Crise

Impeachment de Jair Bolsonaro divide bancada do Maranhão

Tanto membros de oposição, como da base aliada ao presidente chegam a admitir que não há clima para impedimento; apoio popular também pesa

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
(Bolsonaro)

SÃO LUÍS - A possibilidade de um impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ganhou novos contornos após os mais recentes acontecimentos.

Os atos de rua de 7 de setembro, o discurso inflamado do chefe do Executivo federal e, mais recentemente, sua “Declaração à Nação” - intermediada pelo ex-presidente Michel Temer – deixaram ainda mais confuso o cenário política nacional, provocando imprevisibilidade sobre os próximos passos das principais lideranças brasileiras.

Entre os maranhenses, também há divergência sobre o pós-7 de Setembro, notadamente a respeito do tema impeachment, que, aparentemente, perdeu força após as manifestações e o recuo do presidente.

“O cenário ainda está se desenhando, incerto. Há poucas semanas não havia clima para impeachment. Mas com os últimos acontecimentos há uma adesão maior da partidos à ideia. PDT, PT, PSB, Rede, PSOL, Cidadania, PCdoB e Solidariedade já se posicionaram em apoio às manifestações contrárias ao presidente. Agora vamos ver como ficam outros partidos como PSDB e MDB, por exemplo”, destacou o senador Weverton Rocha (PDT), em entrevista a O Estado.

Aliado do senador, e também membro da oposição ao presidente Jair Bolsonaro em Brasília, o deputado federal Juscelino Filho (DEM) tem outro entendimento a respeito do tema. Segundo ele, não é hora de se falar num impedimento do presidente da República pois há outros problemas mais urgentes com que se preocupar.

“Hoje temos problemas gigantescos à espera de solução e que não podem ser enfrentados se por cima de tudo ainda tivermos crise política e institucional. O país não aguenta mais tensão nem conflitos, o povo está cansado de sacrifícios e o ambiente político é muito dinâmico e sensível às ruas. Preenchidas as condições jurídicas e políticas objetivas, aberto e desencadeado o impeachment, o processo é traumático e o custo é elevado”, afirmou.

Para ele, “a hora é de diálogo, serenidade e bom senso de todos para que não se tenha de usar os instrumentos da democracia e da Constituição Federal para apreciar e julgar o presidente da república no Congresso Nacional”.

Apoio - O também senador Roberto Rocha não acredita em processo para retirada de Bolsonaro do poder em virtude do seu apoio popular.

“Dos cinco presidentes eleitos pelo voto popular, dois foram cassados. Falar em cassar o terceiro é uma irresponsabilidade muito grande. Quem dá o poder é o povo. É, também, quem o tira quando cansa. Não conheço nenhum presidente eleito com mais legitimidade popular que Jair Bolsonaro. Não teve coligação, dinheiro, marqueteiro e foi eleito. Talvez por isso seja também o mais atacado pela elite política brasileira. O que me incomoda mais não é o que Bolsonaro fala, é o que o PT fez e faz”, pontuou.

Nada muda - O deputado federal Zé Carlos (PT), por outro lado, acredita que nem mesmo a recente mudança de tom do presidente alterou o panorama.

“Não muda nada. Ele somente foi alertado do gravíssimo erro que cometeu. Ele é useiro e vezeiro em dizer e desdizer, a história dele mostra que ele é um marginal da lei, ele é um agitador, um anarquista, foi afastado do Exército exatamente por isso, e dessa forma continua agindo a vida toda”, ressaltou.

Para ele, há “fatos concretos” que podem embasar um impedimento “Creio que sim [que há clima no Congresso para se discutir o impeachment do presidente Bolsonaro] diante dos fatos concretos de ataque ao artigo 85 da nossa Constituição feito de forma clara pelo presidente Bolsonaro no dia 7 [de setembro], além do que continua mostrando a sua incapacidade para dar soluções aos graves problemas que o país tem, como a pandemia, o desemprego, a inflação, a fome, sequer abordadas em seu discurso. O povo brasileiro não pode esperar mais um ano e meio praticamente sendo governado dessa forma”, completou.

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