Artigo

Afastar ou Interditar?

Lino Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Escrevo bem cedo do dia 7/9/2021, terça-feira, dia e horário da semana quando envio minhas crônicas a este jornal, no momento em que o início das criminosas manifestações comandadas pelo presidente da República mostram as más intenções de seus organizadores. O site do UOL informa que “sem oposição da PM, militantes pró-Bolsonaro tomam Esplanada [dos Ministérios]”.

Diante do noticiário dos últimos dias, não será surpresa que o tenham conseguido, pois a indisciplina das polícias militares de todos os Estados vem sendo abertamente incentivada pelo próprio presidente da República, o selvagem capaz de expressar seus desejos e seus instintos mais primitivos. Vejam suas palavras: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”; “Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil”. Não será capaz de chegar a tanto. Suas palavras apenas revelam seu grau de loucura e de descolamento da realidade. O Brasil não é a represa do Guandu, no Rio de Janeiro, objeto de seu desejo obsessivo de destruição, não apenas de represas, mas de qualquer sinal do caminhar do povo brasileiro rumo ao aperfeiçoamento civilizacional.

Não sei, claro, qual será o resultado da baderna em Brasília e em São Paulo pretendida por esses hooligans da não política. Ninguém sabe nesta hora como estarão as coisas no fim do dia. A fim de começar a entender como chegamos a este ponto é imperativo tomar em consideração o problema mental de Bolsonaro. Suas atitudes são típica de um sociopata de péssima cepa. Começa pela indiferença com a aflição alheia, derivada da falta de empatia com outros seres humanos e vai até a vontade de torturar e fuzilar. Feito ditador, não hesitaria em recriar os DOI-CODIs da ditadura militar, famosos centros de tortura, onde o pau de arara era sentido como um alívio comparado a outras técnicas de tortura então usadas por Brilhante Ustra, famoso torturador homenageado, não faz muito tempo, por Messias Bolsonaro. Vejam a ironia desse nome. Messias!

Perante quadro como esse, parece-me um erro das instituições brasileiras – Judiciário e Legislativo, principalmente – tratarem com ele como se estivessem tratando com uma pessoa normal. Lembram-se do acordo feito por ele com o Judiciário e o Legislativo, com o fim de estabelecer diálogo consistente entre os Poderes? No dia seguinte começou a descumpri-lo. A política, como forma de conciliar interesses divergentes numa sociedade civilizada, não tem sentido em sua mente doentia. Essa a razão de não dar atenção alguma ao dia a dia da política. Nunca articulou a negociação, fundamento do funcionamento da democracia, até terceirizar esse trabalho para o grupo apelidado de Centrão, contra o qual dizia antes: “Se gritar pega ladrão, não fica um do Centrão”. Não conhece nada da administração do próprio governo. Sua preocupação é outra. É unicamente a reeleição e a perseguição a seus críticos.

Agora acossado pelos achados de crimes novos, pela CPI e pelo STF, apela a movimentos de rua potencialmente violentos e financiados, em grande parte, por recursos públicos. No entanto, sua popularidade nunca foi tão baixa como é hoje, mas o culpado de sua derrocada são os ministros do STF, em especial Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, como antes foi Rodrigo Maia, então presidente da Câmara. A culpa não é de suas loucuras. É dos outros.

Está na hora do seu impeachment ou interdição.



* PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

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