Cinema

Histórias de infância em curta-metragem

Maranhense Necylia Monteiro é autora de "Árvore Mangueira", filme premiado na Jornada Infâncias Plurais, de iniciativa do Itaú Cultural

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Trecho do curta-metragem “Árvore Mangueira”, da maranhense Necylia Monteiro
Trecho do curta-metragem “Árvore Mangueira”, da maranhense Necylia Monteiro (Trecho do curta )

São Luís - Entre os 50 curtas-metragens premiados na Jornada Infâncias Plurais, de iniciativa do Itaú Cultural, está o filme “Árvore Mangueira”, da maranhense Necylia Monteiro, artista de teatro e circo e doutorando em Teatro. Ela integra o Grupo de Pesquisas Teatrais Cena Aberta e o Coletivo O Circo tá na Rua. No curta-metragem, a artista conta a história de uma árvore que ouve os segredos de uma menina cheia de sonhos.

“Nos sonhos, ela voa pela casa e vê uma moça de saia de fogo no lugar da sua árvore preferida”, conta a autora, que se inspirou em sua própria infância para compor o curta-metragem, disponível no portal do Itaú Cultural e no perfil do Portal Lunetas no YouTube. .

“Há uns anos ando percebendo que minha infância é geradora de muitas ideias e recorro a ela sempre que desejo afirmar minha identidade, o lugar de onde vim, as pessoas que me nutriram, os saberes que trago como memória. Escolhi este tema pela proximidade com minhas pesquisas no teatro e na escrita. Há alguns anos recolho fragmentos de histórias e memórias do bairro Liberdade. O vídeo é inspirado, principalmente, nas histórias que minha avó me contava no quintal e nas tardes que eu passava comendo manga do pé”, detalha.

Experimentação - O curta foi feito essencialmente das possibilidades do teatro de sombras e da experimentação da câmera de celular. As silhuetas são feitas em acetato ou mesmo objetos que ela tinha em casa, como livros e jarros de plantas. A luz para projetar a sombra é um flash de celular projetado em um lençol branco. O principal desafio, sem dúvida, foi trabalhar com os recursos possíveis que Necylia dispunha em casa e com pouco pessoal, devido à pandemia de Covid-19. “Eu acabei acumulando muitas funções: dirigi, manipulei as silhuetas e a luz, editei e compus a sonoplastia”, conta.

Para ela, a obra contribui para a discussão de temas sobre a infância. “Minha principal questão enquanto artista e pesquisadora das produções para infância é fazer algo que não subestime a capacidade das crianças em presenciar/sentir uma obra de arte. Acredito que o curta contribui na prática para uma questão de que as narrativas não precisam ser explicativas, professorais ou moralistas”, analisa.

As aflições e incertezas da pandemia de Covid-19 levaram a maranhense a participar do projeto Infâncias Plurais, do Itaú Cultural. “Eu não quis parar meus projetos e estudos. Ao contrário, eles que me mantinham com os olhos no futuro. Então, vi na iniciativa uma oportunidade de conhecer outros horizontes, outras escutas sobre o tema, me manter em movimento e, também, me aproximar da linguagem audiovisual”, revela.

Necylia Monteiro é formada em Teatro Licenciatura pela Universidade Federal do Maranhão e é mestra em Artes da Cena pela UFRJ. Desde 2014, ela pesquisa a produção teatral para infância e juventude, sendo autora dos espetáculos “Aventura do Lobo” (2015), “Cecília e os 40 fantasmas” (2015) e “A Grande Batalha dos Livros” (2013). É coautora do conto “A cor de Deus”, premiado no no Concurso Literário Cidade de São Luís e autora da peça “O rádio”, premiado no concurso internacional “Escenas del Confinamiento”, no ano passado.

O objetivo do projeto “Infâncias Plurais” é proporcionar troca de saberes entre pessoas que trabalham com as culturas da infância, respeitando e valorizando a multiplicidade de fazeres, linguagens e territórios além de democratizar o acesso a conteúdos culturais para crianças e adolescentes de 7 a 14 anos por meio da elaboração de produto cultural em audiovisual com no máximo 120 segundos de duração, adequado para ser veiculado prioritariamente por aplicativos de mensagens e redes sociais

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