Artigo

Bolão de Bessias

Lino Raposo Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

O Comandante-em-chefe das Forças Golpistas de um país ao sul do equador falhou miseravelmente na tentativa de golpear a própria pátria. Para quem foi do Exército, ele mais uma vez demonstrou não ter aprendido coisa alguma de estratégia e tática na Escola Militar. A incompetência dele nesse episódio, certificada pelo Departamento de Incompetências e Maluquices em Geral, começou ao anunciar a data em que iria dar um fim à democracia da terra. Só as emas do Palácio da Planície, lugar de onde fingia despachar o expediente diário, estavam alheias à tentativa dele de tornar-se o Bessias I. Na pressa de executar seus planos, ele se esqueceu de comunicar a elas suas intenções, como fez antes, ao mostrar aos animais uma sedutora caixa de cloroquina e assegura-lhes que ali estava o milagre da cura da covid-19. Milagre? As emas não acreditaram. Mas seus seguidores, como sempre faziam, confiaram nele e botaram fé no remédio revolucionário. Começaram, até, a chamá-lo de Mito.

Mas, imagine você, caro leitor, ainda havia juízes na capital da grande nação. Reuniram-se a fim de deliberar solenemente sobre o destino de Bessias, a essa altura já conhecido como possuidor de longo histórico de atleta de nobre estirpe. Embora nobre, eram muitas as demonstrações de profundo conhecimento do Dicionário do Palavrão, do qual dominava todos os verbetes com seus variados sinônimos. Uma pequena falha, todavia, no seu linguajar, irritava seus seguidores, mesmo não sendo estes conhecidos por serem gente cultora do idioma pátrio. Era a mania de meter no fim de cada frase de seus pronunciamentos a expressão “Isso daí”. “Isso daí tem de acabar, gritava”. “Com meu histórico de atleta, estarei me recuperando (sic) rapidamente da covid-19, caso eu me contamine com o vírus da doença. Isso daí vai acabar”.

Os juízes, sabedores não apenas de seus palavrões e frases sem sentido, mas também de seus crimes, conhecidos de todos os cidadãos, resolveram chamar Napoleão, desculpem, Bessias, às falas. A coisa engrossou. O Comandante então deu aquele grito: “Acabou. De hoje em diante a ousadia do tal SCF, acabou, eu fico. Não estarei acatando (sic) as decisões desse conselho de m*. Se insistirem mandarei prender todos os seus membros. Todos. Ca*, os caras enchem o saco de todo mundo”. Não vão dizer depois que não avisei. Sentido.”

Resultado: tudo piorou. Os motoristas das antigas Kombis resolveram provocar a completa paralisação dos transportes entre os bairros das cidades, em apoio ao chefe máximo e seu grito. Foi decretado a seguir a criação do dia do AEF – Acabou! Eu Fico. Ele foi comemorado durante duas semanas. Depois ninguém mais ligou e a data foi esquecida.

Por fim, chegou o momento do golpe, o dia da independência nacional, adequado à missão sagrada de tirar a pátria das garras dos globalistas, esses traidores. Ocasião digna da libertação do país das mãos dos comunistas, dos corruptos e de todo tipo de desonestos “per omnia seacula, seaculorum”. Mas confrontados com a falta de apoio das polícias de toda a nação e a fuga do governador do Distrito Federal em direção a local incerto e não sabido, Bessias assinou uma carta aos cidadãos pedindo perdão por seus erros e jurando não voltar a pecar. Passada menos de uma semana ele ainda cumpre sua promessa de se comportar bem. Mas já existem apostas sobre quantos tempo irá durar seu juramento. Estou fazendo um bolão a 50 centavos por participante. Inscrições acabam hoje.


* PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

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