a Direção Geral, como ocorre até hoje.

Compõem o livro textos dos professores Inaldo Lisboa, Vespasiano de Abreu da Hora, Jandira Pereira Souza, Alice Cadete Lisboa, Vilma Martins Almeida, Antônia Macêdo, Hérliton Nunes, Socorro Botelho, Gilvandro Veras e Valdir Mouzinho. Para a produção do material, a equipe de pesquisadores fez entrevistas, coletou documentos, reuniu fotografias, mapas e gráficos. O livro conta com esses vários olhares.

Sobre o organizador do livro
Inaldo Lisboa é maranhense, nascido em Itapecuru-Mirim, em 1964. Graduou-se em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e em Letras pela Universidade Ceuma. É especialista em Língua Portuguesa, pela Universidade Salgado de Oliveira, e Mestre em Ciências, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atualmente, ele faz doutorado na Universidade Nacional de Rosário (UNR), Argentina.

Entre suas inúmeras obras, destacam-se as peças teatrais e filmes de curta e longa metragem. Publicou o livro de crônicas e contos “Tudo Azul no Planeta Itapecuru”, lançado em 2005, e o livro “Nicéas Drumont: o gavião Vadio”, que ganhou o prêmio Artur Azevedo, no 31º Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, em 2007. Participou da coletânea “Púlcaro Literário”, e organizou, juntamente com Jucey Santana, o livro “João Batista: Um homem itapecuruense e sua múltipla história”. Em 2019, lançou os livros “O último voo das andorinhas” e “Os novos degradados do Éden”. Inaldo é membro fundador da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes (AICLA), sócio da Associação Maranhense dos Escritores Independentes (AMEI) e é associado à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

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