Artigo

Uma tarde no World Trade Center

Antônio Augusto Ribeiro Brandão *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Ilha de Manhattan, Nova York, junho de 1980. Era o fim da estação do ano marcada pelo frio intenso e o sol começava a esquentar a capital do mundo.

Integrava uma comitiva de executivos do mercado financeiro brasileiro, para participar de um Seminário sobre o mercado de capitais americano, na Universidade de Nova York; naquele dia 12, como parte da programação turística, estávamos na iminência de visitar as Torres Gêmeas do World Trade Center - WTC. Nunca pude imaginar que aquela visita – pelo menos no meu caso - fosse a primeira e a última.

Aqueles dias acrescentavam, num suceder de fatos importantes, eventos ligados às nossas ocupações de então: palestras proferidas por professores e especialistas do mercado, na New York University - NYU; visitas às instituições financeiras Salomon Brothers e Merryl Linch, grandes corretoras de valores; visitas às Bolsas de Valores New York Stock Exchange - NYSE e American Stock Exchange – AMEX.

Lembro-me bem daquele dia, uma quinta-feira. Quando chegamos ao sul da Ilha e ficamos em frente às famosas Torres, somente aí foi possível perceber a sua imponência. Não eram apenas muito altas, mas possuíam uma arquitetura retilínea, de linhas futuristas, como se os profissionais que as projetaram desejassem chegar ao Céu. No ‘hall’ de uma delas (do lado Sul ou Norte) que dava acesso aos seus mais de cem elevadores – que subiam e desciam seus 107 andares a uma velocidade incrível -, diariamente, cruzavam milhares de pessoas, entre turistas e os que trabalhavam no local.

Sempre assessorados, primeiro subimos ao 87º andar onde, através de funcionários, recebemos informações detalhadas sobre o WTC, sua estrutura toda de aço construída de forma a permitir leves oscilações provocadas pela força dos ventos. Informações sobre toneladas de aço consumidas, tempo e custo da construção, operários e técnicos que ajudaram na grande obra.

A programação incluía uma chegada ao 107º andar onde funcionava o famoso restaurante ‘Windows on the World’; fomos até lá e tivemos que esperar, de pé, pois todas as mesas estavam ocupadas. Pensem num imenso salão retangular, todo envidraçado ao nível do chão, sem janelas definidas, com as suas mesas dispostas de forma a permitir uma visão ampla de Manhattan, em qualquer direção.

Ficamos lá em cima até que a noite chegasse e as luzes da grande Metrópole começassem a aparecer, nos quatro pontos cardeais da Ilha. Naquelas alturas, pairava um sentimento de grandeza e de humildade ao mesmo tempo: a capacidade dos homens construtores daquela maravilha da engenharia mundial e a certeza de que outros, no futuro, poderiam repetir o grande feito.

Infelizmente aconteceu - e de forma imprevisível - naquele dia 11 de setembro de 2001, com a televisão mostrando o que aparentava ser um filme de ficção, do mais profundo horror. Inacreditável as Torres afundando sobre si mesmas, com todo aquele aço derretendo sob o calor intenso das chamas!

Para mim, em particular, ficou a lembrança daquele dia feliz, 12 de junho de 1980, uma tarde de quinta-feira, de clima ameno, em Nova York; por esses anos decorridos o espaço do WTC ficou reduzido a apenas dois fachos de luz que apontavam para cima.


* Economista. Membro Honorário da ACL e da ALL, e Membro Fundador da AMCJSP. Associado ao Centro Internacional Celso Furtado. Filiado à IWA e ao Movimento ELOS Literários

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.