Fenômeno

Possibilidade de tsunami atingir São Luís é quase inexistente

Na mais remota das hipóteses, ocorreriam ondas anômalas, aponta oceanógrafo, sobre a possibilidade de um tsunami na costa maranhense; nota do Corpo de Bombeiros também descarta o fenômeno

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Segundo oceanógrafo, as praias da Ilha são adaptáveis a receber volumes maiores de água
Segundo oceanógrafo, as praias da Ilha são adaptáveis a receber volumes maiores de água (Praia)

São Luís - A população de São Luís está receosa e com medo, depois que o vulcão Cumbre Vieja, localizado nas Ilhas Canárias, na Espanha, começou a entrar em erupção, no último domingo (19). É que, segundo análise feita em estudo produzido no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná, a erupção poderia produzir um tsunami que atingiria a costa brasileira, incluindo a capital maranhense. O fato foi replicado exaustivamente nas redes sociais, resultando em centenas de comentários.

No entanto, para o oceanógrafo Leonardo Gonçalves de Lima, doutor em Geologia Marinha e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a possibilidade de São Luís ser atingida por um tsunami em decorrência do vulcão é quase inexistente. Ele diz que, na mais remota das hipóteses, poderia gerar ondas anômalas, ou seja, mais altas do que as habituais.

“Além disso, São Luís é uma região com frequente variação de maré. Ou seja, as nossas praias são adaptáveis a receber volumes maiores de água. Para um tsunami acontecer e nos trazer problemas, ele teria que coincidir com uma maré alta”, disse.

O especialista disse, ainda, que um provável tsunami não causaria problemas nas praias de São Luís, onde não há moradores, mas às margens de rios e estuários, onde habita população ribeirinha.

“Todas as vezes que o Cumbre Vieja ameaçou entrar em erupção, houve essa repercussão na mídia, embora esta tenha sido a primeira vez que ele entra, de fato. No entanto, não há motivo nenhum para preocupação aqui na nossa região”, afirmou.

Nota
No fim de semana, o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão emitiu nota, também descartando qualquer tipo de preocupação quanto à possibilidade do fenômeno. Segundo o comunicado da Defesa Civil Estadual, as possibilidades de um desastre do tipo na costa maranhense “são muito baixas”. “Especialistas da rede Sismográfica Brasileira (RSBR) apontam que as chances disso acontecer são muito baixas. De acordo com o órgão, somente uma atividade vulcânica excepcional poderia provocar um tsunami com a capacidade de atingir o Brasil”, diz a nota.

E completa: “O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) também se manifestou sobre o assunto informando que a atividade vulcânica na região das Canárias é comum e monitorada, sendo pequena a possibilidade de uma eventual erupção do vulcão La Cumbre provocar um tsunami que afete o litoral brasileiro”.
De acordo com a agência Efe, na zona, próxima de Las Manchas, é visível uma enorme coluna de material vulcânico. O local onde se deu a erupção não é habitado, segundo o presidente das Canárias, Ángel Víctor Torres. As autoridades começaram a retirar as pessoas com problemas de mobilidade nas localidades dos municípios de El Paso, Los Llanos de Aridane, Villa de Mazo e Fuencaliente.

A Sociedade Brasileira de Geologia publicou uma nota técnica sobre o risco de um tsunami atingir a costa brasileira em caso de erupção do vulcão Cumbre Vieja. No documento, a instituição reforçou que o risco é real e estudado desde 1999.

SAIBA MAIS

Alerta amarelo

O fenômeno, antes mesmo de ocorrer, levou a emissão de um “alerta amarelo de risco”, o que chegou a provocar, inclusive, o temor da formação de tsunamis que poderiam atingir a costa brasileira, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

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